Dia das Crianças: espaço kids pode ajudar no faturamento, se bem cuidado
Instalação de brinquedos atrai famílias e fideliza clientes, mas investimento deve ser planejado para evitar gastos desnecessários
Mariana Fonseca
Publicado em 12 de outubro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 12 de outubro de 2018 às 06h00.
Quando a gelateria Primo Amore mudou de um espaço de 50 metros quadrados para um imóvel dez vezes maior, o empresário Bruno Sagula Dian aproveitou para investir em um ambiente para as crianças que frequentam o local. Jogos eletrônicos, piscina de bolinhas e uma série de brinquedos ajudam na distração dos pequenos enquanto os familiares aproveitam para consumir e bater papo nas mesas.
Depois da instalação da brinquedoteca, Dian calcula que 60% do público da gelateria, localizada no bairro da Pompeia, em São Paulo, costuma visitar o estabelecimento com crianças. “Percebi que o bairro não tinha muita oferta para os pais levarem os filhos. Utilizamos o fundo do imóvel para criar o espaço kids e deu muito certo. Hoje são as crianças que trazem os pais para tomar sorvete”, conta.
Um ambiente como o da gelateria, criado especialmente pensando nas crianças, pode ser um diferencial para atrair mais famílias e aumentar o faturamento do negócio. A consultora do Sebrae-SP Ariadne Mecate, que também é mãe do pequeno Luca, enxerga um potencial para quem pretende investir em um espaço kids, mas alerta que a instalação deve ser bem planejada para evitar gastos desnecessários.
“Esse espaço não é adequado para todas as empresas. Em primeiro lugar, é preciso fazer uma análise do público que frequenta o local”, destaca. E também não é todo estabelecimento que tem espaço de sobra para dedicar aos pequenos. Outros pontos de atenção para o empresário são: planejar um espaço com menor fluxo de pessoas, que não ofereça perigo às crianças, instalar brinquedos certificados para diversas faixas etárias e avaliar a implantação do serviço de monitoria.
“Os pais não veem problemas em pagar por algum tipo de serviço desde que ele perceba que o local é seguro, que as atividades para as crianças são interessantes e que eles podem ficar tranquilos”, diz Ariadne. Mas, antes de contratar um monitor e cobrar pelo serviço, o empresário precisa calcular o impacto do custo e fazer um estudo de mercado para saber quanto os concorrentes cobram e se os clientes estão acostumados a pagar por esse tipo de serviço.
Na Primo Amore, é cobrada uma taxa de R$ 5 para o uso da brinquedoteca nos fins de semana. Nos outros dias, o empresário aproveita para alugar o espaço para festas e eventos. Dian conta que investiu cerca de R$ 40 mil no espaço.
“O investimento compensou e o retorno será a longo prazo”, completa. Outra empresa que investiu em um espaço para crianças é o Espetinho Vaca Loka, localizado na Aclimação, também na capital. O restaurante funciona há seis anos e aproveitou a reforma geral feita há dois para instalar o “Super Brinquedão”. “Foi um investimento alto, mas valeu a pena porque o público família aumentou”, avalia o empresário Diogo Vargas, que também implantou recentemente um espaço kids na creperia e sorveteria que tem em Santos.
Mas não são apenas restaurantes que podem investir nesse tipo de espaço. Lojas, barbearias e salões de beleza também podem oferecer distrações para as crianças. Na cidade de Votuporanga, a loja Leopam Kids One Store Marisol vende peças infantis e mantém um espaço com brinquedos, tapetes confortáveis e televisão com desenhos. “As crianças chegam e vão direto para lá. As mães ficam tranquilas e podem olhar os produtos. Se a criança está impaciente, a mãe pega uma coisa logo e já vai embora. Hoje é o contrário, elas choram na hora de ir embora, não querem parar de brincar”, conta a sócia Natália Silva.
Diversificação
Quem se especializou no ramo de entretenimento infantil tem percebido um aumento de demanda. A Nogueira Brinquedos, empresa de São Paulo que fornece uma série de produtos para a montagem de espaços de lazer e buffet infantil, contabiliza um crescimento anual de 30% de faturamento nos três últimos anos. Mas nem sempre foi assim.
“A empresa se solidificou como a principal fornecedora de brinquedos para buffet infantil, mas de três anos para cá o mercado estagnou e a empresa estava fadada a acabar”, lembra o sócio David Gaspri. Preocupado com o cenário, Gaspri fez cursos e consultorias com o Sebrae -SP que o ajudaram a ampliar a visão sobre o negócio e o leque de clientes. Hoje, os buffets são responsáveis por 40% da receita. O restante vem dos pedidos de restaurante, lojas, food parks com área de lazer, hotéis, condomínios e outros pequenos negócios, como consultórios e salões.
Segundo Gaspri, não é necessário um grande espaço para oferecer algum tipo de diversão para as crianças. Uma barbearia, por exemplo, pode comprar uma máquina de jogos de cerca de R$ 4 mil com dois lugares e colocar em um espaço de um metro quadrado. Já as áreas infantis mais complexas custam entre R$ 20 mil e R$ 60 mil.
Para exemplificar, um restaurante de 200 lugares, com um espaço aproximado de 30 metros quadrados à disposição, pode investir de R$ 20 mil a R$ 35 mil para deixar o espaço completo, com portaria, e comportar de 30 a 40 crianças.
“Cada projeto é analisado caso a caso. Às vezes o empresário chega na empresa com um projeto grande, megalomaníaco, mas não é o mais adequado para o negócio dele. É preciso planejar o espaço e o investimento”, afirma Gaspri.
Dicas para não errar no lazer infantil
- Faça a análise do público que frequenta o estabelecimento e estude a concorrência;
- Analise se o local para espaço kids é tranquilo, longe da cozinha, com menor fluxo de pessoas;
- Planeje os brinquedos instalados no local e ofereça uma variedade para diversas faixas etárias;
- Verifique se os brinquedos têm as certificações exigidas por lei;
- Estude se vale a pena cobrar pelo uso do espaço ou contratar serviço de monitoria;
- Programe ações temáticas para o espaço nas férias e datas comemorativas;
- Não se esqueça de divulgar o espaço e a agenda de ações.