Ele aprendeu a consertar celular no YouTube e já fatura R$ 5 mi
A sugestão de um amigo levou Guylherme Ribeiro a abrir uma rede de franquias que conserta aparelhos Apple. Em 2017, ele faturou 5 milhões de reais
Mariana Fonseca
Publicado em 23 de fevereiro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2018 às 06h01.
São Paulo – Muitos potenciais negócios morrem na praia por conta da falta de conhecimento e de recursos para investir no sonho de empreender . Guylherme Ribeiro, aos 20 anos de idade, encontrava-se nessa situação.
“Sempre tive vontade de tentar ter meu próprio negócio, especialmente porque ainda era novo. Mas não tinha dinheiro. Tudo que eu tinha era um carro parcelado em 60 vezes”, conta.
O futuro empreendedor , porém, não desistiu. Idas e vindas o fizeram ter 7 mil reais no bolso e com esse dinheiro ele abriu sua própria loja de smartphones . Enquanto isso, aprendia mais sobre consertos por meio da plataforma de vídeos YouTube.
O esforço deu resultado. Hoje, Ribeiro é dono de quatro lojas próprias iService Soluções e da rede de franquias Suporte Smart, com 22 unidades. Os empreendimentos são especializados em assistência técnica de aparelhos da marca Apple . Apenas em 2017, seus empreendimentos faturaram 5 milhões de reais.
Começo empreendedor
Filho de pais vendedores, Ribeiro nasceu em Curitiba e começou a empreender desde cedo, ainda que não soubesse. Aos 12 anos de idade, não conseguia arrumar um emprego e ganhar seu próprio dinheiro. Então, resolveu vender geladinhos e roupas usadas para seus colegas. Aos fins de semana, também começou a entregar panfletos.
De trabalho em trabalho, aos 18 anos ele já era gerente de uma loja. Sua namorada (e futura esposa) era vendedora e tinha, na garagem de casa, uma loja de artesanatos.
Ribeiro também queria ter seu próprio negócio. Um amigo, que trabalhava como vendedor em uma loja de celulares, via oportunidades e recomendou a Ribeiro que abrisse um empreendimento parecido, vendo tutoriais no YouTube para também oferecer consertos de smartphones.
Porém, tudo que Ribeiro tinha como recursos para abrir o negócio era um carro parcelado em 60 vezes. O empreendedor conseguiu conversar com seu pai, que assumiu o financiamento e deu a ele 7 mil reais em troca do automóvel.
“Abri meu negócio de venda de celulares, chamado Reicell, em 2010. Procurei um ponto de 20 metros quadrados, paguei o primeiro aluguel, pintei o lugar, comprei um balcão e comprei algumas mercadorias em São Paulo. Não tinha nem placa, porque o dinheiro não deu”, conta.
Crescimento e desafios
No primeiro dia, Ribeiro vendeu o equivalente a 100 reais. “Se eu abrisse todos os dias, poderia tirar 3 mil reais. Para mim, era muito dinheiro. Nunca havia ganhado um salário desses”.
O empreendedor abriu sua segunda loja após seis meses. O negócio crescia, o que era ótimo, mas junto vieram muitas dificuldades. Nos dois primeiros anos de negócio, a loja de Ribeiro foi assaltada seis vezes, e todos os celulares que ele vendia foram roubados. “Fiquei com medo e, assim, achei que meu sonho estava acabando.”
Buscando uma nova inspiração empreendedora, Ribeiro fez uma viagem à China em 2014. Visitando mais de 12 fábricas de reposição e vendo suas produções em larga escala, percebeu como o mercado em que estava tinha um potencial muito maior.
“Enxerguei uma oportunidade na área de reposição e de conserto de celulares. Voltei ao Brasil com uma visão mais aberta e muita vontade de empreender”, conta. No mesmo ano, ele mudou sua primeira loja para um imóvel com maior capacidade de estoque e abriu uma importadora de peças de reposição.
Percebendo um andar térreo despovoado em seu novo sobrado, Ribeiro resolveu montar ali outro negócio, completamente focado em consertos para aparelhos Apple. O empreendimento chamava-se iService Soluções. “O conserto de iPhone é o que dá mais retorno financeiro, falando apenas de smartphones. Via pouca procura e pouca margem de lucro com celulares das outras marcas.”
Em apenas seis meses, a iService Soluções já faturava mais que a revendedora de itens chineses. Os bons resultados fizeram com que o empreendedor redesenhasse sua segunda loja, fechasse sua importadora e abrisse outras duas unidades de assistência técnica em shopping centers.
Ao todo, Ribeiro possui atualmente quatro lojas da iService. “Acho que cresci porque agi de forma profissional. Padronizei o atendimento, dei treinamento e uniforme aos funcionários e todos os anos fazemos ações de sustentabilidade para plantar árvores aqui em Curitiba.”
O crescimento trouxe novos desafios. Ribeiro tinha 50 funcionários e não sabia como gerir tantas folhas de pagamentos e aluguéis de pontos comerciais.
“Vi que meu negócio começava a ruir. Decidi fazer cursos, ler livros e contratar consultorias. Só consegui reassumir o controle quando dei um passo para trás. Reduzimos nosso quadro para 35 funcionários e recomeçamos a decolar.”
Franqueamento
No final de 2016, Ribeiro queria abrir mais lojas. Porém, já havia aprendido que não conseguia administrar sozinho sua expansão.
Ao mesmo tempo, o empreendedor prestou atenção no feedback de diversos clientes e turistas em suas lojas de shopping. Eles elogiavam o atendimento e a estética da loja, propondo que a rede chegasse até suas cidades natais.
“Vi que o caminho mais curto para isso era arrumar parceiros que me representassem e que ganhássemos juntos, por meio de franquias. Foi aí que criei a Suporte Smart, uma rede clone das minhas quatro lojas próprias”, conta o empreendedor.
A Suporte Smart vendeu sua primeira unidade em janeiro de 2017, na própria Curitiba. O negócio fechou o ano com 20 unidades e o faturamento total dos negócios de Ribeiro foi de 5 milhões de reais.
Além da padronização e da importação apenas de peças homologadas, o empreendedor destaca como diferenciais para o crescimento da rede o conserto rápido e as novas formas de prestar o serviço.
“Hoje, 90% dos nossos serviços são feitos em até 40 minutos. Além disso, nosso motoboy próprio pode buscar o celular na casa do cliente e depois entregar, sem custo adicional. Outra opção é um técnico visitar sua casa ou empresa para realizar o serviço lá mesmo. Fazemos isso com bancos, por exemplo, em que os celulares costumam ficar dentro da empresa.”
Para 2018, a meta é terminar o ano com 7 milhões de reais de faturamento. Em janeiro, mais duas unidades da Suporte Smart foram inauguradas.
Suporte Smart
Investimento inicial: 40 mil reais
Prazo de retorno: 12 a 18 meses