Negócio ajuda a incluir pessoas com autismo no mercado de TI
Empresa de origem dinamarquesa tem sede em São Paulo.
Mariana Desidério
Publicado em 27 de dezembro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 27 de dezembro de 2017 às 06h00.
São Paulo – Ganhar dinheiro ajudando pessoas com autismo a trabalharem com tecnologia. Essa é a meta da Specialisterne, empresa fundada na Dinamarca e que está presente em 17 países, dentre eles o Brasil.
O negócio surgiu da vivência do fundador, Thorkil Sonne. Diretor numa empresa de tecnologia e pai de uma criança autista, ele pôde observar em seu dia a dia como algumas características das pessoas com autismo podem ser úteis no mercado em que atuava.
“Boa parte das pessoas com autismo apresenta habilidade para identificar padrões, raciocínio lógico aguçado, atenção aos detalhes e capacidade de trabalhar com rotina de forma satisfatória. Ele viu que essas eram qualidades que o mercado de tecnologia pedia e começou a pesquisar sobre o assunto”, conta Marcelo Vitoriano, diretor geral da Specialisterne no Brasil.
Apesar de habilidosas e muitas vezes com bons currículos, essas pessoas enfrentam inúmeras dificuldades na hora encontrar um emprego. “Temos pessoas aqui até com mestrado, mas que não conseguem uma inserção no mercado. Em geral elas são reprovadas no processo seletivo em função de suas características e pela falta de conhecimento dos profissionais de RH”, explica Vitoriano.
Para ajudar a resolver esse problema, a empresa oferece cursos de capacitação para os autistas e também atua nos processos de seleção junto com os departamentos de RH, além de ajudar a preparar as equipes que vão trabalhar com o profissional com autismo. “Nosso objetivo com isso é ajudar a desmistificar o imaginário que existe em relação a eles”, afirma o diretor.
Modelo de negócio
Há pouco mais de dois anos no Brasil, a Specialisterne já formou 50 pessoas, e 30 delas foram alocadas no mercado (dentre as que não foram, algumas estão passando por processos seletivos). A própria escola, que tem 25 funcionários, emprega pessoas com autismo, que são 75% da equipe.
O modelo de negócio se baseia em duas frentes: uma delas é a prestação de serviços para empresas. Nesse caso, a Specialisterne oferece serviços como o de teste de softwares. Na outra frente, a escola busca apoio de empresas de tecnologia interessadas em financiar seus cursos. A principal parceira atualmente é a SAP, multinacional de origem alemã que cria softwares para gestão empresarial.
O faturamento de 2017 será de 500 mil reais. Por enquanto, porém, o negócio ainda não se sustenta sozinho e precisa de recursos de um investidor para continuar caminhando. Até agora foram investidos 3 milhões na filial brasileira da empresa. Para 2018, o objetivo é ampliar as parcerias com empresas de tecnologia, com vistas a garantir a sustentabilidade financeira do negócio. Com sede em São Paulo, o negócio atrai pessoas de diversas partes do país, e tem interesse em atuar em outros estados, em especial o Rio de Janeiro.