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Pequena empresa fatura com asfalto ecológico

Empresário desenvolve processo para aproveitar rejeito de mineração

Piso criado por Flávio é moldado com uma mistura de cimento e rejeito de minério de ferro sedimentado, retirado do leito do córrego Alegria (ASN/Rafael Aguilar Magalhães)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2012 às 10h43.

Brasília - O rompimento de uma barragem em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), levou o jornalista Flávio Passos, de 60 anos, a pendurar o diploma e a investir em uma solução para o desastre ambiental que assoreou o córrego Alegria, um dos principais cursos d’ água locais. Flávio conta que o ano de 1969 marcou o primeiro grande rompimento de uma das barragens das mineradoras que exploram o minério de ferro na área. Em 2001, outro acidente. Nos dois casos, morte de operários e graves impactos ambientais.

Apesar de não serem tóxicos, os rejeitos alteraram os parâmetros químicos, físicos e biológicos da água. A paisagem ao redor do córrego Alegria mudou. Não existem mais a mata nativa, o frescor dos espelhos d’água, nem a riqueza de peixes. As árvores, os lagos, os poços, as nascentes e as cachoeiras, no entanto, ainda estão na memória do empresário. “Sei que nunca mais será como antes, mas a retirada desses rejeitos é um passo importante e cada um tem de fazer a sua parte”, enfatiza o ex-jornalista.

O piso para pavimentação criado por Flávio para resolver a questão ambiental é moldado com uma mistura de cimento e rejeito de minério de ferro sedimentado, retirado do leito do córrego por escavadeiras. O produto foi batizado de Pavieco. Patenteado, pode ser usado em ruas, calçadas e praças.

“Meu orgulho é ver meu piso no chão de alguns estabelecimentos do município”, comemora o empresário. A iniciativa rendeu duas premiações à empresa Bacia Viva. O de maior destaque foi o Prêmio Sebrae em Minas de Práticas Sustentáveis, conquistado em novembro de 2011. “O Pavieco foi a solução mais simples que encontrei para recuperar o córrego que marcou a minha infância. Ele transforma passivos minerais em ativos ambientais”, destaca.

O ano de 2011 foi amargo para a empresa de Flávio. Os prejuízos quase colocaram tudo a perder. Com oito funcionários, ele não conseguia fechar as contas ao fim do mês. Não havia controle de fluxo de caixa e as retiradas eram irregulares. Havia mês que Flávio retirava R$ 70 mil do caixa. Noutro, o saque era de R$ 40 mil. Quando as máquinas quebravam, não havia como trabalhar. A produção média mensal era de 1,5 mil metros de pavimento ecológico.


“Não basta apenas ter uma ideia genial, sem a gestão eficiente da empresa. A consultoria do Sebrae que ganhei como prêmio foi fundamental para a busca da minha sustentabilidade financeira”, ressalta. Há dois meses, Flávio prepara uma guinada na Bacia Viva. Descobriu, na consultoria, que a empresa tem capacidade para produzir nove mil metros de pavimento ecológico por mês. Ele também resolveu investir em eficiência e substituirá as máquinas velhas por novas, com tecnologia de ponta. O investimento ultrapassa R$ 1,5 milhão nessa nova fase empresarial. “Estou reorganizando a empresa”, assinala. A expectativa é, em 2012, R$ 315 mil por mês.

Diferencial

As vantagens do pavimento construído com rejeitos da exploração do minério de ferro são várias. As ambientais estão relacionadas à melhor capacidade de drenagem, ao conforto térmico, à revitalização de cursos d’água, gestão de resíduos e a reutilização e reciclagem. Custo, durabilidade, resistência, facilidade de instalação e de manutenção são as qualidades econômicas. Entre as sociais, o destaque fica com o conforto de rolamento para cadeirantes, a geração de emprego e renda e a superfície antiderrapante, que diminui o risco de acidentes.

Rio+20

Há 40 anos, o Sebrae promove a competitividade e o desenvolvimento sustentável da micro e pequena empresa. Sustentabilidade é empreendedorismo, eficiência, inovação, gestão, lucro e responsabilidade social e ambiental. Por isso, a instituição é parceira oficial da Rio+20.

