Criada na crise, startup que indica filmes na Netflix tem 100 mil usuários
Brasileira Chippu, fundada por ex-diretor do Omelete, ajuda a escolher qual filme ver nas plataformas de streaming de vídeo
Carolina Ingizza
Publicado em 13 de agosto de 2020 às 14h55.
Sem poder ir ao parque, cinema ou teatro por causa da pandemia , as pessoas em 2020 precisaram recorrer a formas de entretenimento que podem ser consumidas em casa. Isso provocou um crescimento gigantesco da indústria de streaming de vídeo, que deve crescer 19% este ano, faturando 51,6 bilhões de dólares. Além das empresas por trás da plataformas de vídeo, startups com serviços periféricos que ajudam no consumo de séries e filmes também cresceram.
Uma delas é a brasileira Chippu, criada em maio pelos sócios Thiago Romariz (ex-diretor de conteúdo do Omelete e atual líder global de conteúdo e relações públicas do Ebanx), Vitor Porto, Luigi Pedroni e Thamer Hateme. A empresa oferece um aplicativo que ajuda os usuários a escolher o melhor filme para assistir em plataformas de streaming como Netflix , Amazon Prime, HBO Go e Globoplay.
Crescimento astronômico
No final de semana de lançamento da plataforma, o volume de downloads foi tão grande que os servidores não deram conta da demanda. No domingo, o app estava em primeiro lugar na Google Store e entre os dez primeiros na categoria de entretenimento da App Store. Ao longo dos últimos dois meses e meio, o sucesso se manteve e o aplicativo atingiu a marca de 100.000 downloads e 1 milhão de dicas dadas.
Os bons resultados atraíram patrocinadores, entre eles o canal Telecine e o aplicativo de delivery James, do GPA. O Telecine tem um espaço na plataforma para recomendar filmes para a semana. Já o James, a partir desta sexta-feira, 14, irá oferecer uma refeição com desconto para acompanhar o filme indicado do dia. Os sócios foram procurados por investidores interessados no negócio, mas não fecharam nenhuma rodada ainda.
Novas ferramentas
De maio para cá, a plataforma também ganhou novas funcionalidades, entrando no mundo das redes sociais. Agora, os usuários podem seguir críticos, escrever resenhas, criar playlists próprias, cadastrar os filmes que já viram e os que querem ver. Ao longo deste trimestre, os sócios irão investir em um segmento de curadoria de notícias sobre entretenimento. “O usuário escolhe os temas que quer seguir e nós montamos uma timeline personalizada para ele”, diz Romariz.
O próximo passo é a entrada no mundo das séries. Em vez de só recomendar seriados, como faz com os filmes, o Chippu pretende trazer ferramentas novas, que ajudem o usuário a se organizar para conseguir ver todos os episódios dos programas que acompanha.
Até o final do ano, a empresa planeja sua expansão para os Estados Unidos e América Latina. Como a distribuição do produto é feita pelas lojas de aplicativo do Google e da Apple, a ideia é adaptar a plataforma para os outros países, traduzindo as ferramentas para inglês e espanhol e ajustando o catálogo para cada região. A meta é, até dezembro, ter no mínimo 200.000 usuários ativos na plataforma.
Como funciona
O Chippu foi desenhado para ter uma usabilidade simples. Logo que se cadastra no aplicativo, o usuário precisa responder um questionário curto e bem humorado, inspirado nos testes do Buzzfeed. Depois, o app pede para a pessoa marcar quais filmes já viu. Com base nas respostas, um perfil “cinéfilo” é elaborado e o usuário já consegue solicitar dicas de filmes para assistir.
No botão “uma dica!”, o usuário seleciona o gênero de filme que quer ver e qual plataforma de streaming pretende usar. Logo, o aplicativo retorna com uma sugestão. Caso a pessoa já tenha assistido, pode avaliar o filme e receber uma nova indicação. Se o filme sugerido não agradar, é só clicar em “não” que uma nova recomendação aparece na tela.
O aplicativo também oferece playlists de filmes, feitas semanalmente pela equipe para cada perfil de usuário. Todos os dias da semana as pessoas recebem uma sugestão nova e podem navegar por listas curtas, com quatro ou cinco filmes no máximo, com temas como “sorrir é o remédio” e “viagem no tempo”. Quanto mais a pessoa utiliza, mais assertivas são as indicações.
A combinação da rapidez do algoritmo com a curadoria humana é a chave do aplicativo, segundo os criadores. Enquanto as plataformas de streaming tendem a incentivar que o usuário siga vendo filmes similares, o Chippu usa a curadoria humana para quebrar a cadeia de indicações e surpreender o usuário com novos filmes. “Queremos tirar a pessoa da bolha. A experiência do cinema só tem graça quando você descobre algo novo”, diz Romariz.