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Dia das Crianças: espaço kids pode ajudar no faturamento, se bem cuidado

Instalação de brinquedos atrai famílias e fideliza clientes, mas investimento deve ser planejado para evitar gastos desnecessários

Bruno Sagula Dian, sócio da Gelateria Primo Amore: negócio aumentou seu local para abranger novos espaços (Flávio Florido/Ricardo Yoithi Matsukawa-ME/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)

Mariana Fonseca

Publicado em 12 de outubro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 12 de outubro de 2018 às 06h00.

Quando a gelateria Primo Amore mudou de um espaço de 50 metros quadrados para um imóvel dez vezes maior, o empresário Bruno Sagula Dian aproveitou para investir em um ambiente para as crianças que frequentam o local. Jogos eletrônicos, piscina de bolinhas e uma série de brinquedos ajudam na distração dos pequenos enquanto os familiares aproveitam para consumir e bater papo nas mesas.

Depois da instalação da brinquedoteca, Dian calcula que 60% do público da gelateria, localizada no bairro da Pompeia, em São Paulo, costuma visitar o estabelecimento com crianças. “Percebi que o bairro não tinha muita oferta para os pais levarem os filhos. Utilizamos o fundo do imóvel para criar o espaço kids e deu muito certo. Hoje são as crianças que trazem os pais para tomar sorvete”, conta.

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Um ambiente como o da gelateria, criado especialmente pensando nas crianças, pode ser um diferencial para atrair mais famílias e aumentar o faturamento do negócio. A consultora do Sebrae-SP Ariadne Mecate, que também é mãe do pequeno Luca, enxerga um potencial para quem pretende investir em um espaço kids, mas alerta que a instalação deve ser bem planejada para evitar gastos desnecessários.

“Esse espaço não é adequado para todas as empresas. Em primeiro lugar, é preciso fazer uma análise do público que frequenta o local”, destaca. E também não é todo estabelecimento que tem espaço de sobra para dedicar aos pequenos. Outros pontos de atenção para o empresário são: planejar um espaço com menor fluxo de pessoas, que não ofereça perigo às crianças, instalar brinquedos certificados para diversas faixas etárias e avaliar a implantação do serviço de monitoria.

“Os pais não veem problemas em pagar por algum tipo de serviço desde que ele perceba que o local é seguro, que as atividades para as crianças são interessantes e que eles podem ficar tranquilos”, diz Ariadne. Mas, antes de contratar um monitor e cobrar pelo serviço, o empresário precisa calcular o impacto do custo e fazer um estudo de mercado para saber quanto os concorrentes cobram e se os clientes estão acostumados a pagar por esse tipo de serviço.

Na Primo Amore, é cobrada uma taxa de R$ 5 para o uso da brinquedoteca nos fins de semana. Nos outros dias, o empresário aproveita para alugar o espaço para festas e eventos. Dian conta que investiu cerca de R$ 40 mil no espaço.

“O investimento compensou e o retorno será a longo prazo”, completa. Outra empresa que investiu em um espaço para crianças é o Espetinho Vaca Loka, localizado na Aclimação, também na capital. O restaurante funciona há seis anos e aproveitou a reforma geral feita há dois para instalar o “Super Brinquedão”. “Foi um investimento alto, mas valeu a pena porque o público família aumentou”, avalia o empresário Diogo Vargas, que também implantou recentemente um espaço kids na creperia e sorveteria que tem em Santos.

Mas não são apenas restaurantes que podem investir nesse tipo de espaço. Lojas, barbearias e salões de beleza também podem oferecer distrações para as crianças. Na cidade de Votuporanga, a loja Leopam Kids One Store Marisol vende peças infantis e mantém um espaço com brinquedos, tapetes confortáveis e televisão com desenhos. “As crianças chegam e vão direto para lá. As mães ficam tranquilas e podem olhar os produtos. Se a criança está impaciente, a mãe pega uma coisa logo e já vai embora. Hoje é o contrário, elas choram na hora de ir embora, não querem parar de brincar”, conta a sócia Natália Silva.

Diversificação

Quem se especializou no ramo de entretenimento infantil tem percebido um aumento de demanda. A Nogueira Brinquedos, empresa de São Paulo que fornece uma série de produtos para a montagem de espaços de lazer e buffet infantil, contabiliza um crescimento anual de 30% de faturamento nos três últimos anos. Mas nem sempre foi assim.

“A empresa se solidificou como a principal fornecedora de brinquedos para buffet infantil, mas de três anos para cá o mercado estagnou e a empresa estava fadada a acabar”, lembra o sócio David Gaspri. Preocupado com o cenário, Gaspri fez cursos e consultorias com o Sebrae -SP que o ajudaram a ampliar a visão sobre o negócio e o leque de clientes. Hoje, os buffets são responsáveis por 40% da receita. O restante vem dos pedidos de restaurante, lojas, food parks com área de lazer, hotéis, condomínios e outros pequenos negócios, como consultórios e salões.

Segundo Gaspri, não é necessário um grande espaço para oferecer algum tipo de diversão para as crianças. Uma barbearia, por exemplo, pode comprar uma máquina de jogos de cerca de R$ 4 mil com dois lugares e colocar em um espaço de um metro quadrado. Já as áreas infantis mais complexas custam entre R$ 20 mil e R$ 60 mil.

Para exemplificar, um restaurante de 200 lugares, com um espaço aproximado de 30 metros quadrados à disposição, pode investir de R$ 20 mil a R$ 35 mil para deixar o espaço completo, com portaria, e comportar de 30 a 40 crianças.

“Cada projeto é analisado caso a caso. Às vezes o empresário chega na empresa com um projeto grande, megalomaníaco, mas não é o mais adequado para o negócio dele. É preciso planejar o espaço e o investimento”, afirma Gaspri.

Dicas para não errar no lazer infantil

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