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Os planos de Dalvi para a nova 'era unicórnio' do Olist

A startup de e-commerce passou a valer US$ 1,5 bilhão; plano agora é ser o ecossistema número 1 do varejo digital na América Latina, diz Tiago Dalvi, CEO da empresa

Tiago Dalvi, CEO do Olist: depois do US$ 1 bilhão, plano do unicórnio é virar ecossistema para lojistas (Olist/Divulgação)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 15 de dezembro de 2021 às 17h48.

Última atualização em 16 de dezembro de 2021 às 06h50.

Sete anos se passaram desde que o Olist nasceu para ajudar pequenos negócios a prosperar no digital. De lá para cá, muito coisa mudou, mas uma tese se comprovou: investir na expansão em larga escala do varejo digital foi uma tacada certa. A prova disso está no feito alcançado pela empresa curitibana nesta quarta-feira, 15. A startup levantou 1 bilhão de reais em uma rodada de captação série E e se tornou o mais novo unicórnio do Brasil .

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Conquistar o título, porém, não foi de fato uma surpresa para o Olist. Há pelo menos um ano o nome da empresa criada por Tiago Dalvi já figurava em listas de potenciais novas bilionárias em 2021. Agora, aos 45 do segundo tempo, chegar ao valuation bilionário de mercado foi possível graças a um cheque do fundo de private equity americano Wellington Management e dos fundos SoftBank, Goldman Sachs, Globo Ventures e Valor Capital Group. Essa foi a primeira vez que o líder da rodada decidiu investir em uma empresa privada da América Latina.

E, por falar em surpresa, a rodada de 1 bilhão de reais também não foi novidade para a empresa. "Chama a atenção, sim. Mas essa captação está dentro do que esperávamos, em valor e em prazo, mesmo que no topo da faixa da nossa expectativa", disse Dalvi. "Mantemos o pragmatismo. Não esperamos valuations inalcançáveis e o que entregamos aos investidores é algo bem pé no chão". Agora o Olist vale 1,5 bilhão de dólares.

Por trás da nova rodada e do ânimo dos investidores está um ecossistema pujante de e-commerce do Brasil e o protagonismo do Olist nesse cenário. Em um ano, a empresa triplicou de tamanho e também chegou a uma base de clientes de 45.000 lojistas (a empresa não divulga números de faturamento). Agora, o desejo de Dalvi é tornar o Olist o maior e mais completo ecossistema do varejo digital do país.

O empreendedor não tem medido esforços para chegar a isso. Para fazer a grande engrenagem do Olist rodar já foram, nos últimos dois anos, quatro aquisições, promessas de grandes investimentos em logística própria — o que inclui um centro de distribuição prestes a ser inaugurado — , e a chegada a terras gringas. Em 2022, o Olist desembarcará no México, o segundo mercado latino mais promissor quando o assunto é e-commerce.

Em entrevista à EXAME, o CEO do mais novo e décimo unicórnio de 2021 falou sobre os planos do Olist daqui para a frente, da ambição dos fundos e sobre o cenário de investimentos de risco nas startups brasileiras. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Essa é a primeira vez que o Wellington Management entra em um aporte do Olist e, coincidentemente, já foi como líder da rodada que tornou a empresa um unicórnio. Como você explica esse interesse repentino e como funcionou esse contato?

Eles nos encontraram e, logo de cara, já se identificaram com a nossa proposta. Nossa ideia é sempre manter diálogo aberto com múltiplos fundos, e ter o Wellington nessa rodada foi uma surpresa muito positiva. As conversas começaram há apenas três meses, quando iniciamos as discussões sobre a rodada.

Alguns fundos se apoiam no crescimento acelerado de empresas para também encurtar o tempo entre as rodadas e ter retornos mais rápidos. Esse foi o caso com o Olist, que já tinha tido uma série D em 2021?

Sem dúvida o investimento é um catalisador de crescimento. Se entendemos que ainda existem oportunidades que não exploramos para que Olist consiga entregar ainda mais crescimento, nós vamos atrás. Foi assim com essa rodada e com todas as outras. Olhamos para tudo que queremos trazer, de logística, aos marketplaces, e à ida para fora do Brasil foi um gatilho para esse capital agora.

O que é possível esperar para o novo momento "unicórnio" do Olist, em relação ao apetite para fusões e aquisições? Com mais capital, mais empresas entram para a conta?

Nossa tese se mantém. Vamos buscar toda e qualquer empresa que nos ajude a criar o principal ecossistema de e-commerce do país. Não estamos longe disso. O que temos é um plano que olha para as dores dos lojistas e a total compreensão de que os M&As servem para acelerar a solução dessas dores em mercados que são muito competitivos. Continuamos com uma meta agressiva nessa frente.

Qual o perfil dessas empresas buscadas pelo Olist?

Temos algumas diretrizes. Mas os elementos principais são logística, serviços financeiros e aplicações para e-commerce. É o que faz sentido para nós, como unicórnio ou não.

Além da compra de outras empresas, quais são as estratégias do Olist para realmente estar na dianteira dessa nova fronteira do e-commerce no país?

Pensando na dor de um lojista que ainda é muito dependente das lojas físicas e de algumas ferramentas muito escassas no mercado, temos um leque imenso de oportunidades. A primeira é a gestão financeira do negócio, do contábil ao famoso "contas a pagar e receber" e capital de giro para fazer o negócio rodar. Para um negócio de bairro isso é complexo, e por isso a frente financeira é uma grande ambição para o futuro do Olist.

A estratégia do Olist daqui para a frente então é ser um ecossistema. O que isso significa e como chegar lá?

Significa que pela primeira vez temos um sistema operacional completo para lojistas, com tudo que ele pode eventualmente precisar, seja com soluções nossas ou de empresas externas — nossos parceiros. A nossa fase agora é fazer esse ecossistema não "estar" no Olist, mas "ser" o Olist. E além da convicção e da confiança de investidores e recursos, agora temos uma tese que realmente se adequa aos lojistas do Brasil.

E por falar em Brasil, como estão os planos de internacionalização? Foram acelerados com o novo cheque?

Em 2022 chegaremos ao México, nossa porta de entrada para novos mercados da América Latina. Isso não muda, mas esperamos poder acelerar essa internacionalização ainda mais. Já temos times por lá e um empreendedor responsável por fazer essa operação regional rodar.

A crença dos investidores no potencial do México também existe?

Sim. Todos eles.

O Olist agora virou mais um exemplo do interesse de fundos internacionais por startups brasileiras. O que esperar para outras empresas nesse caminho pré-unicórnio, e o que vem depois do bilhão?

O ecossistema brasileiro só vai se fortalecer. Acredito que veremos mais aportes em empresas mais maduras, mas também em companhias que estão só começando, afinal, a roda não gira se olharem apenas para um lado. Estamos vivendo uma época fantástica para empreender, se for capaz de entregar o que promete. Estamos mais maduros.

Depois do bilhão a nossa tese para o futuro é: reforçar nossas parcerias atuais, investir ainda mais pesado na logística própria, em canais que estão começando o Brasil agora e injetar nossos serviços financeiros para facilitar ainda mais a vida dos vendedores. As aquisições vão acelerar nosso caminho rumo a tudo isso e a internacionalização nos ajuda a levar tudo isso para fora.

 

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