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Microempreendedores individuais ganham espaço na internet

Mais de 1,3 milhão de Microempreendedores Individuais brasileiros já vendem pela internet; competição acirrada exige diferencias na venda e na entrega

Karina Rabahy: MEI montou o Projeto Cruci, um e-Commerce de produtos sustentáveis como cosméticos e roupas desenhadas por ela (Ricardo Yoithi Matsukawa-ME/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)

Mariana Fonseca

Publicado em 11 de maio de 2019 às 08h00.

Última atualização em 11 de maio de 2019 às 08h00.

De um pequeno escritório na zona leste de São Paulo, a empreendedora Karina Rabahy começou há alguns meses a vender produtos sustentáveis para todo o Brasil.

São cosméticos naturais, papel feito a partir de bagaço de cana, canudinhos de inox e peças de vestuário modulares, que podem ser agrupadas de diversas maneiras. Formada em moda, ela trabalhava como funcionária em uma empresa quando decidiu pedir demissão para formalizar-se como Microempreendedora Individual (MEI) e se dedicar ao negócio, chamado Projeto Cruci, que já dava os primeiros passos.

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Hoje, há 8,1 milhões de MEIs formalizados no Brasil, e cerca de 1,3 milhão comercializam seus produtos pela internet . Karina faz parte desse contingente cada vez maior e, até agora, tem encontrado muitos pontos positivos. “Eu gosto de resolver tudo sozinha, e com o e-commerce achei que conseguiria me organizar melhor para gerenciar um negócio. Mas o melhor é que eu consigo vender para o Brasil inteiro”, diz.

Por enquanto, a empresa ainda está na fase de conquistar clientes e recuperar o investimento inicial, ao mesmo tempo em que precisa divulgar os valores que movem seu negócio. “O difícil no começo é ter visibilidade, é fazer com que as pessoas conheçam o conceito. É um público difícil de encontrar”, conta.

Com o auxílio da internet, no entanto, as possibilidades de Karina são muito mais amplas do que se ela tivesse estabelecida em um local físico. As redes sociais, em especial o Instagram, são os grandes aliados desses empreendedores. Pelo WhatsApp, aliás, Karina consegue fazer negócio sem sair do aplicativo: o contato e os acertos são feitos por lá e ela só envia o link para a conclusão da compra.

Diferencial

Para o consultor do Sebrae-SP Adriano Augusto Campos, descobrir um diferencial – como a venda via WhatsApp – é uma maneira de fazer o negócio se destacar em meio à competição na rede. “Na internet, você está competindo até com a China. Por isso, é preciso tentar compensar a distância do cliente com fotos e vídeos de alta qualidade, descrição perfeita dos produtos, um programa que faça simulação de roupas. Isso é algo que quase ninguém faz”, diz.

Em 2018, o e-commerce brasileiro faturou R$ 53,2 bilhões, alta de 12% em relação a 2017, de acordo com dados da Ebit Nielsen, empresa especializada em informações sobre o comércio online no país. Ao todo, foram 123 milhões de pedidos realizados pelo e-commerce, quantidade 10% maior do que no ano anterior. O tíquete médio registrado foi de R$ 447. No total, são 58,5 milhões de consumidores que fizeram pelo menos uma compra online durante o ano.

Em relação ao volume de pedidos, o setor que mais vendeu pela internet em 2018 foi o de saúde e cosméticos, seguido por moda e acessórios; depois vêm os setores de casa e decoração e o de eletrodomésticos. Para 2019, a Ebit prevê aumento de 15% – o que abre boas perspectivas para quem pretende investir nessa modalidade de vendas.

Outra característica importante é que o e-commerce tem grande penetração nas classes C, D e E. “Pela internet, o empreendedor consegue acessar mercados que não acessaria e comercializar produtos que não conseguiria em uma loja física”, aponta Campos, do Sebrae-SP.

Engenheiro de formação e há mais de 20 anos trabalhando na indústria, Fabrício Nunes alimentava a vontade de ter um negócio próprio. Cerca de um ano e meio atrás, decidiu abrir uma loja para vender cosméticos e perfumes pela internet – decisão, segundo ele, baseada em pesquisa de mercado. “O setor de cosméticos dificilmente tem sazonalidade. É um produto de uso diário”, diz. Para começar, utilizou “marketplaces” e investiu em redes sociais e marketing digital.

Por enquanto, Nunes é MEI, mas a ideia é mudar de categoria em breve, com o crescimento da empresa. Para ele, um e-commerce que surpreende o cliente com entrega rápida, por exemplo, larga na frente. “O sucesso nessa área está muito atrelado à logística, principalmente quando vendemos para lugares mais distantes, de acesso mais difícil. Mas o principal ponto positivo é a oportunidade de atender o Brasil inteiro”, aponta Nunes.

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