Como enfrentar os grandes para vender online
Respondido por Fernando de La Riva, especialista em negócios digitais
Em duas décadas de comércio eletrônico nos Estados Unidos, apenas duas empresas de valor relevante se firmaram: Amazon e eBay. Nos últimos quinze anos deste setor, não houve nenhum IPO que tenha gerado empresas com valor de mercado de mais de US$ 2 bilhões.
No Brasil, enquanto o valor das ações de uma empresa de varejo subiu 200% em cinco anos, as de uma empresa irmã digital só recentemente voltaram a ter o mesmo valor. Grandes players saíram do mercado e um dos líderes entrou em recuperação judicial. Isso mostra que o setor de varejo digital é muito difícil.
Nos Estados Unidos, a concentração do negócio em um player, a Amazon, permite um modelo de negócios de geração de valor econômico, não de lucro. Ou seja, a gigante “zera” seu resultado com gastos em pesquisa e desenvolvimento e marketing, o que mantém sua liderança em longo prazo. Porém, como o mercado brasileiro é fragmentado, esse modelo não é possível.
Se o mercado é complicado até para grandes jogadores, como podemos competir como novos entrantes? Como criar novos modelos de negócio de varejo digital que nos permitam “flanquear” os grandes e em alguns casos criar uma real disrupção? A resposta não é óbvia, mas existem algumas hipóteses clássicas.
A primeira dica é não entrar no campo dos grandes. Ao invés de multimarca, opte por trabalhar em nichos específicos. Neste contexto, crie sua própria marca e a tenha como ativo, usando o canal digital apenas como estratégia para distribuição. Observe também a qualidade da experiência do seu usuário: o consumidor quer comprar de forma agradável, seja na loja física ou no site. Portanto, preste atenção em indicadores como tempo de carga, design e etc.
É importante explorar a relação entre o físico e o virtual, em todos os canais. Muitas cadeias de lojas físicas têm potencial para o mundo virtual. Se você conseguir se apoiar em uma marca estabelecida, você pode gerar tráfego mais facilmente. E não se esqueça de ser ágil e minimizar o desperdício. Este processo de gestão de produtos lean permitirá que você valide ou invalide hipóteses em horas.
Por fim, a recente aquisição do Whatsapp pelo Facebook foi causada (segundo o Gartner) por um encontro de quatro forças: mídias sociais, mobilidade, nuvem e big data. Talvez você possa explorar o poder das redes de mensagem para revolucionar o varejo. Atente-se para este caminho.
Não existe uma resposta direta para a questão, mas como é uma guerra assimétrica, temos que pensar como uma guerrilha e evitar de todas as formas a briga aberta do varejo multimarca. Esta luta só pode ser brigada com estruturas de financiamento da ordem de centenas de milhões de dólares, como foi o caso da Dafiti.
Fernando de La Riva é especialista em negócios digitais e sócio da Concrete Solutions.
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1. App na mão, dinheiro no bolso
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1/10 (PhotoAlto/Frederic Cirou/Getty Images)
São Paulo – Um mercado virtual de centenas de bilhões de dólares com alto potencial de mudar a vida das pessoas. Os aplicativos já são parada obrigatória da maioria das empresas. Segundo a consultoria Morgan Stanley, o Brasil já tem mais de 70 milhões de smartphones, sendo o quarto maior do mundo em uso dos aparelhos. Outro estudo, desta vez feito pela Appnation, diz que os apps devem movimentar 151 bilhões de dólares em 2017, mais do que o dobro do valor atual. Além disso, seu uso vai além das telinhas de celulares e tablets. Carros inteligentes e televisores vão ajudar a impulsionar o mercado. As oportunidades de negócios surgem a cada dia. “O Whatsapp nasceu para o smartphone e já foi comprado, e a tendência de que o fenômeno se repita é alta. As próximas compras de alto valor no setor de tecnologia devem envolver algum produto mobile também. O mercado mostra que o investidor está pagando alto para quem faz mobile do jeito certo”, explica Victor Lima, gerente de mobile aqui da Concrete Solutions. Com a ajuda de Lima e dos investidores Camila Farani e Cassio Spina, EXAME.com selecionou alguns exemplos bem sucedidos no mercado de apps.
