Para a Music2, tudo começou com a Vevo
Fatima Pissarra e Ricardo Marques trouxeram para o Brasil uma tecnologia de transmissão de vídeos online — a partir daí, criaram um negócio que faturou 15 milhões de reais em 2013 com a produção de vídeos e eventos
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2014 às 13h26.
São Paulo - Sucesso nos palcos e nas ondas do rádio, os integrantes da banda pop mineira Jota Quest viraram os queridinhos do mercado publicitário. No ano passado, a Volkswagen promoveu o lançamento de um de seus carros ao som da banda.
Os músicos também estrelaram campanhas da operadora de TV por assinatura SKY, totalizando quase 30.000 aparições em comerciais em 2013, de acordo com o instituto Controle da Concorrência, que monitora o mercado de mídia.
Recentemente, o Jota Quest foi chamado pelo Itaú para tocar num show de relacionamento para clientes do banco. O evento foi transmitido ao vivo pela internet para 17 países. Quem assistiu de casa teve a oportunidade de participar a distância pedindo músicas e enviando mensagens para a banda.
Em comum, essas ações envolveram o trabalho de uma novata no mercado brasileiro de música — a Music2, fundada em 2012 pela jornalista Fatima Pissarra e pelo publicitário Ricardo Marques. No ano passado, o negócio faturou em torno de 15 milhões de reais — e a expectativa dos sócios é crescer 40% em 2014.
A Music2 nasceu para representar no Brasil uma tecnologia americana para transmissão online de videoclipes chamada Vevo, iniciativa de três grandes gravadoras — Universal, Sony e EMI. A intenção era combater a pirataria de músicas na internet e permitir que o conteúdo sob concessão dessas empresas pudesse ser hospedado no YouTube , fazendo com que este último pagasse por isso.
"Hoje, a Vevo opera em 13 países e é gestora dos canais oficiais dos mais importantes artistas do planeta em todas as plataformas de vídeo digital, como YouTube e Facebook", afirma Fatima. Entre os artistas agenciados estão fenômenos de bilheteria como Beyoncé, Lady Gaga, Maroon 5 e David Guetta.
As receitas da Vevo vêm sobretudo de anúncios que podem ser veiculados nos 75.000 videoclipes de seu catálogo, acessados de graça na internet. Em seu portal é possível acompanhar também transmissões de shows e programas de música — Absolut, Unilever e Magazine Luiza já pagaram para aparecer nesses espaços.
A oportunidade de representar a Vevo no Brasil surgiu quando Fatima era responsável por parcerias de conteúdo na fabricante de celulares Nokia. "Um de meus chefes americanos foi trabalhar com vendas na Vevo me propôs abrir uma representação comercial no país", diz Fatima. “Decidi largar o emprego e aceitar o desafio".
Quando procurava um investidor para estruturar a operação, Fatima conheceu o atual sócio, Ricardo Marques. "Buscava oportunidades no setor de mídia para investir", diz Marques, cofundador da Elemídia, empresa de mídia out of home (que exibe propagandas em monitores dentro de elevadores em prédios comerciais) vendida em 2012 para o Grupo Abril, que publica Exame PME.
Atualmente, Fatima está à frente do departamento comercial, enquanto Marques cuida da prospecção de novos negócios. Recentemente, a Music2 começou a crescer mais rápido quando diversifcou suas receitas. Ao intermediar os negócios da Vevo, surgiram ideias para ampliar a atuação da empresa.
Uma das novas atividades é a organização de eventos musicais. Entre os clientes já conquistados estão a casa de shows paulista Villa Mix e o Camarote Salvador, que funciona durante o Carnaval baiano. "Somos responsáveis por tudo: da captação de patrocínios à contratação dos artistas", diz Fatima.
Outro novo serviço da Music2 é a produção de vídeos sob demanda, adaptados para a transmissão online em alta defnição. A empresa já produziu clipes para o grupo Jota Quest e para a cantora sertaneja Paula Fernandes. "Achamos mais interessante criar nossa produtora do que contratar outra empresa para cada vídeo que precisássemos fazer", afrma Marques. "Assim, temos o controle dos custos e da qualidade."
A Music2 também montou nos últimos meses uma integradora, que faz a intermediação entre artistas e empresas de mídia — incluindo a própria Vevo. Agências e outras empresas contratam o serviço para conseguir a liberação de músicas a ser usadas em campanhas publicitárias e eventos.
