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Empreendedor também precisa tirar férias

Há empreendedores que não conseguem ficar 100% longe da empresa — mas isso não é necessariamente ruim, como muita gente pensa

Homem dormindo durante um banho de sol (Matt Cardy/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 23h15.

São Paulo - Para os empreendedores , ano novo é momento de fazer um balanço do que aconteceu de legal no anterior e de pensar em coisas mais legais ainda para o ano seguinte. Ficou combinado que, no Brasil, esse é o período certo de tirar férias e aproveitar o verão. Deveria ser, portanto, uma época de alívio. Mas para muitos empreendedores que conheço é um tormento.

Alguns, em novembro, já estão em pânico com o fim do ano. A família quer definir onde passar férias. Os funcionários querem saber qual é a escala. Os fornecedores e os clientes ligam para perguntar o que vai e o que não vai funcionar na empresa .

Assim, não fico surpresa quando encontro gente angustiada por aí, torcendo para que esse período passe rápido. Faz parte da personalidade típica de um empreendedor não conseguir se afastar da empresa e se sentir tranquilo ao mesmo tempo. Entra aí um pouco de tudo. O senso de responsabilidade, a autocobrança de que cabe a ele dar o exemplo e até o jeito como a pessoa foi criada são alguns dos fatores que causam ansiedade em excesso.

Não há remédio para curar completamente esse aperto no peito. Em alguns casos é mais fácil lidar com ­isso. Há negócios que não podem mesmo parar de funcionar, como hospitais e empresas de segurança. Nessas situações, o jeito é deixar tudo funcionando, montar um esquema de plantão e tentar se organizar como der.

Nos outros casos, é possível optar. Mas quem resolve descansar tem de tomar algumas decisões importantes. Tirar férias e deixar a empresa nas mãos de outras pessoas? Ir viajar e ficar colado no celular?

Muitas vezes surge aquele sobressalto no empreendedor que já havia programado uma viagem com a família ou amigos há muito tempo. Intuição é intuição — e não é bom ignorar os sinais do próprio inconsciente. Se pintou encanação, é bom ter prudência mesmo.

Há situações em que acho perigoso se afastar. Se a equipe está passando por uma reestruturação e postos decisivos estiverem sendo ocupados por gente nova, por exemplo, é importante estar por perto. Mas o que é “por perto”? É necessário estar fisicamente no escritório ou a um telefonema de distância já está bom? O que não falta é tecnologia para resolver, com ligações e mensagens, um monte de pepinos.

Muitas vezes, o problema não é esse. A verdade verdadeira é que empreendedor tem dificuldade em se desligar 100% da empresa que criou. Isso não é necessariamente ruim. Hoje em dia é mais difícil dizer o que é vida profissional e pessoal, trabalho e lazer. E é possível que, estando na praia, você seja apresentado para alguém que, no futuro, venha a ser um parceiro ou investidor.

Bel responde

Mande sua dúvida paracantinhodabel@abril.com.br. As perguntas são selecionadas por Exame PME e podem ser resumidas

Desejo empreender, mas tenho receio de investir em algo que não dê certo. O que devo fazer?
Kelyane Ramirez — Mossoró, RN

Quando criamos algo novo, muita coisa pode dar errado. Podemos avaliar mal o mercado de atuação, lançar o produto ou serviço tarde demais, contratar pessoas fora do perfil ideal — e essa lista não para por aqui. O risco faz parte do processo de empreender. Por isso é importante identificar, com antecedência, quais problemas podem surgir e planejar o que fazer caso algo dê errado.

A boa notícia é que podemos minimizar as chances de que um problema represente o fim de nossas aspirações. É possível, por exemplo, criar protótipos de um produto e testá-los com um número reduzido de clientes. Assim, tomamos um risco calculado. Quando começamos devagarzinho, conseguimos nos recuperar dos inevitáveis tropeços do caminho antes que seja tarde demais.

