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Mercado de compras coletivas será dominado por poucos

Segundo especialistas, novos players devem aparecer nos próximos anos, mas o mercado tende a se concentrar em alguns serviços

Mercado de compras coletivas será dominado por poucos (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Mercado de compras coletivas será dominado por poucos (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2010 às 05h00.

São Paulo - A febre das compras coletivas começou em 2008, nos Estados Unidos, e se espalhou no Brasil rapidamente. Em 4 meses já eram mais de dez sites com a mesma proposta: oferecer serviços e produtos com descontos de até 90% com uma condição: que muitos consumidores adquirissem o mesmo produto simultaneamente. O setor continua crescendo mas a previsão é que seja controlado por poucos sites.

Segundo um levantamento feito pelo Ibope Nielsen Online, quase 20% dos internautas brasileiros estavam nos sites deste tipo em outubro, o que representa 7,4 milhões de usuários únicos. A audiência cresceu 335% de julho a outubro e o público, na maioria, é de internautas de 25 a 34 anos.

O Groupon foi um dos pioneiros no ramo, em Chicago. Chegou a ser classificado pela revista Forbes como a "companhia de crescimento mais rápido de todos os tempos". Está em mais de 200 cidades em 29 países, com um faturamento global de mais de 500 milhões de dólares e dois milhões de cliques todos os dias.

Com um modelo fácil de ser imitado, o Groupon já tem mais de 500 concorrentes espalhados pelo mundo - pelo menos 80, no Brasil. “A gente vê o Brasil como um mercado estratégico. É o quinto mercado, atrás de outros mais maduros como Estados Unidos, França e Alemanha”, conta Daniel Funis, diretor de marketing do Groupon. A cidade de São Paulo fica atrás só de Paris e Londres (em volume de compras no site brasileiro, até recentemente conhecido como Clube Urbano).

Proposta brasileira
No Brasil, a idéia chegou pelas mãos de três amigos. Julio Vasconcellos, Emerson Andrade e Alex Tabor criaram o Peixe Urbano no começo de 2009. Presente em 24 cidades, o site já ultrapassou 1 milhão de usuários cadastrados. “A velocidade que tudo aconteceu foi mais rápida do que a gente esperava. A concorrência como um todo cresceu muito. Isso valida o modelo”, conta Julio Vasconcellos, um dos sócios. Segundo ele, o negócio funcionava tão bem que muita gente viu uma oportunidade mas, a longo prazo, não tem espaço para todo mundo. “A tendência é esses sites não ficarem por aí. No final das contas vão sobrar dois ou três”, diz.


Na mesma onda, o ClickOn também apresentou um crescimento notável. Lançado em maio deste ano, o site é fruto da parceria de dois alemães com a brasileira A5 Investimentos. O investimento foi de mais de 17 milhões de reais. Com mais de 900 parceiros, o site tem 2 milhões de usuários cadastrados.

“O próximo ano vai ser legal. Esse é um modelo que veio para ficar. O mercado estima fechar 2010 com 80 milhões de reais. Para 2011, esse número deve passar para 500 milhões”, conta Marcelo Macedo, presidente do ClickOn. Neste mês o site bateu o recorde brasileiro: 41 mil vouchers da mesma promoção de revelação de fotos.

Para Macedo, a proliferação de sites semelhantes tende a estagnar nos próximos meses. “A gente percebe que em quatro ou cinco meses surgiram 40 players, mas dois ou três tem relevância para o mercado. Esses três têm 90% do mercado e outros 37 competem pelos outros 10%”, diz.

Nova forma de comprar
O modelo influencia a compra por impulso, para não perder o desconto, e leva o comércio tradicional para a internet. Já consolidado como uma categoria do e-commerce, os especialistas enxergam uma mudança de comportamento causada pelas compras coletivas.

“Esse setor apresenta uma mudança no comportamento. É a demanda de serviços do online para o offline. O comércio eletrônico gera vendas no mercado tradicional”, opina Gerson Rolim, coordenador da área de micro e pequenas empresas da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. “É um setor que teve um boom recentemente, uma aceitação muito grande e tem sido um fenômeno por si só”, diz Alexandre Umberti, diretor de marketing da Ebit, consultoria especializada em comércio eletrônico.

Para Daniel Deivisson, um dos sócios do Oferta X, que também atua em compras coletivas, o modelo mistura coisas importantes para o brasileiro: o e-commerce e as redes sociais. “Por isso as compras coletivas se tornaram uma febre no Brasil. É uma compra por impulso, que vai mudar a maneira como a gente consome online”, explica.

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