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Lula sugere criação de ministério para pequenas empresas

Presidente Lula sugere que o setor dos pequenos negócios reivindique a criação do Ministério da Micro e Pequena Empresa em seu pronunciamento, nesta quarta (14), na plenária da 17ª Semana de Capacitação do Sebrae

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a plenária da 17ª Semana de Capacitação do Sistema Sebrae (.)

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a plenária da 17ª Semana de Capacitação do Sistema Sebrae (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Brasília - O segmento das micro e pequenas empresas deveria reivindicar um ministério para cuidar do seu desenvolvimento. Esta foi uma das principais mensagens do do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em discurso proferido na plenária da 17ª Semana de Capacitação do Sistema Sebrae, nesta quarta-feira (14), em Brasília.

Comparando a relação entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que lida com grandes produtores rurais, e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que cuida da agricultura familiar e dos assentamentos, Lula disse não saber porque nunca foi reivindicada a criação do Ministério das Micro e Pequena Empresa no país. "É incompatível um mesmo ministério estar preocupado com o grande empresário e com os pequenos empresários, donos de pequenos negócios".

Lula citou outro exemplo para esclarecer a sugestão. "A pesca era do Ministério da Agricultura. Era impossível esse ministério cuidar de vaca, boi, plantação e peixe". Com a criação do Ministério da Pesca, por sua iniciativa, o setor pesqueiro foi beneficiado ao ganhar maior foco do governo federal e suas políticas públicas.

Segundo o presidente, os pequenos negócios e os brasileiros mais pobres, ao consumir mais, ajudaram o País a enfrentar a crise internacional, no ano passado. "O Brasil está vivendo uma situação confortável em termos de estabilidade econômica, porque seu comércio diversificou, nos últimos anos".

Por conta dessa diversificação, o governo investiu em missões aos países africanos e do Oriente Médio, visando ampliar a clientela das empresas brasileiras. "Sei que muita gente questionava: Por que ir para a África? Temos de explorar a proximidade com o continente africano, que tem 800 milhões de habitantes e 53 países, inclusive muitos em processo de redemocratização", enfatizou Lula. Em Dubai, o governo gastou US$ 500 mil numa missão e foi muito criticado. "Mas ninguém falou dos 50 milhões de dólares de produtos brasileiros que nós vendemos nessa ocasião", reclamou.

Trata-se de uma questão de consciência econômica, segundo ele. "Cabe aos países mais ricos transformar os mais pobres em consumidores. Eles são obrigados a ajudar os países mais pobres a se desenvolver", complementou, lembrando que não é autor dessa tese. "Essa teoria não é minha, é do Henry Ford, fundador da indústria Ford, nos Estados Unidos. Ele dizia que queria que seus funcionários tivessem carro". O industrial norte-americano sabia que ampliaria seus negócios ao vender carros para outras classes sociais, além de apenas para a elite, explicou Lula.

    <hr>                                   <p class="pagina">É preciso aproveitar o momento de ouro que o Brasil está vivendo, insistiu Lula. "Todo mundo sempre pode fazer um pouco mais. O país mudou, porque ampliou a sua capacidade de olhar o mundo para além dos Estados Unidos e da Europa". O presidente destacou a importância da comercialização com a África do Sul, que rendeu US$ 25 bilhões para a balança comercial brasileira, enquanto com a Itália, foram US$ 9 bilhões, no ano passado.<br><br>Lula sugeriu que o Sebrae trabalhe o tema inserção da micro e pequena empresa no mercado internacional em seminários. "Podemos vender mais para a África e América Latina. Por exemplo, quem vai comprar máquinas agrícolas do Brasil? Não serão a França e a Alemanha", justificou.<br><br>As micro e pequenas empresas provavelmente não terão matrizes nos países europeus, como as grandes empresas possuem. "Matriz para os pequenos negócios é a casa, o quintal, e, no entanto, não são proibidos de participar da competição nesse maravilhoso mundo da economia globalizada".<br><br><strong>Luz e oportunidades</strong><br><br>O Sebrae deveria sair mapeando as oportunidades de negócios no país, disse o presidente. Durante a implementação do Programa Luz para Todos, os dados do IBGE apontavam que o déficit de luz era de dois milhões de ligações. Porém, quando o programa adentrou o Brasil, a demanda aumentou em mais um milhão.<br><br>Na semana passada, o governo soube de mais 400 mil casas, empresas, escolas, entre outros, que continuam sem energia elétrica. "Significa que quase 15 milhões de brasileiros vivem, ainda, no século XVIII", disse Lula. "Quando se coloca a luz numa casa, a pessoa salta do século XVIII para o XX".<br><br>Nessas localidades aonde a luz chegou, 79% das pessoas adquiriram geladeiras, informou o presidente, entre outros aparelhos domésticos. O Sebrae pode oferecer orientações sobre como produzir sorvetes, picolés etc, sugeriu Lula. "O Sebrae precisa ir a esses lugares, como se fosse o Projeto Rondon, mapeando as oportunidades de negócios", acrescentou. Disse, ainda, duvidar que o Sebrae não lotará salões em cidades do interior, se chegar anunciando nas ruas que está lá para apoiar os pequenos negócios.<br><br>Ao final do discurso, Lula praticamente se despediu dos técnicos do Sistema Sebrae, dizendo não saber se irão se encontrar novamente, antes do final de seu mandato. "Continuem cada vez mais pregando a idéia do empreendedorismo. As pessoas sonham em trabalhar por conta própria", concluiu o presidente. O Sebrae pode ajudar a fazer uma grande revolução no País, insistiu Lula.</p>        
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