Brasileiros contam o que aprenderam em 15 dias no Vale do Silício
Sócios da startup brasileira Squid, os empreendedores puderam ver de perto o que é preciso para empreender na meca das startups
Mariana Desidério
Publicado em 29 de dezembro de 2016 às 06h00.
Última atualização em 29 de dezembro de 2016 às 06h00.
Vencedora do DEMODay E-Commerce Brasil / Startupi by ShopBack na categoria “Soluções para E-commerce (fornecedores)”, a Squid, startup criada para automatizar vários processos dos departamentos de marketing, recebeu como prêmio a oportunidade de participar da Silicon Valley Digital Mission, organizada pelo STARTUPI em parceria com o Digitalks, e fazer uma imersão no Vale do Silício agora em dezembro.
Durante a viagem, os sócios, Felipe Oliva e Carlos Tristan, tiveram a oportunidade de entender melhor o que as startups precisam ter para conquistar o mercado norte-americano. “Concorrer com os melhores do mundo não é nada fácil, mas, se a startup estiver madura o suficiente, isso permitirá o acesso ao mercado global”, afirma Felipe. “Com certeza essa imersão serviu para criarmos um checklist do que precisamos realizar para internacionalizar a empresa”, completou Carlos.
Hoje a Squid atende grandes marcas como: Ambev, Unilever, Pandora, Wine, Discovery Channel e faz planos para democratizar sua solução em 2017. “No ano que vem lançaremos uma solução que permitirá que pequenas marcas e startups também trabalhem com influenciadores e consigam resultados tão bons quanto nossos clientes”, destaca Felipe.
Os empreendedores passaram duas semanas no Vale do Silício conhecendo de perto a energia e a cultura empreendedora do lugar, visitando diversas empresas e claro, fazendo muito networking. Agora, de volta ao Brasil, é hora de colocar em prática e aplicar todo o conhecimento que adquiriram. Confira abaixo um pouco da experiência que Felipe teve e quis compartilhar com outros empreendedores.
1) A cultura
Todos falam de Cultura como fator essencial para o sucesso das startup e eu sou uma pessoa que sempre defendeu isso. O que percebi por lá é que quando eles falam de cultura, eles não estão necessariamente falando de “vestir a camisa”, como muitos acreditam.
A cultura para eles é um alinhamento (comprometimento) de todos com suas metas, com seus colegas de trabalho e com o ambiente da empresa. Todos trabalham juntos por objetivos em comum.
Isso significa que:
– Os funcionários podem jogar ping-pong às 15h? Sim.
– Eles podem não ir trabalhar? Sim.
– Podem tomar uma cachaça 51 no escritório durante o dia? Sim.
E muitos outros benefícios, desde que, cada um cumpra com suas entregas e resultados.
2) A diferença
Uma das maiores diferenças que percebi é o mindset: Go Global ou Go Home. Na Câmara de Comércio de São Francisco ouvimos exatamente isso do diretor da divisão LATAM. “Se a startup não tiver produto global, nem precisa vir”. Entretanto, ficou muito claro que pra ser global é preciso de muita preparação e recursos. Afinal, você vai competir com os maiores. Não adianta vir com site “meia-boca”, sem cases com marcas globais, sem customer sucess e sem time de vendas.
3) Não são só flores
A abundância de dinheiro é muito boa, mas também traz exageros. Na visita ao LinkedIn, tivemos a oportunidade de discutir um pouco esse ponto: startups tem acesso a tanto capital, de forma tão rapida, que muitas vezes não fazem ideia do que fazer com o dinheiro.
A conclusão que tivemos é que startups brasileiras tem uma excelente oportunidade, dado que muitas vezes conquistamos milagres com o pouco que temos. Se conseguirmos unir isso com a execução do negócio, temos grandes chances de sucesso por lá!
4) São Francisco e o Vale
Tanto o Vale quanto SF respiram inovação. Tanto que os gigantes estão todos procurando abrir escritórios na região. Equipes de tecnologia de todo o mundo estão se mudando para lá para continuar inovando.
5) Aceleradoras
Em uma visita à Plug and Play, percebemos que o modelo de negócio da aceleradora é diferente das que temos no Brasil. É uma mudança que impacta todo o ecossistema: enquanto as aceleradoras do Brasil procuram fazer dinheiro com exits/fusão, a PnP faz dinheiro com patrocínio de grandes empresas para acessarem os batchs de startups, e o melhor: ela deixa com que eles, ou seja, o mercado, escolha os temas dos batchs, bem como as startups que mais interessam a eles. Com isso, as startups ganham parceiros sensacionais, primeiros clientes e em muitos casos, escala imediata.
6) A educação
Tive a oportunidade de fazer um tour em Stanford e descobri o quanto estamos atrasados quando o assunto é educação. A universidade é simplesmente incrível!
Os incentivos aos esportes e aos projetos individuais dos alunos, as turmas de poucos alunos, os professores que acompanham os alunos no laboratório durante a madrugada quando o projeto está atrasado, os dormitórios no campus, o processo seletivo, as bolsas (e não o financiamento) para quem precisa, são apenas alguns dos fatores que fazem com que pessoas incríveis saiam de lá para construírem carreiras fantásticas, empresas e ONGs de sucesso e muito mais.
Além de tudo isso, tive outras duas grandes experiências na viagem: um bate-papo com o PJ, fundador da Pereira & O’Dell, contando como ele conseguiu criar uma agência premiadíssima fora do Brasil e a Growth Marketing Conference 2016, onde assisti várias palestras sobre o segmento e as próximas tendências.
Texto originalmente publicado noStartupi.