"Uma única música pode exigir acordos com duas, três e até mais editoras diferentes, isso sem falar dos artistas que não têm gravadora", diz Fatima. Os sócios acreditam que a integradora é uma das unidades de serviço com maior potencial para crescer nos próximos anos.
"Estamos fazendo um amplo trabalho de pesquisa para identificar e catalogar bandas e músicos regionais que não são representados oficialmente na internet", aifrma Marques. "Há muitos artistas independentes que geram audiência para o YouTube e não são remunerados por isso. Queremos ensiná-los a usar a rede para alcançar um público mais amplo."
Em alguns casos, os artistas nem sequer precisam ter discos gravados para ganhar a fama. Exemplos bem-sucedidos estão por todo o mundo. O comediante sul-coreano Psy emplacou seu hit Gangnam Style como a terceira música mais vendida na internet em 2012, depois de fazer barulho no YouTube.
A música online é um dos melhores exemplos da teoria da "cauda longa", segundo a qual a internet permite a oferta de produtos com baixo volume de vendas individuais, mas que podem, em conjunto, movimentar mais dinheiro do que grandes hits isoladamente.
"Na internet, ninguém é obrigado a comprar um CD com 5 faixas por causa de três ou quatro músicas”, diz Marques. “Isso abre novas oportunidades de negócios."
No Brasil, o mercado de música em formato eletrônico movimentou 111,4 milhões de reais em 2012, 80% mais do que no ano anterior. Os maiores responsáveis por esse crescimento foram justamente os serviços de transmissão de videoclipes bancados por anúncios, como a Vevo. "Estamos estudando trazer ao Brasil outras tecnologias complementares à Vevo", diz Fatima.
Em breve, a Music2 deverá oficializar ao mercado um serviço de video seeding (já em testes com grandes empresas). São chamadas assim as campanhas em vídeo que usam marketing viral para se espalhar na internet. “A primeira etapa é distribuir o vídeo em plataformas sociais, como YouTube, Vimeo e DailyMotion. Depois, promovê-lo entre blogueiros e usuários infuentes", afirma Marques.
Por enquanto, a diversificação dos negócios da Music2 está funcionando. Hoje, 70% do faturamento vem da Vevo. Quando a empresa foi aberta, a dependência era total. "Não queremos fcar reféns de uma única fonte de receitas", afirma Fatima. "Nos próximos anos, a Vevo deverá representar apenas uma pequena parte de nossas atividades."
São Paulo - Sucesso nos palcos e nas ondas do rádio, os integrantes da banda pop mineira Jota Quest viraram os queridinhos do mercado publicitário. No ano passado, a Volkswagen promoveu o lançamento de um de seus carros ao som da banda.
Os músicos também estrelaram campanhas da operadora de TV por assinatura SKY, totalizando quase 30.000 aparições em comerciais em 2013, de acordo com o instituto Controle da Concorrência, que monitora o mercado de mídia.
Recentemente, o Jota Quest foi chamado pelo Itaú para tocar num show de relacionamento para clientes do banco. O evento foi transmitido ao vivo pela internet para 17 países. Quem assistiu de casa teve a oportunidade de participar a distância pedindo músicas e enviando mensagens para a banda.
Em comum, essas ações envolveram o trabalho de uma novata no mercado brasileiro de música — a Music2, fundada em 2012 pela jornalista Fatima Pissarra e pelo publicitário Ricardo Marques. No ano passado, o negócio faturou em torno de 15 milhões de reais — e a expectativa dos sócios é crescer 40% em 2014.
A Music2 nasceu para representar no Brasil uma tecnologia americana para transmissão online de videoclipes chamada Vevo, iniciativa de três grandes gravadoras — Universal, Sony e EMI. A intenção era combater a pirataria de músicas na internet e permitir que o conteúdo sob concessão dessas empresas pudesse ser hospedado no YouTube , fazendo com que este último pagasse por isso.
"Hoje, a Vevo opera em 13 países e é gestora dos canais oficiais dos mais importantes artistas do planeta em todas as plataformas de vídeo digital, como YouTube e Facebook", afirma Fatima. Entre os artistas agenciados estão fenômenos de bilheteria como Beyoncé, Lady Gaga, Maroon 5 e David Guetta.
As receitas da Vevo vêm sobretudo de anúncios que podem ser veiculados nos 75.000 videoclipes de seu catálogo, acessados de graça na internet. Em seu portal é possível acompanhar também transmissões de shows e programas de música — Absolut, Unilever e Magazine Luiza já pagaram para aparecer nesses espaços.
