Motivação: o líder é responsável pelo ânimo da equipe (AndreyPopov/Thinkstock)
Mariana Desidério
Publicado em 27 de julho de 2017 às 15h00.
Última atualização em 27 de julho de 2017 às 16h09.
Dúvida de leitor: Sou líder, mas algumas pessoas da minha equipe estão acomodadas, desmotivadas ou estagnadas. Podem dar indicações de livros para lidar com esse tipo de funcionário?
Constantemente sou consultado sobre como lidar com pessoas que se mostram acomodadas e desmotivadas.
No trabalho, normalmente a motivação surge, ou desaparece, como consequência das atitudes da liderança, que em alguns casos são responsáveis pelo baixíssimo grau de motivação e comprometimento da equipe – essa é uma das queixas mais frequentes entre profissionais que ocupam cargos de liderança e gestão de pessoas.
Entretanto, eles esquecem que, ao apontar o dedo indicador para os colaboradores, na verdade, há outros três dedos da mão apontando para si próprios.
A base da motivação está no relacionamento e na comunicação entre o líder e seus liderados, e é justamente aí que os problemas são mais recorrentes, por uma série de fatores, tais como: comunicação agressiva, relacionamento distante, falta de objetivos claros, ausência de feedback, broncas inúteis e depreciativas.
Manter uma equipe motivada exigirá atitudes que estejam alinhadas com os anseios dos colaboradores e os façam se sentir respeitados e valorizados.
O ser humano tem necessidades que são fundamentais e precisam ser atendidas no ambiente de trabalho.
Uma dessas necessidades é a de ser ouvido. O indivíduo quer expressar suas opiniões, dar suas ideias, usar da criatividade, mas muitas vezes é tolhido e se sente pouco valorizado.
Portanto, se você como líder dispuser de 60 minutos para conversar com sua equipe, dedique 45 minutos para ouvir e 15 para falar. Desses 15 minutos que você tem para falar, dedique 10 para fazer perguntas e use os 5 minutos restantes para dar sua palavra final. Com essa atitude você estará praticando o “saber ouvir” e atendendo à primeira necessidade básica.
Outra necessidade é a de ser reconhecido. Toda pessoa precisa de reconhecimento. Não é uma questão de orgulho, egoísmo ou imaturidade. O ser humano, desde suas etapas mais jovens, precisa do respeito e do carinho de todos aqueles que o rodeiam.
Isso se inicia no círculo familiar e se estende para todos os outros núcleos de convívio, como escola, faculdade e trabalho. Uma forma de você, como gestor de equipe, suprir essa necessidade é expressar seu reconhecimento quando perceber que houve uma dedicação especial por parte da equipe, ou de um membro isoladamente, para um trabalho ficar bem feito.
Cumprimente, elogie! As pessoas se sentem felizes quando são notadas, amadas, reconhecidas, e assim você estará atendendo a essa segunda necessidade básica.
E há também o direito de o ser humano errar. Já dizia Einstein: “Quem nunca errou nunca experimentou nada novo”. As pessoas querem fazer diferente, inovar, sair do rotineiro, fazer melhor. Quando esses anseios são tolhidos, as pessoas se sentem acomodadas dentro de um sistema que não muda e não progride.
É preciso que o gestor incentive, desafie os membros da equipe a inovar, mesmo que com isso eles cometam erros. As pessoas querem crescer aprendendo com seus tropeços. O verdadeiro sentido de ter o direito de errar diz respeito ao entendimento de que erros acontecem justamente pela tentativa de realizar coisas. E é isso que as pessoas querem.
Quando essas necessidades são atendidas, a probabilidade de manter as pessoas talentosas motivadas e comprometidas é grande.
Atendendo à solicitação do leitor segue literatura sobre o tema:
- RANGEL, Alexandre. O que Podemos Aprender com os Gansos – Edição Definitiva. São Paulo: Ed. Original, 2014
- WHITMORE, John. Coaching para Performance. São Paulo: Ed. Qualimark, 2008
- AXELROD, Alan e HOLTTJE, Jim. 201 Maneiras de Lidar com Pessoas Difíceis. São Paulo: Ed. Manole Ltda.,1998.
Alexandre Rangel é psicólogo e coach, autor do livro O que Podemos Aprender com os Gansos e sócio fundador da Alliance Coaching.
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