Após aporte bilionário, fintech alemã SumUp investirá R$ 500 mi no Brasil
Startup de pagamentos captou nova rodada de investimentos de cerca de 1,5 bilhão de reais. Um dos objetivos é expandir a atuação em terras brasileiras
Mariana Fonseca
Publicado em 17 de julho de 2019 às 06h00.
Última atualização em 17 de julho de 2019 às 06h00.
A SumUp, fintech alemã de pagamentos móveis que atua em terras brasileiras há seis anos, arrecadou mais recursos para financiar sua expansão -- o que inclui o disputado mercado brasileiro das maquininhas de cartão de crédito e débito.
O negócio captou investimentos de 330 milhões de euros (na cotação atual, cerca de 1,5 bilhão de reais), realizados pelas instituiçõesBain Capital Credit, Goldman Sachs Private Capital, HPS Investment Partners e TPG Sixth Street Partners. Uma boa quantia, 500 milhões de reais, será investida na operação brasileira, seja para o desenvolvimento de produto ou para a captação de mais empreendedores clientes da fintech.
Criada em Berlim no ano de 2012, a SumUp tem 1,5 mil funcionários em 15 escritórios na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. A fintech europeia atende 31 países e tem mais de 1,5 milhão de clientes de suas máquinas de cartão. Diariamente, a SumUp adiciona quatro mil novos clientes à sua base. Em 2019, espera gerar 200 milhões de euros em receita.
O novo aporte servirá para crescer tanto o desenvolvimento de produtos criados pela SumUp, como as maquininhas, quanto para a aquisição de empresas complementares. A fintech adquiriu recentemente, por exemplo, as startupsDebitoor (software dinamarquês de faturamento e contabilidade online) e Shoplo (plataforma polonesa de comércio online multicanal).
Os planos da SumUp para o Brasil
Por aqui, o primeiro objetivo da SumUp é contratar mais 100 funcionários em 2019, com foco principal na área de tecnologia (desenvolvimento e engenharia de produtos). A fintech tem 700 funcionários brasileiros hoje, com sede em São Paulo (SP).
De acordo com Igor Marchesini, fundador e líder global de crescimento da SumUp, o Brasil está entre os três maiores mercados da startup de serviços financeiros alemã. Por aqui, a fintech atendeu mais de 500 mil clientes e faturou 250 milhões de reais no último ano. Em 2019 e nos anos seguintes, planeja crescer na ordem de três dígitos em comparação anual.
"Pretendemos investir 500 milhões de reais na operação brasileira. Planejamos acelerar o crescimento da base de clientes, aumentar o portfólio de produtos oferecidos e realizar novas fusões e aquisições", afirma Marchesini. Outro objetivo é chegar a países vizinhos, como a Argentina. "Ampliaremos nossa operação na América Latina, em países que também deverão passar pelo processo de abertura do mercado de cartões."
A SumUp comercializa as máquinas de cartão SumUp Top, SumUp Super e SumUp Total para principalmente micro e pequenos empreendedores e negócios. Não há cobrança de mensalidade e de taxas de depósito. A taxa para transações no crédito vai de 3,10% a 4,60% (sem parcelamento), enquanto as transações de débito têm uma cobrança de 1,90%.
Um mercado cheio de concorrentes
Apesar dos números grandiosos, a SumUp enfrenta uma concorrência pesada em terras brasileiras.Há um mar de mais 600 fintechs no país, sendo que cerca de um quarto atua no setor de pagamentos. No caso das maquininhas, as fintechs também batalham gigantes do setor. São mais de oito milhões de pontos de venda apenas nas cinco maiores adquirentes do país.
"Nosso maior competidor no Brasil ainda é o dinheiro, pois 70% das transações ainda são feitas em espécie e oferecemos soluções digitais", argumenta o fundador da SumUp. "Mais do que competir com grandes players, temos que nos preparar para mudar esse comportamento e ajudar aqueles que não aceitam cartão passarem a aceitar".
Segundo Marchesini, um diferencial da SumUp está na taxa de antecipação de recebíveis. "O valor que cobramos por parcela nesse quesito é de 1,5%, enquanto empresas maiores chegam a cobrar 2,5% a 3% por parcela antecipada."
A SumUp captou recursos de gente grande para comprar a briga -- e espera que seus produtos e taxas conquistem a preferência dos brasileiros.