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Ex-Facebook cria site com descontos de até 80% e televisão a um real

A Facily é um aplicativo de comércio social de produtos. Com menos de um ano de operação, a rede já alcança 100 mil pedidos

Dinheiro: marketplace apresenta desconto médio em produtos entre 60 a 70% (Pixabay/Reprodução)

Mariana Fonseca

Publicado em 9 de julho de 2019 às 08h00.

Última atualização em 9 de julho de 2019 às 08h00.

Ao pensar em qual negócio próprio poderiam montar em terras brasileiras, executivos brasileiros de gigantes como Facebook, SAP e Uber olharam para um mercado quente lá fora: os superaplicativos, que concentram diversas funcionalidades em uma única tela.

Criada em abril deste ano, a Facily é um “ comércio eletrônico social” para juntar amigos e aproveitar descontos de até 80% por compras coletivas , jogos ou uso de moedas acumuladas na plataforma. A startup alcança 100 mil pedidos mediados e projeta, ambiciosamente, transformar seus 500 mil downloads atuais em 100 milhões nos próximos anos.

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De WeChat a WhatsApp

A maior inspiração para o “comércio eletrônico social” Facily foi o chinês WeChat. Criado pela gigante de tecnologia Tencent, o mensageiro também serve como rede social, meio de pagamento, plataforma de jogos e até para agendar consultas médicas.

“Tive a sorte de viajar para muitos lugares e conhecer os maiores aplicativos do mundo por meio do Facebook. Reparei como usar as ferramentas de mensageria para compartilhar bons negócios era um modelo que funcionava muito bem. O WeChat possui uma funcionalidade chamada envelope vermelho, para dar créditos promocionais a outros usuários”, afirmou Diego Dzodan, ex-vice presidente do Facebook no Brasil, a EXAME.

Outra inspiração foi o crescimento da plataforma de compras coletivas Peixe Urbano, que é mais anônima e focada em serviços. “Isso nos mostrou como as pessoas gostam de realizar aquisições em grupo.”

Diego Dzodan, ex-Facebook e cofundador da plataforma Facily (Murillo Constantino/Facily/Divulgação)

Dzodan saiu do Facebook em outubro de 2018, já com a ideia de negócio em mente. Inaugurou em abril deste ano a Facily, junto dos executivos Luciano Freitas (ex-Airbnb e Uber) e Vitor Zaninotto (ex-SAP). O negócio obteve um aporte semente do fundo de investimentos Canary, de valor não revelado.

Na Facily, o WeChat se transformou em WhatsApp como principal aplicativo de mensageria para compartilhar ofertas na modalidade “Compre Junto”. Facebook e Instagram também são usados.

É preciso ter um número mínimo de pessoas comprando junto para aproveitar as promoções, variável dependendo da oferta -- pode ser trazer apenas mais um usuário, ou mais seis deles.

Os descontos vão até 80% do valor original, com uma média de 60 a 70%. Os preços menores são obtidos a partir da negociação com fornecedores, que diminuem sua margem diante das compras em lotes de usuários.

Além da compra social, a Facily acrescentou outras funções ao seu superaplicativo. Na modalidade “Jogue Junto”, usuários trazem amigos e cada um paga um real para concorrer a super ofertas, como uma televisão de 60 polegadas da marca LG por um real. Quantos mais amigos, maiores as chances. Caso não ganhem, o dinheiro pago para jogar é reembolsado.

Outra modalidade são as “Moedas de Ouro”, recebidas ao trazer amigos para a plataforma, jogar ou fazer compras. Elas são usadas para realizar novas ações na Facily, em uma espécie de cashback de uso interno.

Tela do aplicativo da Facily: marketplace apresenta desconto médio em produtos entre 60 a 70% (Facily/Divulgação)

Crescimento ambicioso

As duas principais categorias vendidas na Facily são a de acessórios para celular e a de frutas e verduras. Os usuários realizam, em média, três compras semanais. A Facily está perto de alcançar a marca de 100 mil pedidos, de acordo com a própria startup. Apenas nos últimos dois meses, o volume de transações aumentou cinco vezes e a modalidade “Compre Junto” cresceu 20% por semana. O aplicativo foi baixado 500 mil vezes.

Segundo Dzodan, o foco da Facily é obter um bom volume de compradores e vendedores. Esse equilíbrio, conhecido como liquidez, é fundamental para todo marketplace. Não há cobrança de comissões nem dos vendedores nem dos compradores, e sim taxas adicionais para aparecer em posição prioritária nas buscas. “Acreditamos no potencial de um mercado no qual fabricantes cheguem direto aos consumidores sem pagar uma taxa que só prejudica todas as partes.”

Além da aquisição de usuários, a Facily investirá na captação de mais fornecedores e no desenvolvimento de um algoritmo dotado de inteligência artificial para sugerir os produtos mais interessantes a cada usuário -- modelo similar às recomendações vistas na plataforma de streaming Netflix.

Até o final do ano, o cofundador estima que a Facily chegue a um milhão de downloads. Os próximos passos são 100 milhões de usuários e a chegada em outros países da América Latina.

A experiência em gigantes de tecnologia ensinou os executivos a não pensarem pequeno -- e a colocarem crescimento à frente dos lucros.

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