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No que prestar atenção na hora de contratar

Em The Rare Find, George Anders explica como recrutar funcionários talentosos ao tentar descobrir as habilidades profissionais que os currículos muitas vezes escondem

Livro "The Rare Find: Spotting Exceptional Talent Before Everyone Else", de George Anders, sobre recrutamento de talentos (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2012 às 06h00.

São Paulo - Durante dois anos e meio, o americano George Anders percorreu os Estados Unidos em busca de respostas para uma questão crucial para muitos negócios emergentes: como encontrar profissionais talentosos antes dos concorrentes?

Em suas andanças, ele visitou quartéis do Exército para descobrir o que as Forças Armadas americanas fazem para selecionar soldados para suas tropas de elite. Anders também foi a centros de treinamento esportivo aprender com os olheiros de grandes times como pinçar, numa multidão de desconhecidos, atletas com potencial para se tornar astros.

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Além disso, ele procurou os responsáveis pelas contratações de grandes empresas de tecnologia e perguntou como encontrar engenheiros e programadores criativos, capazes de inventar produtos e serviços inovadores.

O trabalho resultou no livro The Rare Find: Spotting Exceptional Talent Before Everyone Else ("O achado raro: encontrando talentos excepcionais antes dos demais", ainda sem tradução no Brasil), lançado nos Estados Unidos no final do ano passado. A obra reúne as conclusões de Anders sobre quais as melhores estratégias para garimpar talentos.

Em resumo, sua mensagem é que os responsáveis pelo recrutamento e pela seleção de novos funcionários precisam deixar de lado aspectos tidos por ele como superestimados, como o histórico escolar dos candidatos ou sua experiência profissional. Em vez disso, Anders sugere que se procure descobrir quem se sai bem resolvendo problemas — algo que raramente os currículos mostram com clareza.

Anders procura reforçar seus argumentos contando casos reais. Ele mostra como os recrutadores do Exército americano exigem de soldados exaustos tarefas aparentemente impossíveis, como atravessar um pântano com um caminhão quebrado usando pouco mais que paus e cordas.

O objetivo da prova não é selecionar os homens mais fortes ou corajosos, mas descobrir quem é capaz de propor soluções criativas com poucos recursos, trabalhando em equipe e sob a pressão imposta pelos instrutores.


No mundo dos negócios, Anders conta a experiência do Facebook, que recentemente mudou seus processos de contratação. Em vez de perder tempo lendo currículos enfadonhos para saber se os candidatos cursaram este ou aquele curso de programação, os responsáveis pela seleção de pessoal­ criaram um processo para encontrar talentos entre os nerds e os hackers, muitas vezes autodidatas, que povoam a internet.

Para isso, a empresa passou a selecionar programadores por meio de uma espécie de gincana na internet. Trata-se de uma competição na qual os candidatos precisam desvendar uma série de charadas e desafios cibernéticos, cuja solução depende de um profundo conhecimento de programação, raciocínio lógico e capacidade de improviso.

Com 250 páginas, o livro mostra que, para vencer o desafio de encontrar talentos, é preciso antes de tudo ter bons recrutadores. Em outras palavras, Anders defende a criação de departamentos de pessoal com gente capaz de procurar em cada candidato características quase sempre ausentes dos currículos.

A miopia do departamento de RH, afirma Anders, faz com que muitos profissionais criativos e inovadores sejam deixados de lado pelas grandes empresas. Às vezes, diz ele, candidatos capazes de se transformar em profissionais de alto desempenho são descartados antes mesmo da entrevista. Um motivo que frequentemente leva à rejeição é um histórico escolar fraco — algo comum entre estudantes que precisam trabalhar para pagar os estudos numa faculdade de segunda linha.

O livro de Anders pode servir de inspiração para muitos empreendedores brasileiros — principalmente num momento em que se tornou comum encontrar donos de pequenas e médias empresas reclamando da escassez de mão de obra e, principalmente, do custo elevado para contratar bons profissionais. Deixar de prestar atenção demasiada aos currículos pode ser um caminho para encontrar talentos precoces ou descobrir bons profissionais rejeitados pelos concorrentes.

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