Vítor Uchôa Nunes: após um carreira como executivo de bancos e gestoras de investimento, o fundador apostou suas fichas no agronegócio (Gavea Marketplace/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 4 de dezembro de 2020 às 13h00.
Última atualização em 7 de dezembro de 2020 às 08h55.
A startup Gavea Marketplace, do Rio de Janeiro, acabou de receber um investimento de 2,2 milhões de reais liderado pela gestora de investimentos Domo Invest. A empresa, que é uma bolsa de negociação digital para a venda de commodities no Brasil, já teve mais de 300 milhões de reais em ofertas desde seu lançamento em junho deste ano.
Franco Pontillo, sócio da DOMO Invest, afirma que o investimento foi feito de olho no potencial de crescimento do agronegócio, que tem se digitalizado e procurado cada vez mais por soluções inovadoras. “A plataforma da Gavea é arrojada, oferece custos baixos, segurança e contratos digitais sob medida. E já na fase de implantação, teve a primeira transação de grãos com alto volume e valor comercializado”, diz o investidor.
Com o capital, o fundador Vítor Uchôa Nunes espera aperfeiçoar a tecnologia para atrair mais vendedores e compradores para a bolsa digital. “Estamos focados em tracionar o negócio com players estratégicos da indústria, que já estão negociando pela plataforma, e focados em fortalecer a equipe com os maiores talentos disponíveis no mercado”, diz o empreendedor.
Formado em ciências econômicas, Nunes fez carreira como executivo por 10 anos no banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), trabalhando com projetos de inovação e depois na área de commodities. Depois, ficou três anos na gestora de investimentos Leste.
Foram essas experiências que o fizeram perceber havia espaço para empreender no agronegócio. "Há muita tecnologia na indústria, satélites, drones, sistemas de análise, mas o processo de venda ainda é muito analógico e cheio de intermediários", diz Nunes.
Em janeiro de 2019, então, ele deixou seu cargo na gestora para fundar a Gavea. De lá para cá, investindo capital próprio, conversou com os principais participantes da indústria e construiu a ideia para criar uma bolsa de negociação de commodities usando blockchain.
Para lançar a primeira versão da plataforma ao mercado, buscou investidores. "Hoje temos 10 funcionários, mas temos planos de dobrar todas as funções até a metade do ano que vem", diz.
A plataforma da Gavea se propõe a facilitar a vida de quem compra e vende commodities no Brasil. Pela plataforma, os usuários podem interagir com todos os participantes para fechar negócios. Tudo é feito de forma online. Usando blockchain, inteligência artificial e machine learning, a bolsa digital disponibiliza desde os preços do mercado, dados de negócio por produto, até a geração e assinatura digital dos contratos.
Para garantir que sempre haja alguém disposto a comprar ou a vender, a Gavea optou por atrair primeiro grandes negociantes de commodities para a plataforma. Agora, para trazer mais participantes para o ecossistema, Nunes trouxe Fernando Maeda, seu antigo colega no BTG, para ser diretor da operação, e Diogo dos Santos, especialista na cadeia de suprimentos do agronegócio, para ser diretor de distribuição.
“Agora é a hora da safra, vamos ver mais movimento e estamos animados para ver se colhemos os resultados que plantamos”, diz Franco Pontillo. Para o investidor, o maior risco da startup agora é a curva de adoção do produto. Se tudo correr bem, o fundo pode fazer novos aportes nos próximos meses.