Piero Minardi, presidente da ABVCAP (à esq.) e Anderson Thees, sócio da Redpoint eventures Brazil (Divulgação/Divulgação)
Juliana Estigarribia
Publicado em 12 de maio de 2020 às 12h44.
Última atualização em 12 de maio de 2020 às 19h14.
O horizonte tem se desenhado cada vez mais nebuloso para a economia brasileira. Para ajudar as empresas a manter a trajetória de crescimento, os fundos de private equity e venture capital devem ser essenciais, avalia Piero Minardi, presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP).
"O Brasil é um país de empreendedores e esse tipo de capital vai ajudar a reconstruí-lo depois da pandemia do coronavírus", afirma o dirigente, que participa de debate com Anderson Thees, sócio da Redpoint eventures Brazil, na série exame.talks, com mediação de Denyse Godoy, editora responsável pela cobertura de negócios e finanças da EXAME.
Em um cenário de provável aumento do desemprego e perda de renda, efeitos decorrentes da pandemia do novo coronavírus, as perspectivas preocupam. Neste sentido, a atração de capital para estes fundos, que auxiliam o empreendedor em diversas fases do crescimento da empresa, pode ser crucial.
Minardi explica que os fundos de venture capital são mais voltados para empreendimentos que estão em fase de crescimento, enquanto private equity tem foco maior em empresas mais consolidadas.
"Em qualquer um dos casos, os investidores têm uma cultura de risco mais sofisticada. Nossos fundos dão muita alegria, mas exigem que o inevstidor tenha um apetite de risco mais desenvolvido", diz o dirigente, que também é sócio-diretor da Warburg Pincus gestora de private equity.
Para Thees, o papel destes fundos é apoiar a empresa para que ela cresça muito mais rapidamente. "Vamos ter muita coisa para fazer depois da pandemia", afirma.
A crise do coronavírus jogou luz sobre o modelo de crescimento vertiginoso das startups, que já vinha sendo questionado. Desde o início da pandemia, empresas como Gympass e Uber vêm enfrentando graves problemas para se manter.
De acordo com o sócio da Redpoint, o trabalho da gestora tem sido muito intenso. "Temos 48 empresas no portfólio e estamos preparados para ajudá-las. Na pandemia, todas elas passam pela crise ao mesmo tempo", diz Thees. "Agora já começamos a ter mais fôlego para o novo normal."
Ele acredita que o modelo de venture capital não vai mudar após a crise do coronavírus, mas sim a "dose" do crescimento. Para ele, no curto prazo as startups devem abrir mão de expansão em favor da preservação de caixa.
"Até agora, as empresas gastavam muito dinheiro para crescer mais rapidamente. Hoje, o cenário é diferente. O foco no longo prazo continua sendo forte crescimento, mas até lá temos que preservar caixa."