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Faça você mesmo, diz livro de Chris Anderson

Em Makers, o americano Chris Anderson explica como a disseminação das impressoras 3D pode abrir novas oportunidades de negócios para os donos de pequenas e médias empresa

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2012 às 05h00.

São Paulo - Existem  muitos casos de empreendedores de sucesso que escreveram livros contando como fizeram para transformar suas empresas em líderes de mercado, grandes marcas ou exemplos de boas práticas de gestão. Menos comuns são histórias como a do jornalista americano Chris Anderson — ele primeiro construiu uma carreira sólida como escritor para depois abrir a própria empresa.

Autor de obras como A Cauda Longa e Freemium, nas quais analisa como as novas tecnologias estão revolucionando os negócios, Anderson deixou, no começo de novembro, o cargo de editor-chefe da revista americana de tecnologia e negócios Wired para trabalhar em tempo integral na 3D Robotics, empresa fundada em 2007. Seu negócio é fabricar drones, como são chamados os aeromodelos que voam sem que ninguém os comande, usando sensores, aparelhos de GPS e computadores para se locomover de um lugar para outro.

A decisão de deixar o emprego para se tornar empreendedor em tempo integral tem muito a ver com as experiências que levaram Anderson a escrever seu livro mais recente,  Makers — A Nova Revolução Industrial, já lançado no Brasil. Na obra, ele conta como uma nova geração de inventores está criando pequenas indústrias graças à ajuda de ferramentas como as impressoras 3D, que moldam peças e objetos com base em desenhos de computador, e à facilidade de comunicação e troca de informações pela internet.

O livro e a 3D Robotics começaram a nascer há pouco mais de cinco anos, numa manhã ensolarada de domingo, quando Anderson teve a ideia de construir um drone para os filhos utilizando peças de um aeromodelo e um kit para montar brinquedos robóticos da Lego.

Nas semanas seguintes, ele criou uma rede social na internet para trocar informações com outras pessoas que também montam brinquedos eletrônicos como passatempo. A partir de então, a empresa ajudou a desenvolver partes, softwares e projetos de drones — Anderson estima já ter vendido centenas de aviõezinhos e mini-helicópteros controlados por computador.

Em Makers, Anderson esboça as características do que acredita ser o prenúncio de uma nova Revolução Industrial. "A ideia a respeito do que é uma fábrica está começando a mudar rapidamente", afirma ele. "Assim como a internet democratizou a inovação em bits, multiplicando os novos negócios em setores como o de softwares e de comércio eletrônico, uma nova classe de tecnologias está democratizando a inovação em átomos, facilitando a produção de objetos a baixo custo."


Em vez das grandes indústrias movidas a máquinas e a equipamentos pesados, Anderson acredita ter iniciado uma nova era na qual qualquer um pode ter uma pequena fábrica na garagem de casa. O livro e a experiência com a 3D Robotics ajudaram a transformar Anderson numa espécie de celebridade entre os makers ("fazedores", em inglês), como estão ficando conhecidos os donos de pequenas indústrias em setores como o de genética, brinquedos, moda e computação.

Seu mantra é a sigla DIY (as iniciais de Do it yourself, ou "Faça você mesmo"). Os makers surgiram nos Estados Unidos há alguns anos e ganharam força recentemente. Hoje, já existem várias publicações dedicadas aos interessados nesse tipo de empreendedorismo, e seus seguidores se encontram anualmente para discutir as novidades em eventos que reúnem milhões de pessoas, como a Maker Faire, a principal feira de DIY do planeta, que acontece na Califórnia.

No livro, Anderson narra, num estilo simples e direto, como os em­preendedores podem produzir, com poucos recursos, bens tão diversos quanto eletrônicos, sapatos e brinquedos graças a recursos digitais que não existiam até pouco tempo atrás.

Para Anderson, o desenvolvimento de impressoras 3D de baixo custo — hoje há modelos a partir de 1.000 dólares no mercado americano — tem sido a principal arma do exército à frente da nova Revolução Industrial. Essas máquinas permitem a qualquer um com uma ideia na cabeça e algum conhecimento técnico transformar-se num industrial do novo milênio.

