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Melhor setembro da história: startups brasileiras recebem US$ 843 milhões

Segundo levantamento da Distrito Dataminer, as empresas de inovação receberam 37 aportes ao longo do último mês

Jean Sigrist, Rafael Matos, Pedro Conrade, Carol Oksman e Daniel Mazini, diretores da Neon: a fintech recebeu US$ 300 milhões, o maior aporte do ano até agora (Neon/Divulgação)
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Carolina Ingizza

Publicado em 1 de outubro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 2 de outubro de 2020 às 19h16.

As startups brasileiras não deixaram de atrair investidores durante a pandemia . Em setembro, as empresas de inovação do país receberam juntas um total de 843 milhões de dólares, divididos em 37 aportes . Ao todo, desde janeiro, essas empresas já receberam 2,2 bilhões de dólares. No ano passado, até setembro, foram 2,3 bilhões.

Os dados, levantados pela empresa de inovação Distrito, que acompanha o mercado, mostram que este foi o melhor mês de setembro da história para as startups. Em relação ao mesmo mês do ano passado, o volume investido foi 65% maior. Já na comparação com setembro de 2018, a quantia foi 796% superior. Apesar do maior volume, o número de transações foi menor que os dos dois anos anteriores: 37 contra 43 e 33, respectivamente.

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“Considerando que este é um ano de desafios extremos, o Venture Capital reagiu muito bem e acreditamos muito ainda no potencial de crescimento desse mercado”, afirma Gustavo Gierun, cofundador do Distrito.

Ao analisar todas as 322 captações realizadas ao longo deste ano, nota-se que a maioria dos aportes está concentrada nos estágios iniciais de captação das startups (anjo, pré-Seed e seed). Nessas categorias, são 245 no total. Porém, a maior parte do volume investido (2,1 bilhões de dólares) se concentra em rodadas de série A a G e em Private Equity.

Investidores em busca de retorno

Para o especialista, uma série de fatores justifica a quantidade de capital que as startups têm atraído. O primeiro é que os principais fundos que atuam no mercado brasileiro estavam capitalizados no começo de 2020, então tinham recursos para seguir fazendo aportes mesmo durante a pandemia.

Em segundo lugar, há um cenário macroeconômico favorável no Brasil. Com a taxa básica de juros no seu menor valor histórico, os investidores começam a buscar novas classes de ativos com uma rentabilidade maior. O dólar mais alto também torna o mercado brasileiro relativamente barato para investidores estrangeiros.

“Os fundos têm teses de muito longo prazo, estão preparados para passar por solavancos. A pandemia fez com que eles tivessem maior cuidado na alocação de recursos, mas estão de olho em oportunidades para daqui a cinco ou dez anos. E a tendência é uma digitalização ainda maior da sociedade”, diz Gierun.

Principais negócios

De acordo com o Distrito, o setor de fintechs segue sendo o que mais atrai investimentos. A maior rodada de setembro (e de 2020) foi de uma startup do segmento: a Neon Pagamentos . A empresa captou 1,6 bilhão de reais (cerca de 300 milhões de dólares) em uma rodada série C liderada pelo General Atlantic. Com o capital, a fintech vai acelerar o crescimento, adquirir empresas, contratar novos funcionários e oferecer novos produtos.

Outra aporte que se destacou ao longo do mês foi o da plataforma de e-commerce VTEX , que recebeu 225 milhões de dólares em uma rodada de captação série D liderada pelo fundo Tiger Global com participação da Lone Pine Capital. Com isso, a empresa se tornou a mais nova startup brasileira a ser considerada um unicórnio (empresas de inovação avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares).

Mas não são só os investimentos que movimentam o ecossistema de inovação. O ano de 2020 também é o que mais registrou fusões e aquisições de startups. Até agora, foram realizados 100 negócios do tipo, contra 63 em 2019 e 27 em 2018. Na última semana, por exemplo, o Bradesco comprou a fintech DinDin e o marketplace Juntos Somos Mais anunciou a compra da startup gaúcha Triider.

Para Gierun, o número maior de operações desse tipo é positivo para o segmento, por possibilitar que os investidores recuperem seus investimentos e voltem a colocar o capital no mercado. “Isso cria um círculo virtuoso. Mesmo o empreendedor que vende a startup volta a atuar no mercado, investindo em outras empresas ou iniciando um segundo negócio”, diz o especialista.

Até o final de dezembro, é esperado que o número de fusões e aquisições ultrapasse a marca de 120 transações, o dobro de 2019.

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