Arquivei levanta R$ 260 mi para mudar burocracias de notas fiscais
A startup de análise e gerenciamento de documentos fiscais recebeu novo investimento em rodada liderada pelo Riverwood Capital
Maria Clara Dias
Publicado em 14 de dezembro de 2021 às 08h00.
Última atualização em 14 de dezembro de 2021 às 10h13.
O Arquivei, startup que analisa e gerencia documentos fiscais de empresas, nasceu após o empreendedor Christian de Cico perceber que os percalços enfrentados pelos consumidores na hora de receber um comprovante de compra eram maiores do que os ganhos prometidos pela agilidade em receber as notas por e-mail (as chamadas notas fiscais eletrônicas, ou NFes).
Em 2013, tal percepção deu origem a empresa que hoje é responsável pela gestão de 13% de todas as notas fiscais eletrônicas emitidas no país. Agora a startup acaba de captar uma rodada de investimento dedicada a ampliar a missão de reduzir as burocracias envolvendo as NFes para empresas. O Arquivei levantou 48 milhões de dólares (260 milhões de reais) em uma rodada série B liderada pela Riverwood Capital, investidor de tecnologia que também já aportou em empresas como Omie e Petlove, e com participação dos fundos IFC, Constellation, NXTP e Endeavor Catalys.
O modelo de negócios da startup está embasado no gerenciamento das notas emitidas assim que um produto ou serviço é vendido, com um sistema eletrônico que serve de alternativa aos comprovantes em papel ou e-mail. Esse mesmo sistema é integrado a diferentes fontes de emissão e armanezamento documental como a Secretaria da Fazenda, prefeituras e ERPs (sistemas de gestão) de empresas. O intuito do processo é eliminar barreiras e trabalhos manuais, automatizando o processo e resolvendo gargalos econômicos de empresas com a tecnologia. Por meio do sistema, empresas também podem consultar e baixar os documentos.
"O nosso objetivo é pegar a nota fiscal eletrônica e transfomá-la em algo "legal", assim como o Google fez com as pesquisas", diz de Cico, CEO e fundador do Arquivei. "Damos um novo significado a uma coisa que era, até então, uma burocracia, fazendo ser sinônimo de eficiência e conhecimento do negócio".
Por trás desse raciocínio está a intenção de ajudar essas companhias a prever e lidar com informações relevantes ao negócio, como fraudes, negociação com fornecedores e clientes, redução nos custos de transporte e erros no envio de produtos.
Em 2015, a startup conquistou o primeiro cliente de grande porte nessa jornada: o McDonald's do Brasil, com uma operação de mais de 1.200 restaurantes. Atualmente, são mais de 100.000 empresas, de pequeno, médio e grande porte, utilizando o serviços do Arquivei para gerenciar a armazenar documentos fiscais e faturas.
Além das NFes, o Arquivei também leva grande parte das tramitações de Conhecimento de Transporte Eletrônico (CTes), documento eletrônico envolvendo a prestação de serviços de transporte: são 15%, de todas as emissões feitas nacionalmente. Somados, os documentos fiscais registrados na plataforma do Arquivei já totalizam 2,6 bilhões.
Com o novo aporte, a startup fundada por de Cico e os sócios Vitor de Araujo, Isis Abbud e Bruno Oliveira tem planos ambiciosos: tornar-se a principal plataforma de gestão de documentos fiscais do mundo. Para isso, a companhia pretende investir em maneiras para melhorar o acesso das empresas à essa inteligência de dados. "Não descartamos lançamentos ou até fusões e aquisições", diz. A empesa também deve crescer o time de 250 pessoas para 400 funcionários já no ano que vem.
Em 2021, a empresa alcançou 1 trilhão de reais em valor transacionado pela plataforma, um crescimento de 28% em relação ao ano anterior. Para o ano que vem, a inteção é triplicar esse valor. "Vamos ser uma referência global, pois o mundo já está criando NFes como é feito no Brasil, mas vamos criar oportunidades para empresas que querem replicar esse modelo para o resto do mundo", diz.
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