São pessoas como o engenheiro americano Will Chapman, fundador da BrickArms, um dos exemplos citados no livro. A empresa fabrica armas de brinquedo adaptáveis aos bonecos da Lego. O negócio foi criado a pedido de seu filho caçula. O garoto queria formar um pelotão de soldados da Segunda Guerra Mundial com bonecos, e Chapman decidiu ajudá-lo produzindo as armas e os acessórios numa impressora 3D.

Atualmente, a BrickArms fabrica réplicas de rifles M16, lançadores de granada e outros modelos de armamentos e acessórios bélicos em miniatura.

Para Anderson, os makers também se beneficiam da cultura de colaboração nascida com a disseminação da internet. Ele se refere, basicamente, à facilidade de encontrar parceiros interessados em colaborar para o desenvolvimento de um novo produto, fornecer peças e insumos necessários para que um projeto seja concluído e até mesmo gente disposta em financiar o desenvolvimento de novas ideias.


Um dos casos narrados em Makers é o do americano Alex Andon, que largou o emprego numa grande com­panhia de biotecnologia para criar a Jellyfish Art, fabricante de aquários para águas-vivas. Sem dinheiro para montar o negócio, ele recorreu ao Kick­starter, um site no qual os empreendedores podem divulgar seus planos de negócios em busca de investidores. Seu objetivo inicial era conseguir em torno de 3.000 dólares para produzir as primeiras peças — em menos de 30 dias, Andon arrecadou cerca de 130.000 dólares.

Na 3D Robotics, Anderson também recorreu a colaboradores que encontrou na internet. O design dos mini-helicópteros e dos aviões vendidos pela empresa de Anderson, por exemplo, bem como os softwares usados na produção deles, é fruto da criação voluntária de internautas.

A última parte do livro é um apêndice onde Anderson lista as principais ferramentas utilizadas pelos makers. Além das impressoras 3D, há equipamentos como cortadores a laser e soft­wares de design que ajudam arquitetos e engenheiros a conceber os desenhos técnicos de seus projetos. Anderson afirma que as novas tecnologias encurtaram o caminho entre o surgimento de uma ideia e sua transformação num negócio.

No passado, segundo ele, inventores como o americano Thomas Edison precisavam gastar milhares de horas de pesquisa e desenvolvimento de protótipos em seus laboratórios para chegar a um produto bom o suficiente para ser lançado no mercado. Hoje, o mesmo trabalho pode ser feito em poucos meses ou semanas, custando apenas uma fração do que era preciso gastar no desenvolvimento de um novo produto até poucos anos atrás.

"O custo de começar uma empresa, montar seus primeiros protótipos e lançar um novo produto no mercado está caindo drasticamente", afirma Anderson.

Ultrapassada a barreira de entrar no mercado, os novos industriais têm dois caminhos a seguir. Um deles é estruturar seus negócios num modelo de pequena escala, fabricando produtos customizados para mercados específicos. Outros empreendedores, no entanto, podem utilizar tudo o que a tecnologia tem a oferecer para tirar uma empresa do papel, testar seus produtos, responder às necessidades do consumidor e, então, construir uma companhia com produção em larga escala.

No livro, Anderson dá como exemplo a história da Sparkfun, empresa fundada pelo engenheiro Nathan Siedle. A empresa surgiu da necessidade que Siedle tinha, quando era estudante, de encontrar os componentes eletrônicos necessários a seus projetos de faculdade. Por isso, ele decidiu criar um negócio especializado em desenhar e produzir placas de circuitos impressos. Hoje, a empresa tem uma linha de produção automatizada, emprega mais de 120 funcionários e fatura 30 milhões de dólares por ano.

A própria 3D Robotics também poderia ser um exemplo eloquente de como uma pequena indústria dessa nova era da manufatura pode encontrar seus caminhos para o crescimento. Pouco depois de pedir demissão da Wired, Anderson captou 5 milhões de dólares com dois fundos de capital de risco americanos. O dinheiro será aplicado na expansão da empresa. "Encontrei a oportunidade de perseguir um sonho de empreendedorismo", disse Anderson pouco depois do anúncio do investimento.

