Ela começou fazendo depilação em casa. Agora, fatura R$ 1 milhão
Vivi Andreozzi estava desempregada e tinha uma filha bebê para sustentar. Seu negócio em casa acabou virando uma rede que faturou R$ 1 milhão este ano.
Mariana Fonseca
Publicado em 4 de novembro de 2016 às 06h00.
Última atualização em 4 de novembro de 2016 às 06h00.
São Paulo – Não é preciso ter muito capital ou necessariamente trazer uma disrupção para começar um negócio – basta conhecer bem as oportunidades no local em que você irá atuar e, acima de tudo, ter muita dedicação.
Foi assim que a empreendedora Vivi Andreozzi alcançou o sucesso : ela começou em casa, atuando com depilação, um dos serviços mais tradicionais do mundo da beleza . Com anos de experiência, percebeu uma demanda por qualificação dos funcionários do setor e resolveu aproveitar tal oportunidade.
Assim nasceu o Instituto Divas, uma franqueadora de escolas na área de beleza. O negócio, que começou com um investimento de dez mil reais, alcançou este ano seu primeiro milhão – e tem metas ambiciosas de expansão.
Primeiras ideias
Tudo começou quando Andreozzi, que trabalhava na área de mecânica em uma fábrica, acabou perdendo o emprego. Era o começo da década de 90 e o país passava por uma grande crise financeira, associada à hiperinflação.
Ela precisava arrumar outro trabalho para complementar a renda da família e sustentar sua filha, que tinha menos de um ano de idade. “Não tinha gente que pudesse cuidar do meu bebê e não poderia pagar uma escola também. Por isso, decidi fazer um curso na área de depilação e trabalhar dentro de casa mesmo”, conta a empreendedora. Enquanto ela atendia as clientes, a bebê dormia em um canto da sala de casa.
Com o tempo, Andreozzi conquistou clientes e passou a fazer mais cursos na área de beleza. Maquiagem, designer de sobrancelhas e massoterapia foram algumas das especializações que fizeram parte do currículo de Andreozzi, mas foi como cabeleireira que ela realmente se identificou – além de ser interessante, também era o mais rentável do setor de beleza.
Essa experiência fez com que, em 1994, finalmente abrisse seu próprio salão, na zona norte de São Paulo. Ao mesmo tempo, foi convidada pelo Senac para dar aulas em serviços de beleza.
“A situação do salão estava complicada, diante da tanta inflação, então eu aceitei essa nova experiência”, explica Andreozzi. “Trabalhava de segunda a sábado, por muitas horas. Mesmo assim, foi algo muito bom para mim, porque supriu minhas necessidades financeiras e me trouxe muito aprendizado.”
A empreendedora só abandonaria as aulas nos anos 2000, para se dedicar a mais um projeto paralelo: fazer um curso de Tecnologia Química em Cosméticos, na faculdade Oswaldo Cruz. Com isso, desenvolveu sua própria linha.
“Sempre fui apaixonada por inovações e queria um produto exclusivo no meu salão. Era uma linha bem modesta, e tive de ir construindo amizade com os fornecedores ao longo dos anos para negociar os pagamentos. Essa é uma área muito cara”, explica. Assim nasceu a linha Divus Cosméticos.
Instituto Divas
Com o dinheiro guardado do seu salão de beleza e das vendas da Divus – cerca de 10 mil reais -, a família de Andreozzi se uniu para mais uma ideia: montar uma escola para dar cursos na área de beleza, como a própria empreendedora havia feito nos anos 90.
“Quando eu ia fazer apresentações dos produtos da Divus para cabeleireiros, eu percebia a falta de conhecimento. Tinha a noção de que a área é muito promissora e precisa de bons profissionais”, conta a empreendedora. Foi então que o marido de Andreozzi sugeriu a ideia de montar uma escola - e a filha Amanda, já com 20 anos de idade, apoiou. O local, chamado Instituto Divas, inaugurou em 2010.
“Começamos também de uma forma modesta, em uma sala com poucos alunos. Com o tempo, o negócio cresceu”, conta Andreozzi. Hoje, o Instituto Divas oferece cursos de barbearia, cabeleireiro profissional, design de sobrancelhas, gestão de salões, manicure, maquiagem e pedicure. O preço varia de 600 reais a 2600 reais.
A empreendedora atribui esse crescimento a diversos fatores. O primeiro foi a opção por reinvestir todo lucro obtido. “Tem gente que monta um negócio, ganha dinheiro e torra tudo, por deslumbramento. Eu defini outras prioridades: pagar funcionários, pagar fornecedores e reinvestir no negócio. Não troquei de carro e nem de casa.”
Outra razão foi a maior procura por qualificação na área de beleza. “A área de beleza sempre foi muito procurada. Mas nos últimos anos, com o desemprego, as pessoas veem no setor uma boa oportunidade – como aconteceu comigo nos anos 90, na verdade”, explica. “É possível começar da própria casa, com um investimento baixo. Basta apenas se dedicar e estudar muito sobre os procedimentos.”
Franquias
Quatro anos depois de sua abertura, o Instituto Divas começou a franquear. Enquanto Andreozzi cuida da área de educação e da gestão da unidade franqueada, Amanda cuida da área de planejamento de franquias. Ela passou um ano e meio estudando a área do franchising antes de optar definitivamente por esse modelo de expansão, em 2014.
“Somos uma família de três pessoas. Uma hora, teríamos de delegar para expandir. Então, vimos que a melhor maneira de ter uma mentalidade de dono em cada uma das novas unidades era por meio de franquias”, diz Amanda. “Também vimos uma oportunidade de negócio: analisamos que não haveria um recuo na área de cursos de beleza, mesmo com uma crise econômica”, completa Andreozzi.
Hoje, o Instituto Divas possui uma unidade própria e três franqueadas – duas em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. Até este momento de 2016, o negócio já faturou um milhão de reais.
A meta para 2017 é abrir uma unidade por mês e duplicar o faturamento. Para isso, o negócio pretende investir em marketing digital (anúncios de nicho) e em participação em eventos de empreendedorismo.
Instituto Divas
Investimento inicial: a partir de R$ 150 mil (modelo Rubi) e R$ 180 mil (modelo Diamante)
Prazo de retorno: 12 meses (Rubi) e 14 meses (Diamante)