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Esta empresa de automação já substituiu 4.800 empregos no Brasil

Para CEO da Indigosoft, país deveria dar atenção à perda de vagas para a tecnologia "antes do caos acontecer". Negócio faturou 32 milhões de reais em 2017.

Tecnologia: a Indigosoft usa tecnologia para automatizar processos (Thinkstock/Thinkstock)

Mariana Desidério

Publicado em 20 de março de 2018 às 06h00.

Última atualização em 20 de março de 2018 às 12h05.

São Paulo – A perda de vagas no mercado de trabalho devido ao avanço da tecnologia é uma realidade inevitável, e o Brasil deveria estar mais atento a isso. Esta é a visão de Fabrício Martins, CEO da Indigosoft, empresa que faz automação de processos e já fechou 4.800 vagas de emprego desde que começou a atuar no Brasil.

“Esse assunto ainda é muito velado hoje, inclusive para as empresas que nos procuram”, afirma.

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A Indigosoft fabrica soluções usando inteligência artificial e big data para automação de processos. No mercado brasileiro de 2015, tem clientes em setores como contact centers, telecomunicações e educação. Dentre os mais expressivos estão Vivo e Nextel.

O CEO exemplifica o tipo serviço oferecido pela empresa: no caso da Vivo, quando um cliente ligava para reclamar de problemas na internet, por exemplo, o atendente precisava buscar informações em diversos sistemas diferentes para descobrir o que estava acontecendo.

“Agora ele aperta um botão e o nosso sistema busca automaticamente em todos os bancos de dados onde pode estar o problema, se é falta de pagamento ou uma falha no sinal da região, por exemplo”.

Outro caso interessante é o de um grupo de faculdades. “É uma rede que fez aquisições recentemente e cada uma das bandeiras adquiridas usa um software de gestão diferente. Se um professor dava aulas em três bandeiras do grupo, era preciso ir em cada um desses sistemas conferir o ponto dele para processar o pagamento”, explica.

Segundo Martins, esse trabalho era feito por uma equipe de 630 pessoas, era demorado e tinha muitos erros. Com a solução criada pela Indigosoft, agora o processo é automático. A equipe que processava isso não existe mais.

Futuro

De acordo com um estudo recente feito pela consultoria McKinsey, metade dos atuais postos de trabalho no mundo poderiam ser automatizados. “Entre 400 e 800 milhões de indivíduos poderão perder seus empregos devido à automação e precisarão encontrar novos empregos até 2030”, diz o relatório.

Porém, isso não significa necessariamente que essas pessoas permanecerão desempregadas. O estudo indica que haverá novos empregos disponíveis, mas “75 a 375 milhões talvez precisem mudar de categoria ocupacional e aprender novas habilidades”.

Na visão de Martins, a sociedade precisa discutir esse tema mais abertamente. “Penso nisso todos os dias. Estamos investindo na produção de vídeos sobre esse assunto que sirvam para escolas e famílias pensarem sobre o futuro da mão de obra e orientarem os jovens. Queremos incentivar as pessoas a pensarem sobre isso antes do caos acontecer. Esse é nosso trabalho social”, afirma.

O empreendedor arrisca um palpite sobre o futuro do mercado de trabalho: “O robô pode ser muito melhor que o humano em atividades técnicas, mas na criatividade não. O caminho do futuro é o da criatividade”, diz.

Tecnologia

Criada no Vale do Silício e financiada por fundos americanos, a tecnologia usada pela Indigosoft é chamada de RPA 2.0. Ela foi desenvolvida inicialmente para atender a uma demanda do mercado de seguros americano.

Na época em que conheceu a solução, Martins presidia um contact center e estava em busca de soluções para melhorar sua rentabilidade. “Testei todas as tecnologias disponíveis até que fui apresentado à Indigosoft”, lembra.

Reconhecendo o potencial da tecnologia, o empreendedor comprou a empresa dos fundos americanos em 2016, e hoje tem a patente de seus produtos tanto aqui quanto nos Estados Unidos. O valor da aquisição não é revelado.

A Indigosoft faturou 32 milhões de reais no ano passado, e espera fechar 2018 com um faturamento de 100 milhões de reais.

Hoje a empresa tem quatro soluções de automação digital de processos, inclusive usando reconhecimento de áudio. Isso permite, por exemplo, que um cliente ligue para uma operadora e simplesmente diga “estou com problemas na internet”, em vez de esperar as tediosas opções do atendimento automático comum.

Agora, a Indigosoft busca investimento e quer levantar aporte da ordem dos 60 milhões de dólares. Para 2018, o plano é a internacionalização, com foco inicial em países da América Latina como Colômbia e Peru.

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