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Como o equity crowdfunding pode salvar o seu negócio

Além de facilitar a negociação para o empreendedor, o equity crowfunding possibilita que mais gente coloque dinheiro no negócio.


	Investimento pela internet: no equity crowdfunding, o investidor pode investir diretamente pela web
 (vaeenma/Thinkstock)

Investimento pela internet: no equity crowdfunding, o investidor pode investir diretamente pela web (vaeenma/Thinkstock)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 17 de março de 2016 às 06h00.

São Paulo – Está em busca de investimento para garantir a continuidade do seu negócio? Então que tal fazer uma vaquinha entre vários investidores? Chamada de equity crowdfunding, essa modalidade está começando a se desenvolver no Brasil e pode ser uma ótima alternativa tanto para quem precisa do dinheiro quanto para quem quer investir.

Você já deve ter ouvido falar das plataformas de crowdfunding, como o Catarse, muito usadas para levantar dinheiro para projetos como CDs, filmes e livros. Pois a ideia do equity crowdfunding é basicamente a mesma, com a diferença de que, em vez de colocar dinheiro num projeto e receber uma recompensa, o investidor faz um aporte em uma empresa na expectativa de ganhar dinheiro com isso no futuro.

“É um ótimo jeito de você oferecer um pedaço da sua empresa em troca de capital. É rápido, descomplicado e funciona como uma forma de mídia”, afirma o empreendedor Giulliano Siviero. Ele é um dos fundadores da startup de automação residencial Kokar, uma das primeiras no Brasil a levantar dinheiro através dessa modalidade, na plataforma EqSeed. Em apenas dois meses, a empresa conseguiu arrecadar 300 mil reais, com 38 investidores.

Segundo Siviero, a principal vantagem do equity crowdfunding para os empreendedores é a mudança nas condições de negociação com os investidores. “Numa captação comum, quando você senta com um investidor, você é o hipossuficiente da relação. Ele está numa posição confortável pra jogar os termos que quiser, e talvez esses termos não sejam tão interessantes para você. Mas, como sua empresa precisa do aporte, você pode acabar aceitando”, explica.

Na arrecadação pela internet é diferente: os termos do acordo são iguais para todos, não importa o valor investido. “Você não se dobra, e entra quem quer”, resume Siviero.

Investimento democrático

Além de facilitar a negociação para o empreendedor, o equity crowfunding possibilita que mais gente coloque dinheiro no negócio – pessoas que não teriam a possibilidade de fazer um investimento individualmente. Isso porque o valor mínimo para entrar na jogada chega a ser de 100 reais, no caso da plataforma Start Me Up, outra que já está atuando no Brasil. Em outras plataformas, como a própria EqSeed, esse valor inicial é de 1 mil reais.

Basicamente, isso permite que a sua avó invista no negócio, assim como aquele seu amigo de infância que acredita na sua ideia, ou ainda um possível cliente que gostou da solução que você oferece. “São pessoas físicas que nunca investiram em mercado de capitais. E elas começam a pensar: ‘Por que não?’. Antes, só investidores profissionais teriam a possibilidade de investir em startups. Agora essas pessoas também têm a oportunidade, graças à democratização promovida pelo equity”, afirma Adolfo Melito, presidente da Associação Brasileira de Equity Crowdfunding. 

Outro ponto positivo é a quebra da barreira geográfica. No caso da Kokar, os investidores vieram de Amazonas, São Paulo, Minas Gerais, dentre outros estados. Já a startup é do Espírito Santo.

Segurança para os investidores

A modalidade também traz vantagens interessantes para quem investe. Além de abrir o mercado para investidores com menos capital, as plataformas oferecem dispositivos de segurança e facilidades.

Na EqSeed, pro exemplo, o investidor não entra no quadro societário da empesa logo de cara, ele recebe um documento que garante essa entrada no futuro. Com isso, ele está livre de possíveis problemas relacionados à startup, como dívidas trabalhistas.

Já a plataforma Broota, que já fez 21 captações (sendo duas delas para a própria Broota), trabalha com o conceito de investidor líder. Basicamente, a startup precisa ter um nome de peso para alavancar a campanha. “Isso ajuda a selecionar as startups e dá mais segurança para os investidores menos experientes”, explica Frederico Rizzo, fundador da plataforma.

Outra plataforma do tipo, a Start Me Up aposta na operação 100% digital, inclusive com contratos eletrônicos, além de ter um investimento mínimo mais baixo que o das outras, a partir de 100 reais.

Benefícios para a economia

O mercado de equity crowdfunding é relativamente novo no mundo e ainda está engatinhando no Brasil. Para se ter uma ideia, em 2014, essa modalidade movimentou 1,1 bilhão de dólares em todo o planeta. No Brasil, esse número não chegou a 1 milhão de dólares, segundo dados da Associação Brasileira de Equity Crowdfunding. No ano passado, o modelo movimentou 5 milhões de reais no país. Apesar dos números ainda modestos, as expectativas são positivas. “O céu é limite para esse modelo”, afirma Adolfo Melito.

Por enquanto, a modalidade se restringe a empresas que se enquadrem no Simples Nacional, ou seja, com faturamento de até 3,6 milhões de reais. O valor máximo de captação é de 2,4 milhões de reais por ano. Porém, o setor aguarda por uma regulamentação mais específica para o tema por parte da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), já que a regra usada atualmente foi criada em 2003, bem antes de existirem as plataformas de equity crowfunding no Brasil. A expectativa é de que a CVM coloque em discussão um novo conjunto de regras ainda neste ano.

“É um mercado essencial para o país, especialmente na crise. Essas empresas estão gerando valor e têm capacidade de gerar novos empregos. É diferente de investir na bolsa. Lá, basicamente você transfere seu dinheiro para outro investidor. No equity crowdfunding as empresas aplicam esse dinheiro diretamente na economia”, afirma Brian Begnoche, fundador da EqSeed.

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