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Os três principais riscos de empreender - e como superá-los

Especialista explica o que é preciso colocar na ponta do lápis antes de abrir o próprio negócio

Empreendedorismo real: entenda os riscos de abrir o próprio negócio e como gerir uma PME da melhor foma (MoMo Productions/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2021 às 14h30.

Por Paula Bazzo, planejadora financeira

Anos atrás, antes mesmo de eu direcionar minha carreira para o planejamento financeiro, uma grande amiga minha chegou até mim, cabisbaixa e um tanto envergonhada, dizendo que depois de quatro anos dedicando-se ao empreendedorismo aceitou uma oferta de trabalho. Na voz dela era nítido o tom de tristeza, existia uma associação de que aceitando um trabalho formal, ela estaria fracassando em tudo o que se dedicou.

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A realidade dessa minha amiga não é só dela: há alguns anos o Sebrae acompanha a taxa de mortalidade de pequenas empresas no nosso país. A pesquisa “Sobrevivência das Empresas” divulgada em junho de 2021 relatou que 3 a cada 10 pequenos negócios fecham antes de completar 5 anos. Estudos anteriores já mostraram que os principais motivos que levam a este fechamento é a falta de planejamento, o desconhecimento de aspectos de gestão empresarial e o comportamento empreendedor.

O empreendedorismo entra na vida dos brasileiros principalmente por dois motivos: a percepção de uma oportunidade/desejo (69%), ou por falta de alternativa de ocupação e renda (31%). No imaginário, é comum vermos pessoas querendo empreender em busca de um sentimento de liberdade, flexibilidade de horários, de trabalhar sem um chefe, de ampliar a possibilidade de renda. Todas essas fantasias, podem, sim, se transformar em realidade. De fato, das empresas que permanecem vivas após o quinto ano, 90% dos empreendedores são satisfeitos com a opção de empreender, principalmente pela liberdade e pelo retorno financeiro.

Como você já pôde perceber, existe um caminho árduo e riscos reais até que um negócio ganhe corpo e consiga proporcionar a qualidade de vida desejada. Dentre as várias possíveis abordagens, vou focar em aspectos financeiros.

Como premissa, precisamos entender que empreender é uma das formas mais arriscadas de investir. Refiro-me a investir, pois quando se está investindo, significa que se identifica que aquele dinheiro e energia de trabalho retornarão através de ganhos maiores do que outros caminhos. Por isso, é preciso refletir sobre os riscos, mas não os confundir com apostas. Ao avaliar riscos você pondera, ao apostar você torce.

Um dos primeiros riscos é a fonte de onde extrair o dinheiro para essa empreitada: 88% da origem dos recursos para abrir um pequeno negócio no Brasil provém de economias próprias ou da família. Ao fechar as portas de forma precoce, os empreendedores relatam a perda de no mínimo 50% do que foi investido. Ou seja, aqui está um risco de patrimônio. Para minimizá-lo, é muito importante não tratar os conhecimentos de gestão e finanças com superficialidade. Se você está entrando de cabeça, entre com responsabilidade.

Outro desafio está presente especialmente no primeiro ano, fase em que as maiores dificuldades dos empreendedores são formar a carteira de clientes e lidar com falta de capital e/ou lucro. Parte dessa impossibilidade de verificação de lucros se dá porque 39% dos empreendedores, ao abrir um negócio, não sabem sequer o capital de giro necessário para mantê-lo funcionando. Muitos não conhecem seu mercado e seus concorrentes. Além disso, mesmo que você seja incrível naquilo que você executa e que tenha uma solução ótima para a vida das pessoas, é ilusão achar que os clientes chegarão ao seu negócio em um passe de mágica. É necessário, sim, direcionar recursos para captação de clientes e qualidade de atendimento.

Por fim, mas sem a pretensão de esgotar o assunto aqui, há o risco de acomodação em se dedicar às partes mais “fáceis” do negócio. Para algumas pessoas essa parte pode ser o atendimento, para outras a operação. Mas como empreendedor é necessário dar o devido peso a cada uma das áreas da pequena empresa, isso inclui fazer uma boa gestão do seu fluxo de caixa, estar atento a aspectos jurídicos e ter muita responsabilidade com o fiscal. Não há necessidade de virar especialista em todas essas atividades, mas é preciso ter uma boa noção sobre cada uma delas e delegar quando você compreende que, como empreendedor, você traz mais resultados direcionando sua energia em outras áreas.

Quanto à minha amiga, ela descobriu neste processo um valor muito importante na sua vida: a estabilidade. Iniciar uma empresa própria costuma demandar mais tempo para essa estabilidade ser conquistada. E, se por um lado, dentro dela existia o “bichinho do empreendedorismo”, por outro, optando por retornar ao mercado tradicional de trabalho ela conseguiu conciliar esta vontade de realização criativa atuando em um emprego que demanda características empreendedoras e que, ao mesmo tempo, confere a tranquilidade financeira e emocional que ela não conquistou como empreendedora.

Independente de qual for a conclusão que você chega sobre seu caminho, se empreender ou atuar de outras formas, o maior risco que existe é o da paralisia. Deixar de viver a história que você pode construir para si. Então, pondere os riscos, mas empreenda a sua vida!

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