Exame Logo

Cachaças podem ser um luxo? Eles já faturam R$ 4 mi com a ideia

Rafael Araújo e Marcos Paolinelli começaram o e-commerce Cachaçaria Nacional com apenas 10 mil reais. Hoje, o negócio já vende milhares de garrafas por mês.

Marcos Paolinelli e Rafael Araújo, da Cachaçaria Nacional: negócio começou pela percepção de demanda por cachaças artesanais de vários estados (Cachaçaria Nacional/Divulgação)

Mariana Fonseca

Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 26 de março de 2019 às 20h05.

São Paulo – A cachaça é uma bebida muito difundida pelos bares e restaurantes do Brasil, e conhecida por ter opções de preço acessível. Mas será que é possível transformar o aguardente em produto de luxo (e em um negócio rentável), indo muito além da preparação de caipirinhas?

A Cachaçaria Nacional, e-commerce criado pelos empreendedores mineiros Marcos Paolinelli e Rafael Araújo, resolveu apostar no potencial da bebida. Fomentando alambiques artesanais no interior do país, o negócio já inclui mais de mil rótulos em seu catálogo online e, neste ano, faturou quatro milhões de reais.

Veja também

Começo de negócio e crescimento

A ideia de abrir um e-commerce de cachaças surgiu em 2012, a partir da experiência do advogado Rafael Araújo e do comerciante Marcos Paolinelli com a demanda pelo destilado.

“Nós viajávamos bastante pelos estados brasileiros e vimos como sempre havia alguém pedindo para trazer alguma cachaça local. Então, fizemos um estudo pelo Google e vimos um grande volume de pesquisas para comprar cachaça online, sem ninguém que atendesse bem a procura”, conta Araújo.

Os empreendedores juntaram 10 mil reais para abrir o site da Cachaçaria Nacional. O negócio começou como parceiro de uma distribuidora de bebidas, evitando a necessidade de investir em estoque – o que reduziu o investimento inicial. Com o retorno do valor, os sócios encerraram a parceria que tinham com sua distribuidora de bebidas e passaram a comprar e distribuir os produtos por conta própria.

O grande diferencial do negócio é a aposta em produtos de pequenos produtores, com processos (e sabores) mais refinados. “A partir do momento em que nossos clientes veem a qualidade de uma cachaça artesanal, eles sempre buscarão essa riqueza sensorial maior”, afirma Araújo. O negócio investe em produção de conteúdo sobre tais artesãos da bebida, incluindo fotos e vídeos, como estratégia de posicionamento de marca.

Empório da Cachaçaria Nacional, em Belo Horizonte (Minas Gerais) (Cachaçaria Nacional/Divulgação)

A Cachaçaria Nacional possui dois grandes canais de venda: a própria loja virtual, com mais de 1.800 cachaças de 1.000 marcas diferentes, e o modelo de assinatura mensal. O chamado “Clube CN” foi criado no começo de 2015 e conta com mil assinantes.

Por uma mensalidade de 99,90 reais, o usuário recebe em casa duas cachaças diferentes, com no mínimo 600 mL, e uma cachaça de bolso de 160 mL. A bebida menor é necessariamente de um alambique artesanal de Minas Gerais e possui um rótulo comemorativo produzido pela Cachaçaria Nacional (neste ano, por exemplo, o tema era de fatos históricos do Brasil). Os assinantes do clube possuem 10% de desconto em todos os produtos do e-commerce.

Juntando e-commerce e clube de assinatura, a Cachaçaria Nacional comercializa 6,5 mil garrafas por mês. O ticket médio do negócio é alto, em comparação com o mercado de e-commerce: cada compra tem um preço médio de 250 reais.

A cachaça da produtora Vale Verde é a mais cara do e-commerce Cachaçaria Nacional, no valor de R$ 2,5 mil (Cachaçaria Nacional/Divulgação)

O negócio também realiza exportações pontuais da bebida – e a estratégia só não cresce mais por conta do valor proibitivo do frete, segundo Araújo. Cerca de 1.000 garrafas foram exportadas ao longo de 2017. “Temos uma demanda praticamente fixa de envios mensais aos Estados Unidos, por parte de pessoas físicas e estabelecimentos comerciais, como bares. Quase todo mês exportamos também para outros países, de Portugal até Vietnã.”

Planos

Em 2017, a Cachaçaria Nacional fechará seu faturamento em 4 milhões de reais, contra 2,2 milhões de reais faturados em 2016.

Para 2018, a Cachaçaria Nacional pretender um novo modelo de seu clube de assinatura. “Será uma modalidade com apenas uma garrafa de cachaça, mais premium, para aqueles que não bebem duas garrafas durante o mês. O preço será o mesmo, por conta da exclusividade maior do produto”, afirma Araújo. O negócio também investirá em uma marca própria de cachaças.

Com tais estratégias, o plano é dobrar o faturamento no próximo ano, indo para 8 milhões de reais.

A Cachaçaria Nacional irá lançar em janeiro do próximo ano um spin-off: o CN Beer, clube de assinatura de cervejas artesanais. As operações serão separadas, mas as marcas farão referências entre si.

“Começaremos em Belo Horizonte [Minas Gerais], porque vemos uma demanda muito grande. Assim como na Cachaçaria Nacional, teremos o mesmo trabalho de levar a história dos produtores para nossos clientes”, afirma Araújo.

Acompanhe tudo sobre:bebidas-alcoolicasCachaçaEmpreendedoresEmpreendedorismoIdeias de negócio

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de PME

Mais na Exame