Cris Junqueira, do Nubank: para empreender, é importante que sócios e funcionários estejam na mesma "vibe". Empreender é muito difícil. Se todos não estiverem na mesma página, não vai dar certo (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 8 de setembro de 2020 às 11h39.
Última atualização em 8 de setembro de 2020 às 12h21.
Empreendedorismo é um dos principais assuntos que os leitores de EXAME pedem para Cris Junqueira, cofundadora do Nubank, comentar.
Na coluna desta quinzena, Cris compartilha as principais ideias que guiaram ela e os sócios - David Vélez e Edward Wible, CEO e CTO do Nubank - quando o trio decidiu empreender e, assim, colaborar para mudanças significativas no sistema bancário do Brasil.
Assista a coluna na íntegra no YouTube ou no IGTV e algumas das principais perguntas – e respostas – abaixo.
Cris Junqueira – O primeiro ponto é saber se o problema que você está tentando resolver de fato impacta a vida das pessoas. Segundo, fatie esse problema em pedaços bem menores e foque no primeiro objetivo.
Foi o que fizemos no Nubank. Sempre tivemos a visão de mudar o sistema financeiro no Brasil, acabar com a complexidade e garantir que as pessoas tivessem de volta o controle sobre o dinheiro delas.
Mas a gente tinha que começar por algum lugar. Por isso, decidimos começar com apenas um produto, o cartão de crédito, para fazer aquilo muito bem.
Terceiro, o Walt Disney dizia que “a melhor maneira de começar é parar de falar e começar a fazer”. Eu concordo. Às vezes, a gente fala e pensa muito. Mas o mais importante é dar o primeiro passo, é sair da falação e ir para a ação.
Cris Junqueira – Para mim, inovação é usar criatividade para resolver um problema da vida real.
O grande lance do que a gente fez no Nubank foi justamente olhar de uma maneira diferente para um problema que trazia muito sofrimento para as pessoas.
Nesse sentido, o importante é escolher um problema que importe o suficiente pra você, que doa o suficiente pras pessoas, dar um passo para trás e se questionar: "o que não tentaram fazer ainda aqui com esse problema? Como a gente pode olhar pra ele de uma maneira bem diferente e encontrar uma solução inovadora?”. Isso é inovação.
Cris Junqueira – O primeiro aspecto é garantir que todos estão alinhados na mesma direção.
Eu, o David Vélez (fundador e CEO do Nubank) e o Edward Wible (cofundador e CTO da empresa) éramos muito inconformados com o fato de que no Brasil se paga as maiores tarifas e juros do mundo, e mesmo assim a experiência para o cliente é uma das piores do mundo.
Nós três também tínhamos certeza de que poderíamos fazer algo melhor usando tecnologia, design e repensando toda a experiência do cliente.
A segunda questão é garantir que os sócios se complementem muito bem. No nosso caso, nós éramos bem diferentes, portanto, muito complementares.
O David Vélez tinha experiência no mundo dos investimentos. Além de muita vontade de empreender, ele sabia quais teses faziam sentido e tinha muitas conexões nesse meio. Já o Edward Wible é formado em ciências da computação e já tinha construído um produto. A gente sabia que ele conseguiria trazer o ponto de vista de tecnologia. E eu vinha justamente do setor financeiro, conhecia bem como funciona o negócio dentro dos grandes bancos, o que fazer e o que não fazer.
Também é importante que todo mundo esteja na mesma "vibe". Empreender é muito difícil. Se todos não estiverem na mesma página, não estiverem dispostos a fazer o sacrifício necessário, se tiver um ali querendo colocar o pé para cima sem botar a mão na massa, então não vai dar certo.
Agora, com esses três fatores reunidos, tem tudo para dar certo.
Na minha primeira coluna em vídeo aqui para a EXAME, eu contei um pouco sobre os bastidores dos primeiros anos do Nubank. Assistam e contem para mim o que vocês acharam na seção de comentários do YouTube ou no IGTV da EXAME. Até a próxima quinzena.