Muita gente empreende por falta de opção. Como mudar a cabeça das futuras gerações?
Pérsio Oliveira | EducaFácil — São Paulo, SP

Precisamos falar abertamente com os jovens sobre o significado da palavra empreendedorismo. Percebo que essa é uma questão a ser desmistificada. Empreendedorismo é um conceito profundo. Ter uma atitude em­preendedora é muito mais do que só abrir um negócio. Encaro o empreendedorismo como algo muito ligado ao protagonismo, que nada mais é do que a capacidade de criar algo que faça a diferença na vida das pessoas.

Os melhores empreendedores que conheço só se tornaram donos das pró­­prias empresas depois de entender como poderiam se tornar protagonistas de grandes mudanças. Os jovens precisam saber se têm disposição para isso antes de arriscar todas as ­suas fichas num sonho de ocasião. Caso contrário, a chance de decepção é grande.

Acredito que a educação tem papel fundamental para mudar o rumo da história e formar jovens que desejem, a partir de seu trabalho, criar algo de que possam se orgulhar. Isso só vai acontecer quando eles forem ensinados a assumir uma postura mais ativa em vez de só ouvir e obedecer. Não se trata de uma tarefa exclusiva da escola. Se o futuro do empreendedorismo no Brasil preocupa você, que tal adotar jovens que se interessam pelo assunto em sua cidade para aconselhá-los por um tempo? Isso com certeza fará bem a você e a eles.

Cuidar de duas empresas de setores distintos ao mesmo tempo é ruim?
Carolina Suffi | Reale Imóveis — Valinhos, SP

Normalmente, um negócio iniciante exige muito trabalho. É bem raro encontrar pessoas que conseguem dedicar o tempo necessário, com um mínimo de foco, para gerir empresas distintas quando elas estão apenas começando. Por isso, acaba sendo imprudente cuidar de dois negócios simultaneamente.

É importante respeitar o tempo necessário para que a empresa caminhe sem a presença constante do fundador. Formar equipes eficientes e treinar as pessoas de maior responsabilidade é um processo um tanto demorado. Mesmo quando a empresa está mais madura, costuma dar um trabalho danado dividir as atenções com um novo projeto.

Se você sente vontade de empreender novamente, uma ideia é criar uma empresa complementar. Pelo menos assim um negócio pode ajudar o outro a se desenvolver.

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São Paulo - Para os empreendedores , ano novo é momento de fazer um balanço do que aconteceu de legal no anterior e de pensar em coisas mais legais ainda para o ano seguinte. Ficou combinado que, no Brasil, esse é o período certo de tirar férias e aproveitar o verão. Deveria ser, portanto, uma época de alívio. Mas para muitos empreendedores que conheço é um tormento.

Alguns, em novembro, já estão em pânico com o fim do ano. A família quer definir onde passar férias. Os funcionários querem saber qual é a escala. Os fornecedores e os clientes ligam para perguntar o que vai e o que não vai funcionar na empresa .

Assim, não fico surpresa quando encontro gente angustiada por aí, torcendo para que esse período passe rápido. Faz parte da personalidade típica de um empreendedor não conseguir se afastar da empresa e se sentir tranquilo ao mesmo tempo. Entra aí um pouco de tudo. O senso de responsabilidade, a autocobrança de que cabe a ele dar o exemplo e até o jeito como a pessoa foi criada são alguns dos fatores que causam ansiedade em excesso.

Não há remédio para curar completamente esse aperto no peito. Em alguns casos é mais fácil lidar com ­isso. Há negócios que não podem mesmo parar de funcionar, como hospitais e empresas de segurança. Nessas situações, o jeito é deixar tudo funcionando, montar um esquema de plantão e tentar se organizar como der.

Nos outros casos, é possível optar. Mas quem resolve descansar tem de tomar algumas decisões importantes. Tirar férias e deixar a empresa nas mãos de outras pessoas? Ir viajar e ficar colado no celular?

Muitas vezes surge aquele sobressalto no empreendedor que já havia programado uma viagem com a família ou amigos há muito tempo. Intuição é intuição — e não é bom ignorar os sinais do próprio inconsciente. Se pintou encanação, é bom ter prudência mesmo.