A oportunidade de representar a Vevo no Brasil surgiu quando Fatima era responsável por parcerias de conteúdo na fabricante de celulares Nokia. "Um de meus chefes americanos foi trabalhar com vendas na Vevo me propôs abrir uma representação comercial no país", diz Fatima. “Decidi largar o emprego e aceitar o desafio".
Quando procurava um investidor para estruturar a operação, Fatima conheceu o atual sócio, Ricardo Marques. "Buscava oportunidades no setor de mídia para investir", diz Marques, cofundador da Elemídia, empresa de mídia out of home (que exibe propagandas em monitores dentro de elevadores em prédios comerciais) vendida em 2012 para o Grupo Abril, que publica Exame PME.
Atualmente, Fatima está à frente do departamento comercial, enquanto Marques cuida da prospecção de novos negócios. Recentemente, a Music2 começou a crescer mais rápido quando diversifcou suas receitas. Ao intermediar os negócios da Vevo, surgiram ideias para ampliar a atuação da empresa.
Uma das novas atividades é a organização de eventos musicais. Entre os clientes já conquistados estão a casa de shows paulista Villa Mix e o Camarote Salvador, que funciona durante o Carnaval baiano. "Somos responsáveis por tudo: da captação de patrocínios à contratação dos artistas", diz Fatima.
Outro novo serviço da Music2 é a produção de vídeos sob demanda, adaptados para a transmissão online em alta defnição. A empresa já produziu clipes para o grupo Jota Quest e para a cantora sertaneja Paula Fernandes. "Achamos mais interessante criar nossa produtora do que contratar outra empresa para cada vídeo que precisássemos fazer", afrma Marques. "Assim, temos o controle dos custos e da qualidade."
A Music2 também montou nos últimos meses uma integradora, que faz a intermediação entre artistas e empresas de mídia — incluindo a própria Vevo. Agências e outras empresas contratam o serviço para conseguir a liberação de músicas a ser usadas em campanhas publicitárias e eventos.
"Uma única música pode exigir acordos com duas, três e até mais editoras diferentes, isso sem falar dos artistas que não têm gravadora", diz Fatima. Os sócios acreditam que a integradora é uma das unidades de serviço com maior potencial para crescer nos próximos anos.
"Estamos fazendo um amplo trabalho de pesquisa para identificar e catalogar bandas e músicos regionais que não são representados oficialmente na internet", aifrma Marques. "Há muitos artistas independentes que geram audiência para o YouTube e não são remunerados por isso. Queremos ensiná-los a usar a rede para alcançar um público mais amplo."
Em alguns casos, os artistas nem sequer precisam ter discos gravados para ganhar a fama. Exemplos bem-sucedidos estão por todo o mundo. O comediante sul-coreano Psy emplacou seu hit Gangnam Style como a terceira música mais vendida na internet em 2012, depois de fazer barulho no YouTube.
A música online é um dos melhores exemplos da teoria da "cauda longa", segundo a qual a internet permite a oferta de produtos com baixo volume de vendas individuais, mas que podem, em conjunto, movimentar mais dinheiro do que grandes hits isoladamente.
"Na internet, ninguém é obrigado a comprar um CD com 5 faixas por causa de três ou quatro músicas”, diz Marques. “Isso abre novas oportunidades de negócios."
No Brasil, o mercado de música em formato eletrônico movimentou 111,4 milhões de reais em 2012, 80% mais do que no ano anterior. Os maiores responsáveis por esse crescimento foram justamente os serviços de transmissão de videoclipes bancados por anúncios, como a Vevo. "Estamos estudando trazer ao Brasil outras tecnologias complementares à Vevo", diz Fatima.
Em breve, a Music2 deverá oficializar ao mercado um serviço de video seeding (já em testes com grandes empresas). São chamadas assim as campanhas em vídeo que usam marketing viral para se espalhar na internet. “A primeira etapa é distribuir o vídeo em plataformas sociais, como YouTube, Vimeo e DailyMotion. Depois, promovê-lo entre blogueiros e usuários infuentes", afirma Marques.
Por enquanto, a diversificação dos negócios da Music2 está funcionando. Hoje, 70% do faturamento vem da Vevo. Quando a empresa foi aberta, a dependência era total. "Não queremos fcar reféns de uma única fonte de receitas", afirma Fatima. "Nos próximos anos, a Vevo deverá representar apenas uma pequena parte de nossas atividades."