Daniel Minozzi: "o empresariado brasileiro não teve a cultura de se diferenciar por tecnologia"
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2010 às 10h53.
São Paulo - Criada para colocar em prática os projetos desenvolvidos por três universitários do interior de São Paulo, a empresa de nanotecnologia Nanox só tem seis anos e já atende clientes como Petrobrás e Mabe. Neste ano, pretende exportar 40% da produção.
André Araújo, Daniel Minozzi e Gustavo Simões moravam na mesma república em São Carlos e decidiram que o local serviria para transformar os estudos em produtos inovadores. A empresa, que surgiu em 2004, recebeu um financiamento da FAPESP. Com o dinheiro, os três criaram o Nanox Clean, responsável por metade do faturamento no ano passado.
O produto, feito à base de prata, cria uma barreira de proteção contra fungos, bactérias e micro-organismos nocivos à saúde. Ele pode ser aplicado em geladeiras, purificadores de água e produtos de higiene, por exemplo.
Assim como outras empresas, a Nanox enfrentou um problema que era não ter alguém pronto para gerir os negócios. "A primeira grande dificuldade foi de ter não treinamento em gestão, apesar do conhecimento técnico. Outra barreira era dinheiro, não para o desenvolvimento tecnológico, mas para pagar contas, como aluguel", conta Daniel Minozzi, diretor de negócios.
Para resolver isso, os três sócios resolveram encontrar um fundo de investimento, como os que ajudam as startups do Vale do Silício, para capacitar a equipe. Em 2006, apenas dois anos depois da fundação, a empresa despertou o interesse de investidores internacionais e recebeu recursos do fundo de investimento Novarum. "Investimos para colocar em prática a gestão e a governança corporativa", afirma. No ano seguinte, já prestavam serviços para a Taiff, que produz secadores de cabelo.
A exportação, para Daniel, foi algo esperado depois da consolidação da empresa. "Foi um caminho natural para empresas que inovam dentro do Brasil, já que, infelizmente, o empresariado brasileiro não teve a cultura de se diferenciar por tecnologia", conta. A maioria das empresas não tem sede no Brasil, então, boa parte das decisões são tomadas pelas matrizes no exterior. Foi o caso da Mabe, empresa mexicana de eletrodomésticos que se uniu com a G&E. Para fazer uso do Nanox Clean em seus refrigeradores foi preciso convencer os executivos no México. "É natural para a gente que está em fronteira de desenvolvimento tecnológico", explica.
No ano passado, a companhia faturou 1,3 milhão de reais, metade apenas com as vendas do Nanox Clean. Para esse ano, a estimativa é faturar 3 milhões de reais. As exportações da empresa, que devem responder por 40% das vendas neste ano, foram responsáveis por 25% em 2009, principalmente para o México, Estados Unidos e Canadá. "Só neste ano já faturamos 1 milhão em Nanox Clean. Para ampliar o mercado, que tem amplitude global, estamos trabalhando em outros países, como Itália", explica. Entre os clientes nacionais, estão a Taiff, a Petrobrás, a Indústria Brasileira de Bebedores Ltda (IBBL) e a Dabi Atlante.
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