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Empresa mineira chega ao Vale do Silício

Software dá visibilidade a jovens empresários e negócio se expande para polo de tecnologia da informação nos EUA

Gustavo Lemos, da IDXP: tecnologia da empresa possibilita o monitoramento anônimo dos hábitos de consumo de clientes de redes varejistas (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2013 às 09h53.

Belo Horizonte - O que jovens empreendedores mineiros, idealizadores de um software que funciona como um sistema de rastreamento de consumidores, têm em comum com o paulista Michel Krieger, criador do Instagram, aplicativo que permite inserir efeitos visuais em fotos digitais e compartilhá-las na internet?

Assim como o inventor da popular ferramenta que virou rede social, os empreendedores Gustavo Lemos de Almeida (31 anos), Cristiano Paranhos (31) e Victor Gollnick (29), fundadores da IDXP, são exemplos da nova geração de talentos da Tecnologia da Informação (TI) no Brasil.

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Os três sócios são jovens, mas a responsabilidade deles já é grande. Isso porque estão levando a empresa ao cobiçado Vale do Silício, polo industrial na Califórnia (EUA) onde se concentram as maiores iniciativas do mundo no ramo de TI.

A tecnologia idealizada por eles em 2010, que alcançou projeção mundial, possibilita o monitoramento anônimo dos hábitos de consumo de clientes de redes varejistas. O rastreamento é feito por meio de etiquetas e sensores inteligentes fixados em carrinhos e cestas de compras. Os dados são enviados por um sistema via rádio instalado nas lojas.

“O nosso sistema funciona como o de um GPS e acompanha o cliente desde o momento em que ele pega um carrinho para fazer compras, monitorando o trajeto, o tempo médio parado em frente às gôndolas e os principais passos dentro da loja, até ele chegar ao caixa do supermercado”, explica Gustavo Lemos de Almeida, o CEO da IDXP.


A inovação proposta pela tecnologia permite, por exemplo, que os dados processados por um software sejam combinados, em tempo real, com técnicas de marketing comportamental. Dessa forma, é possível cruzar indicadores, analisar o modo como os consumidores fazem compras e a psicologia envolvida no processo. Esse é um dos diferenciais dos serviços prestados pela empresa, que teve seu projeto piloto firmado com uma rede de supermercados de Belo Horizonte (MG). “Vendemos mais que tecnologia. Prestamos um serviço de avaliação e consultoria estratégica de marketing baseada na tecnologia”, diz Gustavo.

Reconhecimento mundial

O software vem rendendo frutos e reconhecimento aos empresários. O primeiro prêmio veio em novembro de 2011, quando a tecnologia da IDXP superou outras cem ideias de oito estados e levou a etapa brasileira do IBM SmartCamp, no Rio de Janeiro. Depois, competindo com outros nove finalistas de diferentes partes do mundo, os mineiros conquistaram o primeiro lugar por voto popular e segundo, pelo júri, na etapa mundial do evento, o IBM Global Entrepreneur of the Year, realizado em janeiro no Vale do Silício.

“Os jurados são as maiores mentes empreendedoras do local. Foi uma oportunidade ímpar de divulgar nosso negócio, reciclar e amadurecer profissionalmente”, destaca Gustavo Almeida.

Após o evento, os empresários ficaram duas semanas nos Estados Unidos apresentando a tecnologia inovadora a empresas locais. “Percebemos que somos tão competentes quanto os empreendedores de outros países e que devemos pensar nosso negócio de forma macro”, ressalta. A intenção é desenvolver o produto e comercializá-lo em grande escala. Por isso, os jovens empreendedores estão montando o escritório na Califórnia, onde devem empregar 20 pessoas.


De acordo com Gustavo, a IDXP já está negociando o serviço com várias redes varejistas norte-americanas. “O Brasil é um mercado prioritário para comercialização, mas os Estados Unidos serão o foco primário por terem um público mais exigente, possibilitando o aprimoramento da tecnologia”.

O empreendedorismo

Engana-se quem pensa que o caminho até o Vale do Silício foi fácil. O sucesso veio depois de muito esforço, dedicação e da certeza de que a tecnologia seria um diferencial para atender às exigências do mercado, inclusive internacional.

A analista do Sebrae em Minas Gerais, Márcia Valéria Cota Machado, conta que a IDXP surgiu incubada pela Fumsoft, instituição que fomenta negócios do setor de TI, e recebeu recursos no valor de R$ 120 mil do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), do governo federal. Com o apoio do Sebrae, a empresa participou de intercâmbios, capacitações, seminários e missões com outras companhias de TI, sempre com o objetivo de desenvolver e aprimorar seus negócios. Ela é uma das dez incubadas pela Fumsoft que conseguiram reconhecimento nacional.

“O Sebrae acredita que é importante investir em empresas e em novos talentos. Atuamos nos bastidores, como parceiros do grupo de empresas que gera o conhecimento. O setor de tecnologia da informação é muito dinâmico e os jovens anteciparam uma tendência de mercado ao criar o software”, diz Márcia.

Gustavo Almeida relembra o começo difícil, em que grande parte dos recursos recebidos foi aplicada em consultoria. “Investimos dinheiro até do nosso próprio bolso. Também conseguimos uma parceria com um grupo francês, membro ativo do nosso conselho, que faz um trabalho voltado para o varejo na França, no setor imobiliário. Isso foi importante para conhecer o mercado e firmar parcerias com empresas norte-americanas e japonesas, para o desenvolvimento de tecnologia”, conta o empresário.

Para ele, o Sebrae foi um divisor de águas na sua história como empreendedor. “Foi lá que tive contato pela primeira vez com o empreendedorismo. Mas isso está no meu DNA. Sempre sonhei em ter o meu negócio”, recorda.

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