Empreendedores fazem sucesso com cuscuz gourmet em potinho
Leonardo Ciannella e Rodrigo Paiva transformaram um prato típico em uma iguaria gourmet – e a comida já caiu no gosto dos cariocas.
Mariana Fonseca
Publicado em 24 de dezembro de 2016 às 08h00.
Última atualização em 24 de dezembro de 2016 às 08h00.
São Paulo – A moda dos alimentos gourmet não é de hoje. Mas, agora, essa tendência se estendeu para um prato que muito provavelmente fará parte da sua ceia de Natal: o cuscuz.
Os empreendedores Leonardo Ciannella e Rodrigo Paiva resolveram unir uma receita típica com uma abordagem focada na qualidade e na preparação dos ingredientes para criar um novo negócio: o Cuscuz Bacana.
A ideia parece ter ganhado popularidade no estado em que os empreendedores vivem, o Rio de Janeiro: 10 mil potes foram comercializados em apenas três meses de operação. Para o ano que vem, há planos ainda mais ambiciosos: expandir pelo Brasil e chegar a mais de 100 mil potes vendidos, por exemplo.
Inspiração nas ruas
No ano de 2012, Ciannella já pensava em abrir um negócio na área de alimentação – e o cuscuz já estava em seu radar.
“Sempre gostei de cuscuz e aqui no Rio de Janeiro se come muito, inclusive como comida de rua. Mas eu e muitas outras pessoas se sentiam inseguras quanto à procedência dos ingredientes e quanto ao preparo e armazenamento da comida após cozinhada”, conta o empreendedor.
Para resolver esse problema, Ciannella queria dar uma outra abordagem ao cuscuz e fazer com que mais pessoas o conhecessem como uma alternativa de lanche leve.
Porém, ele geria uma empresa de publicidade e precisou arquivar a ideia de negócio. Até que um amigo e colega de corrida, o engenheiro de segurança Rodrigo Paiva, sugeriu que eles se unissem para montar um novo empreendimento como sócios.
“Nessa hora, tirei a proposta do Cuscuz Bacana do banco de ideias. Eu fiquei responsável pela comunicação, pela expansão e pela formação de parcerias, enquanto o Rodrigo cuida da degustação do produto e da produção”, explica Cianella.
Criação do negócio e sabores
Quando eles realmente começaram a andar com a ideia, tinham apenas a receita tradicional do seu cuscuz gourmet. Por isso, em janeiro de 2016, os sócios contratam uma chef profissional, Nanda Carneiro, para elaborar novos sabores de cuscuz gourmet.
“Passamos seis meses testando com pessoas que não eram próximas a nós, e chegamos a oito receitas. Delas, elencamos as quatro principais para trabalhar neste ano”, conta Cianella.
Os sabores finais foram coco queimado, funcional (sem glúten ou lactose), tradicional e de whey (para quem pratica exercícios físicos). O preço sugerido vai de 8 a 14 reais por pote, dependendo do sabor.
Nos meses seguintes, o negócio consolidou sua fábrica: além de montar o local, desenvolveu um maquinário próprio de envasamento do cuscuz gourmet, pois ele possui uma consistência diferente de produtos como açaí ou doce de leite.
“Nosso produto é mais cremoso inclusive do que o cuscuz comum, que possui mais uma consistência de bolo. Cada potinho nosso vem com uma pá para poder comer na hora; é um doce de pote mesmo”, explica o empreendedor.
Outro diferencial do cuscuz gourmet são os ingredientes usados pela Cuscuz Bacana, segundo Ciannella. “O nosso é feito com leite de coco e leite integral, e nunca com água. Também oferecemos sabores ousados, com combinações que não haviam sido feitas antes.”
Por fim, há um cuidado especial na preparação, pensando em não deixar traços de glúten no produto, por exemplo. “Por muito tempo eu fui vegano e sei a dificuldade em adquirir produtos realmente certificados, que não tenham traços animais e que não façam mal ao estômago”, diz Ciannella.
Cada potinho comercializado vem com um manual que conta mais sobre o processo de produção da Cuscuz Bacana.
Resultados e expansão
A empresa passou a realmente comercializar seu cuscuz no dia primeiro de outubro. Nesse primeiro trimestre de operação, a Cuscuz Bacana vendeu 10 mil unidades, contando e-commerce próprio, cinco lojas próprias, revendedoras (como a Mundo Verde) e participações em eventos. O ticket médio gira em torno de 11 reais.
“É um número muito expressivo. Estamos satisfeitos e surpresos, ainda mais em um cenário de crise. Atribuímos tal sucesso à apresentação e qualidade do produto”, diz o empreendedor.
“A empresa já paga seus custos operacionais e agora estamos pagando o investimento inicial no desenvolvimento e na fábrica, que foi de 400 mil reais. Planejamos o retorno do investimento em 36 meses. Antes de sabermos do resultado, achávamos que teríamos de ficar por um ano pagando os custos operacionais da Cuscuz Bacana, até que se ela sustentasse sua própria operação.”
A capacidade da fábrica da Cuscuz Bacana, no Rio de Janeiro, é de 20 mil potes por mês. Por ser um produto que não pode ser congelado, o local só poderia atender a região Sudeste.
Nos planos da Cuscuz Bacana para 2017, está a consolidação no Rio de Janeiro, a expansão para outros estados do Sudeste e a chegada ao Nordeste. “Para a segunda região, temos de abrir uma nova fábrica. Estamos em negociação com um parceiro para a região para distribuir o que produzirmos nessa unidade”.
Também há planos de ir para os Estados Unidos, mas só em 2018 – alguns lugares cogitados são Boston e Flórida, com uma comunidade grande de brasileiros.
A ideia é começar a expansão já no primeiro trimestre em 2017 e atingir 250 pontos de venda até o fim do ano, apenas no estado do Rio de Janeiro – incluído pontos próprios, como food bikes.
A marca também pretende lançar novos sabores, usando inclusive as receitas elaboradas no começo de 2016. Com tudo isso, a expectativa é vender de 100 a 110 mil potes no próximo ano.