Essa startup deixa os funcionários decidirem quanto querem receber
Além de promover maior transparência, o sistema também deixou os salários mais equilibrados, já que todos sabem quanto seus colegas recebem
Karin Salomão
Publicado em 27 de setembro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 27 de setembro de 2018 às 06h46.
São Paulo - A startup londrina Smarkets organiza apostas online - mas sua maior aposta está dentro de casa, na gestão de seus funcionários. Cada um pode decidir quanto quer ganhar e todos os salários são públicos.
Ainda que pouco comum e bastante arriscado, o sistema criou um ambiente de trabalho mais transparente, flexível e justo, acredita o CEO, Jason Trost."É um processo louco, mas funciona", disse o presidente ao Business Insider.
Os 106 funcionários da companhia negociam os salários duas vezes por ano e fazem sua proposta de ganho mensal. Eles devem analisar sua própria performance e buscar avaliações e conselhos dos colegas.
Depois, todos os pagamentos são publicados em um sistema interno. As pessoas podem analisar quanto o colega recebe e dar um feedback positivo ou negativo. Ninguém tem o poder de vetar um salário, mas os funcionários podem confrontar os colegas se discordam do quanto estão recebendo.Para que ninguém peça salários exorbitantes, a empresa impôs um limite. O orçamento voltado aos pagamentos também é público, então todos sabem quanto a empresa pode pagar.
Exigir um aumento, de forma tão pública, pode deixar muitos nervosos. "Mas força você a ser muito claro e tangível sobre o que alcançou e porque merece o salário que está requisitando", disse Jonny Maunder, um dos sócios da empresa, ao iNews.
O sistema foi criado há cerca de três anos e a empresa levou algum tempo para se adaptar. No começo, a transparência levou a algumas conversas difíceis entre colegas, mas o presidente acredita que hoje o ambiente é mais saudável. "Acredito que é o sistema mais justo. Dá às pessoas um sentido legítimo que elas estão mais no controle de seu trabalho, de sua posição", disse o presidente.
Além de promover maior transparência, o sistema também deixou os salários mais equilibrados. Ao saber quanto todos seus colegas recebem, o colaborador pode escolher um pagamento mais compreensível.A empresa espera que seu sistema sirva de exemplo e ajude outras companhias a repensarem como oferecem benefícios a seus funcionários.
No ano passado, a Smarkets foi escolhida como a 25ª startup que mais cresce na Europa pelo Financial Times. Em fevereiro de 2017, ela abriu um novo escritório em Los Angeles, nos Estados Unidos, para assegurar o crescimento da companhia depois do Brexit (a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia). É uma aposta que ainda esperamos ver em terras brasileiras.