Há situações em que acho perigoso se afastar. Se a equipe está passando por uma reestruturação e postos decisivos estiverem sendo ocupados por gente nova, por exemplo, é importante estar por perto. Mas o que é “por perto”? É necessário estar fisicamente no escritório ou a um telefonema de distância já está bom? O que não falta é tecnologia para resolver, com ligações e mensagens, um monte de pepinos.

Muitas vezes, o problema não é esse. A verdade verdadeira é que empreendedor tem dificuldade em se desligar 100% da empresa que criou. Isso não é necessariamente ruim. Hoje em dia é mais difícil dizer o que é vida profissional e pessoal, trabalho e lazer. E é possível que, estando na praia, você seja apresentado para alguém que, no futuro, venha a ser um parceiro ou investidor.

Bel responde

Mande sua dúvida paracantinhodabel@abril.com.br. As perguntas são selecionadas por Exame PME e podem ser resumidas

Desejo empreender, mas tenho receio de investir em algo que não dê certo. O que devo fazer?
Kelyane Ramirez — Mossoró, RN

Quando criamos algo novo, muita coisa pode dar errado. Podemos avaliar mal o mercado de atuação, lançar o produto ou serviço tarde demais, contratar pessoas fora do perfil ideal — e essa lista não para por aqui. O risco faz parte do processo de empreender. Por isso é importante identificar, com antecedência, quais problemas podem surgir e planejar o que fazer caso algo dê errado.

A boa notícia é que podemos minimizar as chances de que um problema represente o fim de nossas aspirações. É possível, por exemplo, criar protótipos de um produto e testá-los com um número reduzido de clientes. Assim, tomamos um risco calculado. Quando começamos devagarzinho, conseguimos nos recuperar dos inevitáveis tropeços do caminho antes que seja tarde demais.

Muita gente empreende por falta de opção. Como mudar a cabeça das futuras gerações?
Pérsio Oliveira | EducaFácil — São Paulo, SP

Precisamos falar abertamente com os jovens sobre o significado da palavra empreendedorismo. Percebo que essa é uma questão a ser desmistificada. Empreendedorismo é um conceito profundo. Ter uma atitude em­preendedora é muito mais do que só abrir um negócio. Encaro o empreendedorismo como algo muito ligado ao protagonismo, que nada mais é do que a capacidade de criar algo que faça a diferença na vida das pessoas.

Os melhores empreendedores que conheço só se tornaram donos das pró­­prias empresas depois de entender como poderiam se tornar protagonistas de grandes mudanças. Os jovens precisam saber se têm disposição para isso antes de arriscar todas as ­suas fichas num sonho de ocasião. Caso contrário, a chance de decepção é grande.

Acredito que a educação tem papel fundamental para mudar o rumo da história e formar jovens que desejem, a partir de seu trabalho, criar algo de que possam se orgulhar. Isso só vai acontecer quando eles forem ensinados a assumir uma postura mais ativa em vez de só ouvir e obedecer. Não se trata de uma tarefa exclusiva da escola. Se o futuro do empreendedorismo no Brasil preocupa você, que tal adotar jovens que se interessam pelo assunto em sua cidade para aconselhá-los por um tempo? Isso com certeza fará bem a você e a eles.

Cuidar de duas empresas de setores distintos ao mesmo tempo é ruim?
Carolina Suffi | Reale Imóveis — Valinhos, SP

Normalmente, um negócio iniciante exige muito trabalho. É bem raro encontrar pessoas que conseguem dedicar o tempo necessário, com um mínimo de foco, para gerir empresas distintas quando elas estão apenas começando. Por isso, acaba sendo imprudente cuidar de dois negócios simultaneamente.

É importante respeitar o tempo necessário para que a empresa caminhe sem a presença constante do fundador. Formar equipes eficientes e treinar as pessoas de maior responsabilidade é um processo um tanto demorado. Mesmo quando a empresa está mais madura, costuma dar um trabalho danado dividir as atenções com um novo projeto.

Se você sente vontade de empreender novamente, uma ideia é criar uma empresa complementar. Pelo menos assim um negócio pode ajudar o outro a se desenvolver.

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