Esta startup cresceu 60% em 2020 com a preocupação mundial com a Amazônia
A brasileira Agrotools, criada em 2007, tem cerca de 120 clientes e cobre uma área de mais de 200 milhões de hectares
Carolina Ingizza
Publicado em 27 de julho de 2020 às 16h12.
Última atualização em 27 de julho de 2020 às 16h18.
A sustentabilidade nunca esteve tão em pauta. Em um momento em que o governo brasileiro é cobrado por políticos e instituições financeiras internacionais para que haja controle sobre o desmatamento na Amazônia, uma companhia brasileira cresce justamente garantindo as boas práticas agrícolas . É a Agrotools, empresa de tecnologia criada em 2007 por Sergio Rocha para digitalizar o campo.
Com um sistema que captura dados nas terras agrícolas, a empresa consegue munir produtores e gestores com informações sobre como está se comportando o campo. Bancos e seguradoras, por exemplo, utilizam os dados colhidos pela Agrotools para avaliar o risco de crédito e precificar o valor de um potencial seguro agrícola.
Em outra frente, a empresa oferece uma análise do comportamento de uso das terras. Com isso, clientes conseguem ver se a matéria-prima comprada vem de uma região de desmatamento ou se foi usado trabalho escravo em sua cadeia produtiva. “Nós conseguimos dar para o comprador a garantia de que é um produto adequado”, diz Rocha. Grandes redes utilizam os serviços da startup, entre elas McDonald's Global, Walmart e Carrefour. Ao todo, são mais de 120 clientes e cerca de 200 milhões de hectares monitorados.
Em plena pandemia, a startup conseguiu crescer 60% no segundo trimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. “Com o ataque que o agro está recebendo, a agenda da iniciativa privada rapidamente se adaptou em direção a um processo de sustentabilidade mais adequado. Os bancos, em vez de penalizar, estão premiando o produtor e as indústrias do bem”, diz o fundador.
Um terço das receitas da startup vem da exportação de produtos, o que ajuda em um momento de desvalorização do real frente ao dólar. Hoje, além do Brasil, a companhia opera na Austrália, no Paraguai e na Argentina. “Estou convencido de que a inovação vem da adversidade. Como temos muita no Brasil, nossas soluções estão muito na frente de outros países”, diz Rocha. O desafio agora, para o fundador, é aumentar a carteira de exportação, entrando em países como Colômbia e México.
A empresa hoje tem 100 funcionários, todos trabalhando remotamente desde o começo da pandemia. “Somente nos primeiros seis meses deste ano vendemos, em novos contratos, o equivalente a 70% do faturamento total do ano anterior. Até o final do ano, pretendemos vender mais de 200% do faturamento do ano anterior”, diz Rocha.
Em abril, para acelerar o crescimento, a companhia recebeu um investimento de valor não divulgado da gestora KPTL. Nos próximos meses, a meta é fazer uma nova rodada de captação de recursos para, possivelmente, adquirir outras empresas do mercado de tecnologia agrícola.