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Informalidade, estudo e ganhos: o desafio das empreendedoras negras

Donas de negócios negras apresentam uma maior proporção de informalidade que as empreendedoras brancas e alcançam uma remuneração inferior

Pesquisa aponta cenário da mulher negra no trabalho (UberImages/Thinkstock)

Mariana Fonseca

Publicado em 1 de novembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 1 de novembro de 2019 às 06h00.

As mulheres negras representam hoje a metade das donas de negócios no país, segundo um relatório especial produzido pelo Sebrae. Elas fazem parte do contingente das 9,6 milhões de empreendedoras do sexo feminino que estão à frente de um negócio, formal ou na informalidade, como empregador ou trabalhando por conta própria.

O documento, que faz um perfil atualizado do empreendedorismo feminino no Brasil por gênero e raça, mostra que o empreendedorismo por necessidade é mais forte entre as mulheres negras (49%) que entre as brancas (35%) e que a informalidade também é marcante nesse contingente. De acordo com levantamento do Sebrae, somente 21% das empreendedoras negras têm CNPJ, contra 42% das mulheres brancas.

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As mulheres negras são 17% dos empreendedores do país e ganham menos do que todos os outros grupos, R$ 1.384 por mês. Isso equivale a cerca de metade do rendimento das empreendedoras brancas, de R$ 2.691, e 42% do valor recebido por homens brancos (R$ 3.284).

No grupo de mulheres negras donas de negócio há uma proporção maior de chefes de domicílio (49%) do que as brancas (44%). Segundo a Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílio Contínua (PNADC), desde 2015 o percentual de mulheres que assumem o controle do lar vem subindo e hoje elas são 46% do total, contra 49% dos homens.

A coordenadora nacional de empreendedorismo feminino do Sebrae, Renata Malheiros, diz que os dados apontam que as mulheres, principalmente negras, estão em áreas com menor rendimento.

As empreendedoras negras têm maior participação em serviços domésticos (diaristas, cuidadoras de crianças, jardinagem, camareiras, caseiros e cozinheiras, entre outros), cabeleireiras e outras atividades de tratamento de beleza e serviços ambulantes de alimentação. Mas atuam também no comércio varejista de artigos do vestuário e de perfumaria e de higiene pessoal; confecções de roupas; fabricação de outros produtos têxteis; atividades de ensino; entre outros.

São Paulo tem o maior contingente de mulheres negras à frente de um negócio: 642 mil. Mas a maior participação relativa delas está na Bahia, onde 83% das mulheres donas de negócios são negras. De acordo com dados do Sebrae, as donas de negócios negras são mais jovens que as brancas (1,8 ano), possuem menos escolaridade (1,7 ano) e estão a menos tempo à frente de um trabalho (73%) que as empreendedoras brancas (79%).

Números do relatório "Empreendedorismo no Brasil"

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