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Balinhas: startup que dá renda extra a motoristas de Uber chega ao Brasil

A nova iorquina Cargo, que vende de doces a produtos de beleza, viu nas terras brasileiras seu primeiro alvo de expansão internacional

Passageira compra produto pela Cargo, dentro da um automóvel da Uber: startup já cadastrou mais de 1.000 motoristas no Brasil (Cargo/Divulgação)

Passageira compra produto pela Cargo, dentro da um automóvel da Uber: startup já cadastrou mais de 1.000 motoristas no Brasil (Cargo/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 26 de maio de 2019 às 08h00.

Última atualização em 27 de maio de 2019 às 11h21.

Os motoristas brasileiros do aplicativo de mobilidade urbana Uber terão agora mais uma opção de renda extra. A startup nova iorquina de comércio dentro de automóveis Cargo anunciou nesta semana seu lançamento no Brasil.

Motoristas do Rio de Janeiro e São Paulo poderão instalar pequenas lojas de conveniência em seus automóveis, sem precisar pagar pelo estoque. Com isso, obtêm uma renda extra e possivelmente uma melhor avaliação de seus consumidores, afirma a Cargo.

Nos Estados Unidos, a startup já possui mais de 20 mil motoristas cadastrados em 11 cidades. A escolha do Brasil como primeiro destino internacional da Cargo não veio por acaso: o país é o segundo maior mercado da Uber no mundo. Concentra 600 mil motoristas, 22 milhões de usuários e um faturamento de um bilhão de dólares só no último ano.

Quanto ganha um motorista e vendedor?

A Cargo foi criada em Nova York (Estados Unidos), no ano de 2016. O negócio ganhou projeção em junho do ano passado, ao firmar uma parceria para fornecer suas pequenas lojas de conveniência exclusivamente em automóveis cadastrados no aplicativo da Uber. A Cargo já captou 29,4 milhões de dólares com fundos de investimentos como o Founders Fund (que já investiu em gigantes de tecnologia como Facebook, Lyft e Spotify).

Pela Cargo, motoristas se cadastram com seus dados da Uber para instalar no console central de seus automóveis caixas cheias de produtos comuns a lojas de conveniências, como doces, cabos para carregar celulares e produtos de beleza.

Motorista da Uber com produtos da Cargo

Motorista da Uber com produtos da Cargo (Cargo/Divulgação)

Ao entrar no carro, passageiros escaneiam um QR Code com seus celulares e acessam um catálogo virtual de produtos disponíveis no automóvel e efetuar o pagamento. É tudo feito por um site móvel, sem a necessidade de baixar um aplicativo. O motorista recebe um SMS para confirmar a compra do cliente e, quando o carro estiver parado, pode entregar o produto ao passageiro.

O motorista não paga nada pelos produtos, sejam iniciais ou reabastecimentos. Quando os passageiros os compram, o dinheiro fica com a Cargo. A startup faz um repasse de 25% ao motorista em produtos comuns e um repasse combinado caso a caso no caso de fornecedores como Hershey’s, Mars, Mondelez e Kellog’s, que colocam seus produtos gratuitamente no portfólio da Cargo como estratégia de marketing.

Site móvel da Cargo

Site móvel da Cargo (Cargo/Divulgação)

A startup já distribuiu sete milhões de dólares em repasses aos motoristas, que tiram em média 100 dólares de renda extra por mês -- os mais dedicados ganham cerca de 300 dólares. Além de dinheiro, o negócio também afirma que os produtos geram uma avaliação melhor ao motorista, o que inclui gorjetas adicionais. A Cargo possui mais de 20 mil motoristas em 11 cidades americanas atualmente, como Boston, Miami, Nova York e Washington.

Adaptações ao mercado brasileiro

Segundo Pedro Neves, diretor geral da Cargo no Brasil, o aumento de cidades onde a startup atua se deu em setembro do ano passado, alguns meses após fechar a parceria exclusiva com a Uber. Com o resultado, ambas começaram a avaliar uma expansão internacional. “O Brasil tem um mercado muito relevante para todas as empresas de mobilidade. São Paulo e Rio de Janeiro estão entre as maiores cidades para a Uber.”

A Cargo testa o mercado brasileiro desde o início de março e está com uma equipe de seis pessoas por aqui. “Foi o lançamento mais bem sucedido da Cargo, mesmo comparando com as cidades americanas”, afirma Neves. Mais de 1.000 motoristas do Rio de Janeiro e de São Paulo já se cadastraram e retiraram seu primeiro kit de vendas nas sedes da Cargo ou em alguns pontos de atendimento da Uber. No Rio, as retiradas estão disponíveis por enquanto no Centro, Campo Grande, Madureira e São Gonçalo. Em São Paulo, estão nas regiões Vila Olímpia, Barra Funda, Santo Amaro e Guarulhos.

O negócio teve de fazer algumas adaptações locais. A primeira mudança foi na área de pagamentos, como a diferença em dígitos da conta corrente dos Estados Unidos e do Brasil. Outra diferença está no portfólio de produtos, que está hoje apenas com alimentação -- é um produto com aceitação em toda a base de passageiros da Uber e com um tíquete médio menos que carregadores ou produtos de beleza. Os produtos mais vendidos até então foram chicletes da marca Tridents; bolachas da marca Mini Oreo; as balas da marca Halls; e os chocolates M&M’s.

Por último, a Cargo também adaptou sua logística. Quando os produtos acabam no país de origem da startup, os motoristas recebem um refil por encomenda. No Brasil, porém, o custo e o tempo de entrega afetariam a operação. Por isso, a Cargo fechou uma parceria com a rede de lojas de conveniência em postos de gasolina AM/PM.

Uma inteligência artificial da Cargo avisa aos motoristas quando é a hora de repor o estoque e o quê e quanto comprar. Eles se dirigem a uma das 2.500 lojas da AM/PM, apresentam um QR Code e retiram os produtos gratuitamente. A Cargo se encarrega de pagar os donos das franquias de conveniência.

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