Fifa deverá incluir pequenas na Copa 2014
Micro e pequenas empresas foram tema na segunda reunião do Comitê Diretivo Sebrae Copa 2014, no Museu Inhotim, em Brumadinho (MG)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Brumadinho - A Federação Internacional de Futebol (Fifa) é uma compradora voraz nos países em que a Copa Mundial de Futebol se realiza e seus dirigentes e representantes devem tomar conhecimento sobre a importância dos pequenos negócios para a economia brasileira, como também, da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que garante a inserção do segmento nas compras governamentais.
Essa foi uma das questões sugeridas e debatidas, na quarta-feira (14), na segunda reunião do Comitê Diretivo Sebrae Copa 2014, no Museu Inhotim, no município de Brumadinho (MG). Sebrae e instituições parceiras devem informar à Fifa a respeito desses temas, quando participarem de reuniões com a entidade.
"Já pensou se conseguirmos viabilizar a inserção de 30% de serviços e produtos de MPE nos contratos das grandes empresas fornecedoras da Fifa em cada uma das doze cidades-sede da Copa 2014?", desafiou João Hélio Cavalcanti, diretor técnico do Sebrae no Rio Grande do Norte. "Não é nada absurdo ter essa perspectiva. Isso vai de encontro aos objetivos da Lei Geral", resumiu Cavalcanti.
O governo sul-africano negociou com a Fifa, com antecedência, a inclusão de empresas e trabalhadores negros nas obras realizadas naquele país, informou Roberto Pascarella, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV/RJ) e integrante da equipe que está desenvolvendo o Estudo Mapeamento das Oportunidades da Copa 2014 para MPE, em parceria e sob encomenda do Sebrae. Essa atitude serve como referência para o Brasil, disse ele.
O estudo vai subsidiar as ações e projetos que vão integrar o Programa Sebrae Copa 2014, a ser implementado nas doze cidades-sede do megaevento esportivo e suas regiões, a partir deste ano. Apesar de ainda estar em elaboração, o trabalho está dividido em três fases: ante, durante e após a Copa 2014
As três fases
A etapa pré-Copa 2014 vai de 2010 a 2013 e é caracterizada pelos investimentos da Fifa, públicos e privados, que já começaram a chegar nas doze cidades-sede, segundo o professor."Essa é a fase das obras de infraestrutura relacionadas com urbanização, mobilidade urbana, aeroportos, rodovias, portos, estádios e hotéis". As pequenas empresas que serão impactadas diretamente nessa fase são relacionados com a Construção Civil e Tecnologia da Informação (TI), principalmente.
Pequenos negócios apoiadores da Construção Civil serão impactados indiretamente nas doze cidades-sede, particularmente aqueles voltados para áreas de segurança, limpeza, alimentação e transportes. "Grandes empresas vão receber contratos, mas no segundo e terceiro níveis começam a vazar para as pequenas", prevê o professor.
<hr> <p class="pagina">A etapa denominada 'Evento', preparatória da realização da Copa, compreende os anos de 2013 e 2014. Nessa fase começa o fluxo turístico ao País e corresponde ao final dos investimentos em grandes obras. Os gastos do turista que vem ao Brasil e os da Fifa vão ser importantes para os setores do turismo e produção associada (artesanato, brindes e suvernires), comércio varejista, vestuário e serviços gerais.<br><br>Formulário da Fifa referente a essa fase na África da Sul aponta que foram contratados 66 tipos de serviços nesse país só pela federação. "São oportunidades claras para as MPE", ressaltou Pascarella.<br><br>A última fase, ou pós-Copa, abrangerá os anos de 2015 e 2016, segundo o professor da FGV/RJ. "Essa será a etapa do legado e não significa que corresponde exatamente só à estrutura física. Estamos falando do legado para o público do Sebrae. Trata-se do desenvolvimento da micro e pequena empresa, do aumento da demanda turística no País, capacitação dos empresários e sustentabilidade dos pequenos negócios".<br><br>O maior desafio para o Sebrae e parceiros é definir qual o contexto das MPE após a Copa 2014, acrescentou Pascarella. "Algumas delas podem estar na zona do conforto, hoje, e vão passar por um verdadeiro conto de fadas, nos próximos anos, mas que termina em 2014. E aí, a carruagem vai virar abóbora ou poderá crescer na Copa e conseguir se tornar parceira de grandes empresas?".<br><br>O cronograma de prioridades para a elaboração e conclusão do Estudo Mapeamento das Oportunidades da Copa 2014 para as MPE, aprovado pelo Comitê Diretivo Sebrae, a ser cumprido até o final deste ano, é o seguinte: os setores da Construção Civil e Tecnologia da Informação, este mês; turismo (hotéis, alimentação, transportes etc) e produção associada (artesanato, suvenires, entretenimento), agosto; comércio varejista e serviços gerais, setembro; vestuário, outubro; madeira e móveis, novembro; e agronegócios, em dezembro. </p>