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Esta brasileira quer ajudar refugiados a trabalharem no Google

Ideia de negócio da brasileira Laura Oller é finalista do Hult Prize, o Nobel dos estudantes, cuja premiação acontece amanhã.

A brasileira Laura Oller (esq.) e dois dos seus sócios no Dignify (Foto/Divulgação)

Mariana Desidério

Publicado em 15 de setembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 15 de setembro de 2017 às 06h00.

São Paulo – Imagine um refugiado trabalhando para o Google . É uma imagem um pouco diferente da que temos em mente quando pensamos na situação dessas pessoas obrigadas a deixarem seus países. Mas é justamente essa a proposta do Dignify: conectar refugiados a oportunidades de trabalho para empresas de tecnologia.

O projeto foi elaborado pela brasileira Laura Oller, estudante de Harvard , junto com outros quatro sócios – cada um de uma nacionalidade –, e é finalista do Hult Prize, conhecido como o prêmio Nobel para estudantes, cujo vencedor será anunciado amanhã, em Nova York.

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“Nossa expectativa com o prêmio é grande. Mesmo que a gente não ganhe, a premiação é uma oportunidade de conseguir investimento”, afirma Oller. Além dela, são sócios no negócio o sírio-libanês Ziad Reslan, a polonesa Marta Milkowska, a dinamarquesa Sara Rendtorff e o americano Alex Choi.

Promovido pela Hult International Business School, o Hult Prize tem como seu principal aliado o ex-presidente americano Bill Clinton. Todos os anos, o prêmio desafia universitários a apresentarem ideias de negócio para ajudar a solucionar problemas globais. Nesta edição, o desafio é ajudar 10 milhões de refugiados. O vencedor receberá 1 milhão de dólares.

Laura Oller explica que a ideia do Dignify parte da premissa de que os refugiados “são pessoas como nós”. “Partimos da ideia de que eles são pessoas como nós, e que portanto precisam ser empoderadas. São pessoas que estavam vivendo uma vida normal e perderam tudo, mas que têm um monte de habilidades. Acreditamos que o caminho não é a ajuda humanitária, mas sim dar uma oportunidade, uma chance para a pessoa ter receita”, afirma a brasileira, que faz mestrado em políticas públicas em Harvard.

Oller cita um dado segundo o qual um a cada dois refugiados sírios trabalha em condições de exploração, com longas jornadas e sem a certeza de que vão receber. Outro ponto importante, é que, de acordo com a empreendedora, grande parte dos refugiados está hoje nas cidades.

“A imagem que a gente tem de um refugiado numa tenda no campo de refugiados não corresponde à realidade. Eles vivem mais nas cidades. Isso quer dizer que recebem menos ajuda e precisam pagar aluguel, o que os coloca numa situação muito difícil”, afirma.

Observando este cenário, ela e os seus sócios começaram a buscar uma forma de oferecer oportunidades dignas de trabalho a essas pessoas. “Pensando que vivemos numa economia digital, por que não usar isso para dar uma oportunidade a essas pessoas?”, questiona.

A proposta do Dignify, portanto, é agregar oportunidades de trabalho remoto a refugiados capacitados para executar o serviço.

São tarefas como análise de imagens, processos administrativos e entrada de dados, que não exigem muitos conhecimentos técnicos. “As empresas de tecnologia precisam muito desse tipo de serviço. Para se ter um carro que anda sem motorista, por exemplo, é necessário um milhão de informações para que esse carro percorra apenas um quilômetro”, explica a empreendedora.

Mesmo sem saber o resultado do Hult Prize, a startup já conseguiu 15 cartas de intenção de empresas que se mostraram interessadas em terceirizar esse tipo de serviço para refugiados do Dignify – dentre elas o Google. O projeto já recebeu também um investimento de 50 mil dólares de uma fundação que atua com refugiados. Agora é torcer para levar o Hult.

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