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O esforço que leva à perfeição

O que os Beatles, Mozart e o golfista Tiger Woods podem ensinar aos pequenos e médios empresários que querem melhorar o desempenho nos negócios

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 12h47.

O talento excepcional, capaz de transformar algumas pessoas em fenômenos da música, dos esportes ou dos negócios, sempre despertou a curiosidade humana. Como ainda não se conseguiu explicar completamente como isso acontece, é comum que se descreva a genialidade como algo inato ou um dom quase sobrenatural. O jornalista americano Geoff Colvin, autor do livro Desafiando o Talento - Mitos e Verdades, lançado recentemente no Brasil pela Editora Globo, sugere algo bem menos transcendental. Ele defende que qualquer um pode ser o autor de feitos vistos como prodigiosos com dedicação e planejamento para atingir um objetivo.

Colvin, que trabalhou na revista Fortune, uma das mais importantes na área de negócios dos Estados Unidos, apresenta um método de quatro passos que ele afirma ser capaz de melhorar o desempenho humano em várias áreas - e que pode ser aplicado inclusive por pequenas e médias empresas que não dispõem de muitos recursos para investir no treinamento de suas equipes. "É uma forma especialmente poderosa de compreender como atingir a alta performance porque permite ser largamente generalizada", escreve Colvin.

Não é que seja fácil transformar alguém comum num gênio como Mozart, que aos 12 anos já compunha sinfonias completas e que ainda muito jovem havia escrito algumas das principais obras-primas da música ocidental. O que o livro propõe é a possibilidade de qualquer pessoa se desenvolver ao máximo para melhorar seu desempenho no trabalho - justamente o que os empreendimentos precisam para promover o crescimento.

A primeira lição é que, para desenvolver qualquer habilidade, é preciso praticar, praticar e praticar - muitas vezes até o limite da exaustão. Nesse aspecto, muitos empreendedores talvez tivessem mais a aprender com os Beatles, com Mozart e com o golfista americano Tiger Woods do que com pilhas de livros de negócios repletos de teorias.

Os segredos da alta performance

No livro, Colvin diz que, antes de conquistar milhares de fãs e revolucionar a indústria do entretenimento, os Beatles passaram mais de dois anos tocando, noite após noite, em bares pouco prestigiados de Hamburgo, na Alemanha. A experiência deu a eles domínio de palco e capacidade de perceber que tipo de música caía mais rapidamente no gosto do público, o que teria sido fundamental para a trajetória de sucesso da banda.

Da mesma forma, ao compor desde a infância, Mozart teria desenvolvido ao máximo a compreensão da linguagem musical e aberto o caminho para exercer sua genialidade. E, no golfe, o fora-de-série Tiger Woods começou a ser construído quando seu pai lhe impôs treinamentos intensivos assim que o menino começou a andar. No mundo dos negócios, Colvin cita o investidor americano Warren Buffett, que comprou sua primeira ação aos 11 anos e logo tomou gosto pelo mundo das finanças frequentado pelo pai, um corretor de investimentos.

A importância da experiência não é algo desconhecido para os empreendedores, que descobrem cedo a necessidade de aprender na prática a reagir rápido e a superar adversidades para garantir a sobrevivência de um negócio. Mas pode ser uma lição fundamental para ser relembrada, principalmente nos casos de pequenas e médias empresas que deram saltos de crescimento e que depois encaram o desafio de profissionalizar a gestão - um momento em que muitos fundadores reconhecem que precisam trazer para o comando profissionais que já vivenciaram todo tipo de situação nos negócios.

A segunda lição do livro é que a prática, por si só, não é suficiente para tornar alguém talentoso. Além de praticar, é necessário contar com a supervisão de uma pessoa capacitada para corrigir os defeitos que aparecem ao longo do treinamento.

Colvin cita algumas empresas bem-sucedidas no desenvolvimento de talentos. Ele dá o exemplo da GE, que montou programas em que seus profissionais contam com executivos mais experientes como mentores. O papel deles é corrigir com franqueza e de forma objetiva qualquer pequeno deslize que seus pupilos cometam enquanto sobem degraus na administração e ganham mais responsabilidades nas estratégias da companhia.

Ter alguém por perto para ajudar a mostrar o que se está fazendo de errado é, segundo Colvin, o que faz a diferença. Ele defende que não é possível ter um desempenho excelente apenas repetindo algo. Para compreender a importância de uma boa orientação, é só lembrar das atuações extraordinárias que determinados atores, que já eram bons, alcançaram sob a direção de grandes cineastas - eles não chegaram à perfeição apenas com ensaios fatigosos. É por isso que atletas contam com treinadores e músicos estabelecem relações muito próximas com seus mestres.

O terceiro passo sugerido no livro é envolver os funcionários com a comunidade a seu redor. Incentivar esse tipo de responsabilidade social, de acordo com Colvin, ajuda a desenvolver líderes porque põe as pessoas à prova em situações reais mesmo antes que aconteçam na empresa. Num projeto social, em que é preciso dar o máximo resultado e muitas vezes administrar recursos escassos, os funcionários terão de demonstrar o quanto possuem de espírito de liderança, além de desenvolver habilidades de planejamento, administração e finanças.

Se parece ser possível melhorar o desempenho no trabalho com um tipo de treinamento que muitas vezes exige mais dedicação do que altos investimentos, por que tantas pequenas e médias empresas não conseguem isso? Um dos motivos, segundo Colvin, pode estar na dificuldade que muitos empreendedores encontram para lidar com o último ingrediente da receita - a necessidade de incentivar os funcionários, dando a eles uma missão inspiradora que motive toda a estrutura, do funcionário mais graduado ao mais simples. "As empresas estão aprendendo que autoridade não motiva ninguém a perseguir objetivos difíceis", escreve Colvin. "As pessoas precisam ser inspiradas a isso."

Essa, talvez, seja a parte mais de- safiadora para qualquer empreendedor - descobrir o que, exatamente, pode fazer com que seus funcionários se levantem todas as manhãs com vontade de dar o máximo de si mesmos em seu trabalho cotidiano na empresa.

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