Empréstimo ou financiamento: como decidir o melhor para sua empresa
Muitos empreendedores fazem empréstimos sem saber que a modalidade do financiamento é possível e com juros mais vantajosos. Entenda quando cada opção é mais adequada
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2021 às 15h47.
Última atualização em 4 de outubro de 2021 às 10h54.
Por Paula Bazzo, planejadora financeira
Hugo é médico e trabalha com procedimentos de laser. Vinha alugando mensalmente equipamentos para realizar parte dos serviços que ofertava, algo muito comum em seu segmento. Porém, chegou um momento em que avaliamos que a demanda de pacientes versus o valor pago no aluguel já justificava investir na aquisição de um aparelho próprio, que compartilharia com outro colega de profissão. Uma das máquinas desejadas custava cerca de 400.000 reais. Como teria um sócio no equipamento, sua responsabilidade seria de 200.000 reais.
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Apesar de dispor deste valor na sua empresa, levando em conta objetivos de negócio que tinha pela frente, me questionou se valeria a pena pegar um empréstimo para pagar as prestações aos poucos e não se descapitalizar, pondo em risco outras iniciativas que desejava. Foi aí que começamos a conversar sobre financiamento.
Financiamento é uma modalidade de empréstimo que possui um bem em garantia. Quando sugeri avaliarmos um financiamento, ao invés de um empréstimo, ele se surpreendeu porque tinha a impressão de que financiamento seria para um imóvel ou para um carro, não lhe passou pela cabeça que um equipamento poderia usar este tipo de crédito.
O pensamento de Hugo não é incomum. Muitos empreendedores ao invés de recorrerem a financiamentos acabam optando fazer empréstimos sem saber que a modalidade do financiamento é possível para a situação desejada e que se torna muito atrativa de um ponto de vista de juros.
Assim como ocorre com imóveis e com veículos, enquanto o financiamento não for quitado, o bem adquirido fica alienado para a instituição financeira que forneceu o crédito. Na prática é como dizer que o bem é do banco que ofertou o crédito. Essa garantia é um dos fatores que torna o financiamento atrativo, já que o bem é o lastro do empréstimo, que pode ser vendido para quitar eventuais inadimplências e minimizar prejuízos.
Além disso, quando o empresário busca financiamento para adquirir um equipamento com vistas a expandir seu negócio, pode existir um entendimento de que o empreendimento irá prosperar, está num caminho otimista. Esses são alguns fatores pelos quais as taxas de juros costumam ser atraentes. Tão logo o financiamento seja quitado, o bem passa para o nome do proprietário, no nosso exemplo o Hugo e seu sócio.
O empréstimo direto, por outro lado, não tem essa visão otimista. Geralmente é acessado quando há escassez: falta dinheiro para pagar funcionários, o caixa ficou curto para comprar insumos de produção, foi necessário fazer uma reforma de emergência, os contratos de rescisão de trabalho oneraram o giro do negócio, houve distribuição excessiva de recursos da empresa para os sócios ou outras situações que coloquem o capital de giro da empresa numa situação delicada.
Algumas vezes, nem precisa por ser por má gestão, veja o exemplo da resiliência que muitos negócios tiveram que ter durante a pandemia e mesmo com incentivos do governo e créditos facilitados, ainda assim não conseguiram manter as portas abertas. No caso do empréstimo, o crédito é dado em confiança no negócio. Não há uma contrapartida, como o bem do financiamento. Essa confiança que pode não se concretizar (inadimplência) representa um risco maior por não ter uma garantia (bem). Por isso os juros acabam sendo mais elevados do que na modalidade de financiamento.
Mas você pode estar se perguntando: mesmo que Hugo tenha planos futuros vale a pena pagar juros de financiamento? Naturalmente que cada caso é um caso, mas os recebimentos que ele terá a partir da utilização do novo equipamento virá mês a mês até que ele tenha um retorno sobre seu investimento. Por que desembolsar tudo agora se o retorno de investimento acontecerá ao longo do tempo?
Antes ele já dispunha do custo de locação de máquinas sem fazer deste custo uma conversão do equipamento para o seu negócio. Neste momento, ele passa a ter um custo mensal de pagamento do financiamento em substituição a este aluguel.
Além disso ele está numa situação em que não precisaria do dinheiro, o que torna muito mais tranquila a negociação. O banco compreende que está falando com alguém que dispõe de crédito, já que teria condições de comprar sem recursos de terceiros. Por fim, ele não se descapitaliza o que traz um conforto para o negócio de um ponto de vista de capital de giro e de recursos para expandir atividades.
Você já considerou pegar um financiamento ao invés de um empréstimo?
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