PME

Galeria do rock: Wolfgang's Vault

Como o empresário americano Bill Sagan transformou uma coleção de suvenires de bandas de rock num site que vende cerca de 30 000 itens, como músicas em MP3, vídeos e camisetas

Original em aquarela de um pôster raro: "A mais importante coleção de suvenires do rock e gravações reunidos num só negócio" (Reprodução)

Original em aquarela de um pôster raro: "A mais importante coleção de suvenires do rock e gravações reunidos num só negócio" (Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2012 às 14h49.

São Paulo - Uma empresa de São Francisco, na Califór­nia, a Wolfgang’s Vault, está fazendo dinheiro com a venda de uma grande coleção de raridades que contam a história do rock desde os efervescentes anos 60 até hoje.

São mais de 30.000 itens entre cartazes dos primeiros shows de bandas como Led Zeppelin e The Who, ingressos originais para concertos de astros como Jimi Hendrix e Bob Marley, gravações de shows históricos de bandas como Pink Floyd, Santana e Sex Pistols, além de uma infinidade de fotos de shows e bastidores, camisetas antigas e documentos raros, como o contrato original do primeiro show de Janis Joplin no The Fillmore, lendária casa de espetáculos de São Francisco, pelo qual a roqueira recebeu míseros 500 dólares.

Recentemente, o Wolfgang’s Vault foi definido pelo jornal de negócios americano The Wall Street Journal como o site que mantém "a mais importante coleção de suvenires do rock e gravações reunidos num só negócio". Esse material todo foi colecionado ao longo de quase três décadas pelo produtor musical Bill Graham, considerado o maior agenciador de shows dos primórdios do rock.

Graham morreu em 1991, quando o helicóptero em que viajava, voltando de um espetáculo, caiu sobre uma torre de alta tensão. Anos após sua morte, o acervo passou por várias mãos. Foi inicialmente comprado pelos funcionários de sua produtora, que o venderam para outra empresa. Em 2003, o empresário William Sagan, presidente da Fiserv, uma fornecedora de ferramentas de tecnologia para seguradoras, pagou mais de 5 milhões de dólares pela coleção. 

Depois de seis meses catalogando todos os itens e armazenando-os num galpão climatizado em São Francisco, Sagan criou o site Wolfgang’s Vault para vender itens do acervo pela internet. No ano seguinte, fechou contratos para oferecer, com exclusividade, fotos de alguns dos mais prestigiados fotógrafos especializados em rock.


Para aumentar a audiência do site e o faturamento, que bateu na casa dos 3 milhões de dólares em 2005, Sagan lançou no ano seguinte a Vault Radio, que permitia ao ouvinte fazer o download do áudio digitalizado de shows produzidos e gravados por Graham.

O acesso era gratuito até o limite de 10 horas por mês. A novidade fez sucesso, mas gerou um processo movido por gravadoras e artistas, incluindo a banda Grateful Dead e membros do Led Zeppelin e do The Doors, que exigiam o pagamento de direitos autorais. O caso foi levado aos tribunais e acabou, dois anos depois, em um acordo entre as partes. 

O nome da empresa é uma homenagem a Bill Graham, cujo verdadeiro nome era Wolodia "Wolfgang" Grajonca. Nascido em 1931 em uma família judia na Alemanha, Grajonca escapou dos nazistas quando tinha 10 anos. Emigrou para os Estados Unidos e cresceu nas ruas do Bronx, em Nova York. Aos 18 anos, mudou o nome, que escolheu numa lista telefônica. Lutou na Guerra da Coreia, nos anos 50, e, em meados da década seguinte, mudou-se para São Francisco, onde iniciou a carreira como produtor musical.

Entre outros músicos e bandas que entrariam para a história do rock, Graham lançou Grateful Dead, Carlos Santana e Janis Joplin. Durante anos, gravou fitas com cerca de 20 000 shows produzidos por ele, armazenadas no porão de sua empresa, a Bill Graham Productions.

Colecionou também todo tipo de papel ou objeto relacionado aos espetáculos e, nos anos 80, abriu uma casa noturna em São Francisco chamada Wolfgang’s, o que deu origem ao nome da empresa de Sagan.

Em 2009, quando o site atingiu uma au­diência relevante, foi a hora de Sagan mudar o modelo de negócios para aumentar o faturamento. Naquele ano, o Wolfgang’s Vault passou a vender o download das canções no formato MP3 e a oferecer uma assinatura anual, no valor de 48 dólares, em troca de desconto em compras no site e acesso ilimitado a áudios com qualidade superior aos gratuitos, além de um vale-presente.

Sagan adquiriu mais uma dúzia de acervos musicais, como o do tradicional Newport Jazz Festival, e fechou contrato com várias gravadoras, como a Universal Music, para vender músicas de seus artistas. Também comprou sites e revistas e lançou, em parceria com a Apple, um aplicativo para iPhone e iPod com mais de 4 500 shows dos últimos 50 anos. O software ganhou o concurso 

Macworld Awards 2009, que elege os melhores aplicativos da Apple Store.

Em 2011, o site passou a oferecer gratuitamente, em streaming, vídeos de mais de 1 000 shows gravados ao vivo e a vender seu down­load. A nova fonte de receitas pode render bons resultados.

"Esse é um mercado novo, que deve atingir cifras bilionárias nos próximos anos", afirma Gustavo Caetano, sócio da empresa mineira SambaTech, fornecedora de ferramentas de tecnologia para distribuição de vídeos na internet. "A grande diversidade de músicas e de roqueiros é o ponto forte do Wolfgang’s Vault, que encontrou um nicho de consumidores formado por fãs extremamente fiéis a seus ídolos."

Acompanhe tudo sobre:Artee-commerceEmpreendedoresEntretenimentoIndústria da músicaMúsicaRock

Mais de PME

Mais na Exame