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O que muda para as PMEs com a queda na taxa de juro bancária

Como as pequenas e médias empresas podem aproveitar as quedas recentes na taxa de juro para dar um destino mais produtivo a seus recurso

Miriam, da MTO: "Pretendo comprar 100 toneladas de papel para minha empresa crescer 15% neste ano" (Daniela Toviansky)

Miriam, da MTO: "Pretendo comprar 100 toneladas de papel para minha empresa crescer 15% neste ano" (Daniela Toviansky)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2012 às 06h00.

São Paulo - Faz uns seis meses que a advogada Miriam Burgese da Silva, de 37 anos, dona da gráfica paulista MTO, tem pesquisado quanto os bancos cobram para emprestar capital de giro. Miriam precisa de dinheiro para comprar 100 toneladas de papel e deixar a MTO em condições de pegar serviços de última hora - recentemente, ela foi obrigada a recusar um grande pedido por falta de matéria-prima.

Fundada há seis anos, a MTO faz panfletos publicitários para grandes empresas, como TAM e Telefônica. Em 2011, faturou 5 milhões de reais, o triplo do ano anterior. "O crédito me ajudaria a acelerar a expansão, pois ficaríamos preparados para aceitar as encomendas que surgem num ano eleitoral como este", afirma Miriam.  

As chances de Miriam e outros empreendedores em situação parecida encontrarem crédito a um custo que caiba nos orçamentos de seus negócios têm aumentado. Desde agosto de 2011, o Banco Central diminuiu a taxa básica de juro de 12,5% para 9% ao ano. Em abril, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal reduziram os juros cobrados em seus financiamentos.

Em seguida, os grandes bancos privados fizeram o mesmo.  Segundo uma pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a média dos juros mensais cobrados num empréstimo bancário para pessoa jurídica diminuiu de 3,99%, em agosto, para 3,64%, em abril.

Para boa parte dos empreendedores, uma diferença de 0,35% por mês não parece grande coisa. Mas pode fazer diferença em mercados muito competitivos. A MTO, por exemplo, tem comprado papel de impressão a prazo. Os fornecedores concedem um prazo de 90 dias e cobram juros de até 3,8% ao mês.

Nas últimas semanas, em dois bancos, Miriam encontrou taxas entre 1,5% e 2% ao mês - e isso para capital de giro, que está entre as linhas mais caras do mercado - com parcelas que podem ser pagas em até um ano. “Dá para pegar um empréstimo desses e pagar o fornecedor à vista”, diz Miriam. "Pretendo comprar 100 toneladas de papel, que me permitirão aumentar as receitas em 15% neste ano, sem prejudicar a margem de lucro." 

Entre as situações em que os juros mais baixos favorecem os pequenos e médios negócios, quitar dívidas e comprar a crédito são as mais óbvias. Mas mesmo empresas que  pagam tudo à vista podem ganhar com o custo mais baixo do dinheiro. É o caso de empresas que vendem a prazo, como os fabricantes de papel que abastecem a MTO.

Segundo a Anefac, a redução do custo dessas operações pode ser algo em torno de 20% ao mês - seja com o pagamento de juros para empréstimos de linhas específicas para isso, seja colocando a diferença numa aplicação financeira.

Como esse custo - embutido no preço de seus produtos ou serviços - cai, a empresa pode reduzir o preço, se estiver precisando de gás num mercado com muita concorrência, ou pode melhorar as margens, caso o preço já seja atraente. 

Outro destino pode estar nos investimentos para expansão. Empreendedores com planos de comprar equipamentos, reformar lojas ou adquirir um veículo para a empresa também encontrarão bancos privados que oferecem linhas especiais com taxas mais baixas do que seis meses atrás (as linhas do BNDES não foram reduzidas porque já são subsidiadas).

"Mesmo empresas que não tomam crédito serão estimuladas a investir", diz Juliano Graff, do fundo Master Minds, que compra participações em empresas emergentes na região de Campinas, no interior de São Paulo. "Quanto menor o juro praticado numa economia, mais interessante se torna investir na produção." 

Até que ponto a queda recente nos juros tornou as empresas brasileiras mais competitivas? Não muito mais. Apenas cortar os juros não vai resolver os verdadeiros problemas. Há uma série de questões fundamentais que não estão sendo atacadas, como excesso de tributação, pesados encargos trabalhistas, alto custo de energia - a lista é grande. A competitividade da economia brasileira só será atingida quando todos esses custos forem encarados.

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