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Empreendedoras relatam assédio de investidores no Vale do Silício

Um lado obscuro do Vale do Silício veio à tona pela voz de mulheres que denunciaram terem sofrido assédio ao buscarem investimento para suas startups.

Assédio sexual no trabalho (Thinkstock/Thinkstock)

Assédio sexual no trabalho (Thinkstock/Thinkstock)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 8 de julho de 2017 às 08h00.

Última atualização em 8 de julho de 2017 às 08h00.

São Paulo – Um lado obscuro do Vale do Silício veio à tona nas últimas semanas pela voz de diversas mulheres que denunciaram terem sofrido assédio ao buscarem investimento para suas startups.

Os casos surgiram na esteira do emblemático relato da ex-engenheira do Uber Susan Fowler, que denunciou em detalhes a cultura da empresa em proteger líderes acusados de assédio sexual e ainda punir quem os denunciava. O episódio culminou com a saída do CEO Travis Kalanick.

Agora, as denúncias envolvem nomes conhecidos do ecossistema do Vale do Silício. Dentre os investidores denunciados estão Chris Sacca do fundo de investimentos  Lowercase Capital - conhecido por sua participação no programa Shark Tank -, Dave McClure, da incubadora 500 Startups, e Justin Caldbeck, do Binary Capital.

As denúncias apareceram em reportagens do The New York Times e do site The Information.

Um dos casos é o da empreendedora Lindsay Meyer, cuja startup recebeu um investimento de 25 mil dólares de Justin Caldback. Isso fez com que o investidor se sentisse à vontade para enviar mensagens constrangedoras à empreendedora. Numa dessas mensagens ele pergunta se ela se sentia atraída por ele, e por que ela preferia estar com seu namorado em vez de estar com ele, relata o NYT.

“Senti que precisava tolerar aquilo porque esse é o preço de ser uma fundadora mulher não branca”, afirmou a empreendedora de ascendência asiática ao jornal americano.

Outra empreendedora acusou o investidor Chris Sacca de ter tocado seu rosto sem o seu consentimento, o que a fez se sentir desconfortável. O investidor escreveu um longo texto no Medium pedindo desculpas por seu comportamento.

“(...) Não há dúvidas de que eu falei e fiz coisas que fizeram algumas mulheres se sentirem desconfortáveis, inseguras, inapropriadas e desencorajadas.”, diz o texto (leia a íntegra aqui, em inglês).

Em mais uma denúncia, a empreendedora Sarah Kunst disse ter sido assediada por Dave McClure quando buscava um emprego na incubadora 500 Startups. Segundo o NYT, McClure enviou uma mensagem para ela dizendo: “Fiquei confuso tentando decidir se eu te contratava ou te paquerava”.

O investidor também se desculpou publicamente, num texto em que chamava a si mesmo de “aberração” (veja aqui).

Reportagem do site Inc.com lembra que, em 2012, o mesmo McClure desafiou publicamente quem reclamavam da falta de investimento em negócios liderados por mulheres. “Perdoem-me se estou ficando cansado das pessoas me dizerem (...) o que os HOMENS deveriam fazer para ajudar as MULHERES em tecnologia (claro que eles poderiam fazer mais, mas francamente o problema é de vocês, não deles)”, escreveu o investidor.

Não, McClure, esse não é um problema só das mulheres. Os casos acima lançam luz à falta de presença de mulheres entre as fundadoras de startups no Vale do Silício e mostram como ainda estamos longe de um ambiente com iguais condições para o desenvolvimento dos negócios, sejam eles liderados por homens ou por mulheres.

 

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