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Incubadora para afrodescendentes serve de modelo

Iniciativa carioca já contabiliza mais de mil empreendimentos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro

A incubadora tem parcerias com entidades como o Sebrae e o Senai/Cetiq (Divulgação/Cietec)

A incubadora tem parcerias com entidades como o Sebrae e o Senai/Cetiq (Divulgação/Cietec)

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Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2010 às 10h00.

Rio de Janeiro - Comércio e serviços são os focos da Incubadora Afro-Brasileira. Criada em 2004, ela atende mais de 20 cidades na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e contabiliza mais de mil empreendimentos. O sucesso da metodologia também já despertou atenção em outros países, como Cabo Verde e Colômbia, com os quais já foram assinados termos de cooperação.

“Começou a me incomodar o fato de ser o único negro na corretora de seguros onde trabalhava. O embrião da ideia foi este sentimento”, conta o diretor executivo, Giovanni Harvey.

A incubadora, que tem parcerias com entidades como o Sebrae e o Senai/Cetiq – Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil, oferece orientação gratuita sobre temas como gestão, formação de preços, serviços de consultoria e apoio, como participação em feiras e eventos. Um dos diferenciais são as aulas de autoestima, que foram determinantes para Norma de Oliveira Carvalho.

“A discriminação acontece desde cedo. Eu me lembro que não podia me misturar com as crianças em melhor situação do que eu. Mulher pobre e negra é sempre vista como empregada doméstica, como se não houvesse outra opção possível”, relata.

O talento manual para atividades como bordado e pintura redesenhou a vida de Norma. Com os filhos crescidos, ele decidiu profissionalizar a atividade e, depois de passar por um processo seletivo, foi aceita na Incubadora, onde criou a Ubá Ubá. Artesanato, decoração de quartos infantis e customização são os serviços que ela desenvolve por encomenda, depois de ter o talento lapidado no Senai/Cetiq. O negócio foi reforçado com conceitos práticos e um dos ensinamentos valiosos foi a formação de preço.

“Deixava de computar no preço final o gasto com o vidro de tinta e a passagem. Eu aprendi a fazer a minha própria matemática. O resultado é que, quando comecei há três anos, recebia cerca de R$ 250 por mês, hoje faturo mais de mil reais”, comemora Norma.

Combate à desiguldade
A incubadora, alerta Giovanni Harvey, não vive da indústria da discriminação, mas reconhece a vulnerabilidade da população negra e, por isso, fez a opção de trabalhar para estimular atividades em que o talento e a competência possam ser reconhecidos, independente da origem de cada um.

“A incubadora não pratica racismo às avessas. Não atendemos a um público exclusivo, mas preferencial. Também não caímos na ilusão de substituir o emprego, mas entendemos que o empreendedorismo, além de representar novos negócios, também significa aprender a tomar iniciativas”, afirma o diretor executivo.

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