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2. Easy Taxi
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2/10 (Divulgação)
Com investimentos que passam os 30 milhões de reais, o Easy Taxi é um dos exemplos brasileiros de empreendedor no mercado de app. “O aplicativo, líder de chamadas de táxi, fundado por Tallis Gomes, está hoje presente em vários países e pode ser considerado um dos principais no mundo”, diz Camila. Aplicando um modelo internacional no Brasil, estima-se que o app fature alguns milhões de reais ao ano. “O segredo deste tipo de aplicativo é resolver bem um problema que é muito comum”, diz Lima.
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3. Northcube AB
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3/10 (Montagem/Place.it/EXAME.com)
A desenvolvedora de apps sueca é a responsável por um dos aplicativos mais bem sucedidos nas lojas de apps, o Sleep Cycle Alarm Clock, que, através do sensor do celular, documenta os movimentos e faz relatórios sobre a qualidade do sono. O app é o mais baixado, entre as opções pagas, em ao menos seis países, como Estados Unidos, Japão e França.
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4. GrubHub
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4/10 (Divulgação/GrubHub)
O GrubHub é um dos maiores apps de delivery online do mundo. “Recentemente, a empresa foi a público, captando 100 milhões de dólares no seu IPO”, diz Camila. Inspiração para vários casos brasileiros, o app processa mais de 150 mil pedidos por dia e fica com até 17% de cada um. No ano passado, teve vendas de 130 milhões de dólares.
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5. Movile
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5/10 (Luísa Melo/Exame.com)
Com dois escritórios em São Paulo, a Movile também é um case nacional. Especializada em apps e games, a empresa cresce 40% ao ano e tem investido forte no mercado. No ano passado, por exemplo, fez um aporte de 5,5 milhões de reais no app de delivery iFood. “A empresa brasileira conseguiu chegar ao primeiro lugar entre os que mais faturam da Apple Store americana, na categoria kids, com o app PlayKids”, diz Lima. A empresa tem mais de 300 colaboradores e serviços em cinco países além do Brasil, totalizando 15 milhões de pessoas usando suas soluções.
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6. ZoeMob
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6/10 (Daniela Toviansky)
Mais um exemplo brasileiro, o ZoeMob é um serviço móvel para que os pais monitorem os filhos através dos celulares. No ano passado, a empresa recebeu um aporte de 1 milhão de reais do fundo e-Bricks Digital. O faturamento da empresa é estimado na casa dos 4 milhões de reais.
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7. Whatsapp, WeChat e Line
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7/10 (tecnomovida/Flickr)
Um dos casos de aquisição bilionária mais recentes, o Whatsapp, não poderia ficar de fora da lista, assim como outros apps de mensagens, como o WeChat e o Line. “Em 2013, os aplicativos de ‘social messaging’ começaram a solidificar suas receitas por meio de modelos ‘freemium’. Outra forma de faturamento desse tipo de apps é o que chamamos de compras ‘in-app’, serviços diferenciados dentro do aplicativo que são cobrados, como mais emoticons”, explica Lima.
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8. Open Table
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8/10 (Divulgação/Open Table)
Criado em 1998, o Open Table é o maior aplicativo de reservas do mundo e tem mais de 35 mil restaurantes. “Pode ser considerado hoje um dos grandes cases de startups. Fundado por Chuck Templeton, em 1998, passou por algumas rodadas grandes de investimento e hoje possui receita anual de 190 milhões de dólares, com valor de mercado na ordem de 1,8 bilhão de dólares”, explica Camila.
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9. King
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9/10 (Andrew Harrer/Bloomberg)
O mercado de games em aparelhos móveis é um dos que mais movimentam dinheiro. Os especialistas lembram dois casos impactantes deste setor: a Rovio, com o Angry Birds, e a King, com o Candy Crush. “É importante observar também que a área de jogos é uma área à parte, que gera bastante faturamento e deve ser separada do geral porque contamina as métricas”, diz Lima. A primeira tem faturamento na casa dos 150 milhões de euros e a segunda, de 1,8 bilhão de dólares.
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10. Agora, leia mais dicas para empreendedores
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10/10 (Reprodução/Agendor)