O Sebrae é uma agência de fomento e assistência técnica aos pequenos negócios, que correspondem a 99,1% das empresas brasileiras, mais de 2,4 milhões de Empreendedores Individuais (EI) e 4,4 milhões de agricultores familiares. Isso corresponde a mais de 37 milhões de pessoas comprometidas com o empreendedorismo no país.

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Apesar de não serem tóxicos, os rejeitos alteraram os parâmetros químicos, físicos e biológicos da água. A paisagem ao redor do córrego Alegria mudou. Não existem mais a mata nativa, o frescor dos espelhos d’água, nem a riqueza de peixes. As árvores, os lagos, os poços, as nascentes e as cachoeiras, no entanto, ainda estão na memória do empresário. “Sei que nunca mais será como antes, mas a retirada desses rejeitos é um passo importante e cada um tem de fazer a sua parte”, enfatiza o ex-jornalista.

O piso para pavimentação criado por Flávio para resolver a questão ambiental é moldado com uma mistura de cimento e rejeito de minério de ferro sedimentado, retirado do leito do córrego por escavadeiras. O produto foi batizado de Pavieco. Patenteado, pode ser usado em ruas, calçadas e praças.

“Meu orgulho é ver meu piso no chão de alguns estabelecimentos do município”, comemora o empresário. A iniciativa rendeu duas premiações à empresa Bacia Viva. O de maior destaque foi o Prêmio Sebrae em Minas de Práticas Sustentáveis, conquistado em novembro de 2011. “O Pavieco foi a solução mais simples que encontrei para recuperar o córrego que marcou a minha infância. Ele transforma passivos minerais em ativos ambientais”, destaca.

O ano de 2011 foi amargo para a empresa de Flávio. Os prejuízos quase colocaram tudo a perder. Com oito funcionários, ele não conseguia fechar as contas ao fim do mês. Não havia controle de fluxo de caixa e as retiradas eram irregulares. Havia mês que Flávio retirava R$ 70 mil do caixa. Noutro, o saque era de R$ 40 mil. Quando as máquinas quebravam, não havia como trabalhar. A produção média mensal era de 1,5 mil metros de pavimento ecológico.


“Não basta apenas ter uma ideia genial, sem a gestão eficiente da empresa. A consultoria do Sebrae que ganhei como prêmio foi fundamental para a busca da minha sustentabilidade financeira”, ressalta. Há dois meses, Flávio prepara uma guinada na Bacia Viva. Descobriu, na consultoria, que a empresa tem capacidade para produzir nove mil metros de pavimento ecológico por mês. Ele também resolveu investir em eficiência e substituirá as máquinas velhas por novas, com tecnologia de ponta. O investimento ultrapassa R$ 1,5 milhão nessa nova fase empresarial. “Estou reorganizando a empresa”, assinala. A expectativa é, em 2012, R$ 315 mil por mês.

Diferencial

As vantagens do pavimento construído com rejeitos da exploração do minério de ferro são várias. As ambientais estão relacionadas à melhor capacidade de drenagem, ao conforto térmico, à revitalização de cursos d’água, gestão de resíduos e a reutilização e reciclagem. Custo, durabilidade, resistência, facilidade de instalação e de manutenção são as qualidades econômicas. Entre as sociais, o destaque fica com o conforto de rolamento para cadeirantes, a geração de emprego e renda e a superfície antiderrapante, que diminui o risco de acidentes.

Rio+20

Há 40 anos, o Sebrae promove a competitividade e o desenvolvimento sustentável da micro e pequena empresa. Sustentabilidade é empreendedorismo, eficiência, inovação, gestão, lucro e responsabilidade social e ambiental. Por isso, a instituição é parceira oficial da Rio+20.

O Sebrae é uma agência de fomento e assistência técnica aos pequenos negócios, que correspondem a 99,1% das empresas brasileiras, mais de 2,4 milhões de Empreendedores Individuais (EI) e 4,4 milhões de agricultores familiares. Isso corresponde a mais de 37 milhões de pessoas comprometidas com o empreendedorismo no país.

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