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São Paulo - Existem  muitos casos de empreendedores de sucesso que escreveram livros contando como fizeram para transformar suas empresas em líderes de mercado, grandes marcas ou exemplos de boas práticas de gestão. Menos comuns são histórias como a do jornalista americano Chris Anderson — ele primeiro construiu uma carreira sólida como escritor para depois abrir a própria empresa.

Autor de obras como A Cauda Longa e Freemium, nas quais analisa como as novas tecnologias estão revolucionando os negócios, Anderson deixou, no começo de novembro, o cargo de editor-chefe da revista americana de tecnologia e negócios Wired para trabalhar em tempo integral na 3D Robotics, empresa fundada em 2007. Seu negócio é fabricar drones, como são chamados os aeromodelos que voam sem que ninguém os comande, usando sensores, aparelhos de GPS e computadores para se locomover de um lugar para outro.

A decisão de deixar o emprego para se tornar empreendedor em tempo integral tem muito a ver com as experiências que levaram Anderson a escrever seu livro mais recente,  Makers — A Nova Revolução Industrial, já lançado no Brasil. Na obra, ele conta como uma nova geração de inventores está criando pequenas indústrias graças à ajuda de ferramentas como as impressoras 3D, que moldam peças e objetos com base em desenhos de computador, e à facilidade de comunicação e troca de informações pela internet.

O livro e a 3D Robotics começaram a nascer há pouco mais de cinco anos, numa manhã ensolarada de domingo, quando Anderson teve a ideia de construir um drone para os filhos utilizando peças de um aeromodelo e um kit para montar brinquedos robóticos da Lego.

Nas semanas seguintes, ele criou uma rede social na internet para trocar informações com outras pessoas que também montam brinquedos eletrônicos como passatempo. A partir de então, a empresa ajudou a desenvolver partes, softwares e projetos de drones — Anderson estima já ter vendido centenas de aviõezinhos e mini-helicópteros controlados por computador.

Em Makers, Anderson esboça as características do que acredita ser o prenúncio de uma nova Revolução Industrial. "A ideia a respeito do que é uma fábrica está começando a mudar rapidamente", afirma ele. "Assim como a internet democratizou a inovação em bits, multiplicando os novos negócios em setores como o de softwares e de comércio eletrônico, uma nova classe de tecnologias está democratizando a inovação em átomos, facilitando a produção de objetos a baixo custo."


Em vez das grandes indústrias movidas a máquinas e a equipamentos pesados, Anderson acredita ter iniciado uma nova era na qual qualquer um pode ter uma pequena fábrica na garagem de casa. O livro e a experiência com a 3D Robotics ajudaram a transformar Anderson numa espécie de celebridade entre os makers ("fazedores", em inglês), como estão ficando conhecidos os donos de pequenas indústrias em setores como o de genética, brinquedos, moda e computação.

Seu mantra é a sigla DIY (as iniciais de Do it yourself, ou "Faça você mesmo"). Os makers surgiram nos Estados Unidos há alguns anos e ganharam força recentemente. Hoje, já existem várias publicações dedicadas aos interessados nesse tipo de empreendedorismo, e seus seguidores se encontram anualmente para discutir as novidades em eventos que reúnem milhões de pessoas, como a Maker Faire, a principal feira de DIY do planeta, que acontece na Califórnia.

No livro, Anderson narra, num estilo simples e direto, como os em­preendedores podem produzir, com poucos recursos, bens tão diversos quanto eletrônicos, sapatos e brinquedos graças a recursos digitais que não existiam até pouco tempo atrás.

Para Anderson, o desenvolvimento de impressoras 3D de baixo custo — hoje há modelos a partir de 1.000 dólares no mercado americano — tem sido a principal arma do exército à frente da nova Revolução Industrial. Essas máquinas permitem a qualquer um com uma ideia na cabeça e algum conhecimento técnico transformar-se num industrial do novo milênio.

