Empresa de Gwyneth Paltrow, Goop lucra com mercado do bem-estar
A Goop atualmente obtém 70 por cento de sua receita total através da venda de produtos, oferecendo de tudo
Mariana Fonseca
Publicado em 19 de março de 2019 às 14h00.
Última atualização em 19 de março de 2019 às 14h00.
A Goop, a marca de estilo de vida dirigida por Gwyneth Paltrow, é mais conhecida como uma plataforma de produtos online para artigos de luxo. Mas, para surpresa da comunidade médica, a empresa se tornou o epicentro da indústria multitrilionária do bem-estar .
O mercado, que abrange de tudo, desde a boa forma da mente e do corpo e a medicina preventiva até o turismo de spa, foi avaliado em US$ 4,2 trilhões em 2017 e cresceu quase 13 por cento nos dois anos anteriores, segundo o organização sem fins lucrativos Global Wellness Institute.
“Cuidado pessoal, beleza e antienvelhecimento” representam o setor mais lucrativo, que supera US$ 1 trilhão, enquanto “alimentação saudável, nutrição e perda de peso” ficam em segundo lugar, com US$ 702 bilhões.
Paltrow tem sua parcela de responsabilidade por esse crescimento. Sua empresa, lançada como um boletim informativo de receitas e produtos há uma década, é dominante entre as mulheres que buscam alternativas à medicina tradicional.
Na conferência “In Goop Health”, em 9 de março, no distrito de Seaport, em Nova York, mulheres com roupas esportivas caras assinaram liberações isentando a empresa de responsabilidade caso os “serviços, produtos ou equipamentos envolvidos no evento” exijam tratamento médico posterior. É a segunda vez que a conferência é realizada em Nova York.
Ao entrar no espaço do evento com vista para o Rio East, as participantes -- que pagaram US$ 1.000 ou US$ 4.500 -- receberam tênis Keds gratuitos e uma bebida de laranja chamada “GOOPGLOW”, que tinha um sabor vagamente parecido com o da Fanta. De forma espontânea, um garçom disse que a mistura doce “revitaliza a pele”.
A conferência, que começou a ser realizada em 2017, se expandiu nos últimos anos de Los Angeles a Londres promovendo produtos que vão desde “repelente de vampiro psíquico” até uma “bolsa medicinal Goop” de pedras preciosas ao custo de US$ 85. Tudo está à venda no website da empresa.
A Goop atualmente obtém 70 por cento de sua receita total através da venda de produtos, oferecendo de tudo, desde bolsas Chanel até sofás de veludo rosa CB2, segundo a empresa.
Sua linha própria de produtos, que inclui a marca de roupas G. Label de Paltrow e os suplementos dietéticos Goop, se transformaram na fonte de receita de maior crescimento da empresa, com expansão de 50 por cento em relação ao ano anterior.
A receita com produtos e eventos de bem-estar quase triplicou nos últimos dois anos. “Estamos vendendo para um consumidor muito proativo porque é um comprador”, disse Kimberly Kreuzberger, diretora de receitas, em entrevista.
A própria Paltrow subiu ao palco em Nova York com Caroline Myss, uma autoproclamada “praticante da medicina intuitiva” dotada de “consciência bioespiritual”. Essa condição, disse ela à plateia de 600 pessoas, permite que pressinta doenças e enfermidades nas pessoas antes que elas sejam diagnosticadas por um médico. “Tenho amigos com problemas crônicos que a medicina ocidental não está curando”, assentiu Paltrow.
Desde que iniciou a captação de recursos, Goop levantou mais de US$ 82 milhões de empresas de capital de risco e investidores externos e está avaliada em mais de US$ 250 milhões, segundo a PitchBook Data, uma empresa de pesquisa de mercado (a companhia observou que a avaliação está um pouco desatualizada).
E há demanda por parcerias de marca também. Grandes empresas como Lululemon, Tumi, Native Shoes e Ketel One Botanical patrocinaram integrações durante as conferências de saúde da companhia.