A maluquice faz o negócio
Com seis anos de vida, a carioca Biruta Mídias Mirabolantes já ganhou grandes clientes executando projetos de marketing inesperados e que trazem resultado
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2010 às 10h54.
São Paulo - Com uma proposta de inovar, chamar atenção e causar impacto, a Biruta Mídias Mirabolantes faz jus ao nome. Sob a batuta de Alan James, Rafael Liporace, Romulo Groisman e Matheus Meirelles, a empresa, que começou em um banheiro, emprega atualmente 60 funcionários e já tem clientes como Coca-Cola, Vivo, Banco do Brasil e Chevrolet.
Mas, afinal, o que o que é que essa companhia tem? A resposta é simples: o fator surpresa. Ela cria estratégias de marketing para alcançar o consumidor em um momento inesperado e de formas pouco convencionais. "A gente desenvolve conteúdo. Coisas fresquinhas e crocantes que você esteja a fim de acessar", brinca Alan.
Organizando passeatas, flash mobs (aglomeração instantânea de pessoas convocadas pelo celular ou pela internet) e outros eventos que atraem o público, a empresa gasta pouco e gera mídia espontânea para o cliente. A base dos projetos da Biruta é a inovação e a criatividade para se manter no ramo. Neste ano, a Biruta foi uma das seis escolhidas para entrar no Instituto Empreender Endeavor , que apoia empreendimentos de alto impacto. E eles só pensam em continuar crescendo. "As expectativas para os próximos anos são as melhores possíveis. Temos sorte de receber em breve dois grandes eventos mundiais: Copa e Olimpíadas acontecendo no quintal da nossa casa, no momento que a gente está se consolidando", explica Rafael Liporace, 29 anos, que garante já ter projetos mais ambiciosos para deixar de ser um player regional e atingir outros mercados.
Como tudo começou
O carioca Alan James, 34 anos, nasceu em Marechal Hermes, bairro da zona norte do Rio de Janeiro dominado pelo tráfico. Ele se considerava mais um menino sem perspectiva que, para piorar, largou a escola antes de terminar o segundo grau para fazer um curso de mecânica de aviação. Quando conseguiu um estágio em uma empresa de publicidade aérea, "trocava o pagamento por horas de vôo, para aprender a voar". Pouco tempo depois o negócio faliu e Alan decidiu que iria assumi-lo e reerguê-lo.
Ele usou a estrutura da antiga companhia para abrir a Biruta Propaganda Aérea. "As coisas foram começando a acontecer. A propaganda aérea no Brasil é uma atividade sazonal, só ganha dinheiro no verão e quando ganha. Mas no resto do ano gastava mais do que tinha e o negócio era deficitário", diz Alan. Ele resolveu que precisava se modernizar e começou a inventar novas formas de propaganda para os ares, como uma lata de refrigerante gigante. "As pessoas se perguntavam quem era o biruta que tinha as faixas tão grandes e tridimensionais", diverte-se. Ele gostava do desafio e achava que por isso estava naquele negócio. Mas o real desafio era fazer as contas fecharem todo mês.
Foi para melhorar o desempenho e ter noção do valor da sua empresa que Alan resolveu não trabalhar durante um verão, o que poderia ser fatal para o negócio, e participar do Programa Shell Iniciativa Jovem, uma espécie de incubadora para apoiar jovens que tinham ou queriam montar um empreendimento. "Na época eu estava passando um perrengue financeiro muito grande. Muita gente não entendia o que estava fazendo e me mandava ir trabalhar de verdade", conta. Se não se capacitasse, Alan tinha consciência de que iria continuar fazendo as mesmas coisas e ganhando dinheiro no verão para gastar no resto do ano. "Na incubadora, aprendi a perceber os erros e ter ferramentas para me desenvolver", explica.
Passo a passo de um case de sucesso
Foi em um banheiro desativado, único espaço disponível na sede da incubadora em Santa Tereza, na zona sul do Rio, que a Biruta Mídias Mirabolantes surgiu, em 2004. Não se tratava de mais uma empresa de publicidade aérea, mas de uma produtora de mídia alternativa. "Foi na incubadora que tudo aconteceu. Desenvolvemos um plano de negócios e vimos que o empreendimento tinha um VPL de 7 milhões de reais", conta. Depois de percorrer as universidades parceiras do programa, Alan se juntou aos outros sócios. "A capacidade do Alan de vender sonhos é grande. Nós tínhamos o mesmo tipo de pensamento. Não sabia direito porque acreditava que aquilo ia dar certo, mas acreditava", diz Rafael.
Juntos eles concluíram que o mercado para aquele tipo de marketing ainda não existia, mas poderia existir. "Percebemos que as mídias convencionais estavam perdendo audiência para as novas mídias. Independente da ferramenta, o anunciante tem que levar a comunicação até o cliente na hora em que ele estiver vulnerável", defende. E a ideia era, claro, fazer isso da forma "mais radical, viajante e mirabolante" possível, para gerar impacto e lembrança.
Com o apoio dos sócios e um planejamento em mãos, a Biruta conseguiu grandes projetos, como fazer a contagem regressiva oficial do réveillon de 2003 na praia de Copacabana com um painel digital com mais de 800m², patrocinado pela Eletrobrás. "Esse foi um divisor de águas no nosso negócio", conta Rafael. Hoje a Biruta ocupa uma casa inteira e não só o banheiro de onde começou e dá suporte a outras pessoas que queiram começar um negócio. "A iniciativa jovem transformou a minha vida. Hoje a gente tem uma incubadora própria, para ajudar outros jovens, retribuindo com a mesma moeda o que a sociedade me deu através da empresa", explica Alan, cuja história deve virar um documentário em breve.