São pessoas como o engenheiro americano Will Chapman, fundador da BrickArms, um dos exemplos citados no livro. A empresa fabrica armas de brinquedo adaptáveis aos bonecos da Lego. O negócio foi criado a pedido de seu filho caçula. O garoto queria formar um pelotão de soldados da Segunda Guerra Mundial com bonecos, e Chapman decidiu ajudá-lo produzindo as armas e os acessórios numa impressora 3D.

Atualmente, a BrickArms fabrica réplicas de rifles M16, lançadores de granada e outros modelos de armamentos e acessórios bélicos em miniatura.

Para Anderson, os makers também se beneficiam da cultura de colaboração nascida com a disseminação da internet. Ele se refere, basicamente, à facilidade de encontrar parceiros interessados em colaborar para o desenvolvimento de um novo produto, fornecer peças e insumos necessários para que um projeto seja concluído e até mesmo gente disposta em financiar o desenvolvimento de novas ideias.


Um dos casos narrados em Makers é o do americano Alex Andon, que largou o emprego numa grande com­panhia de biotecnologia para criar a Jellyfish Art, fabricante de aquários para águas-vivas. Sem dinheiro para montar o negócio, ele recorreu ao Kick­starter, um site no qual os empreendedores podem divulgar seus planos de negócios em busca de investidores. Seu objetivo inicial era conseguir em torno de 3.000 dólares para produzir as primeiras peças — em menos de 30 dias, Andon arrecadou cerca de 130.000 dólares.

Na 3D Robotics, Anderson também recorreu a colaboradores que encontrou na internet. O design dos mini-helicópteros e dos aviões vendidos pela empresa de Anderson, por exemplo, bem como os softwares usados na produção deles, é fruto da criação voluntária de internautas.

A última parte do livro é um apêndice onde Anderson lista as principais ferramentas utilizadas pelos makers. Além das impressoras 3D, há equipamentos como cortadores a laser e soft­wares de design que ajudam arquitetos e engenheiros a conceber os desenhos técnicos de seus projetos. Anderson afirma que as novas tecnologias encurtaram o caminho entre o surgimento de uma ideia e sua transformação num negócio.

No passado, segundo ele, inventores como o americano Thomas Edison precisavam gastar milhares de horas de pesquisa e desenvolvimento de protótipos em seus laboratórios para chegar a um produto bom o suficiente para ser lançado no mercado. Hoje, o mesmo trabalho pode ser feito em poucos meses ou semanas, custando apenas uma fração do que era preciso gastar no desenvolvimento de um novo produto até poucos anos atrás.

"O custo de começar uma empresa, montar seus primeiros protótipos e lançar um novo produto no mercado está caindo drasticamente", afirma Anderson.

Ultrapassada a barreira de entrar no mercado, os novos industriais têm dois caminhos a seguir. Um deles é estruturar seus negócios num modelo de pequena escala, fabricando produtos customizados para mercados específicos. Outros empreendedores, no entanto, podem utilizar tudo o que a tecnologia tem a oferecer para tirar uma empresa do papel, testar seus produtos, responder às necessidades do consumidor e, então, construir uma companhia com produção em larga escala.

No livro, Anderson dá como exemplo a história da Sparkfun, empresa fundada pelo engenheiro Nathan Siedle. A empresa surgiu da necessidade que Siedle tinha, quando era estudante, de encontrar os componentes eletrônicos necessários a seus projetos de faculdade. Por isso, ele decidiu criar um negócio especializado em desenhar e produzir placas de circuitos impressos. Hoje, a empresa tem uma linha de produção automatizada, emprega mais de 120 funcionários e fatura 30 milhões de dólares por ano.

A própria 3D Robotics também poderia ser um exemplo eloquente de como uma pequena indústria dessa nova era da manufatura pode encontrar seus caminhos para o crescimento. Pouco depois de pedir demissão da Wired, Anderson captou 5 milhões de dólares com dois fundos de capital de risco americanos. O dinheiro será aplicado na expansão da empresa. "Encontrei a oportunidade de perseguir um sonho de empreendedorismo", disse Anderson pouco depois do anúncio do investimento.

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