Desafio do empreendedor: quanto mais deseja crescer, menos tempo terá para participar da operação in loco, mas novas tecnologias podem ajudar (GettyImages)
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2016 às 17h16.
Obter comprometimento, produtividade e engajamento dos colaboradores é hoje o maior desafio das empresas, independentemente de seu tamanho. “Todas as empresas precisam de um líder”, afirma Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo da instituição de ensino e pesquisa Insper. “A diferença é que, na microempresa, esse líder é o próprio empreendedor, que precisa agir como um técnico de futebol e ficar o tempo todo na beira do campo, motivando e orientando a equipe.” Para Nakagawa, aquela velha máxima de que o olho do dono engorda o gado ainda é válida, especialmente em pequenas estruturas. Por outro lado, é exatamente nas pequenas empresas que o empreendedor acumula o papel crucial de visitar clientes e trabalhar na prospecção e na expansão dos negócios. Assim, quanto mais ele deseja crescer, menos tempo terá para participar da operação in loco. A equação parece complexa, mas existe uma solução que passa pelo uso das novas tecnologias.
“Quando uma empresa começa a crescer, ela precisa investir em um sistema de ERP que faça o controle de estoque, as finanças e o pagamento dos funcionários de forma rápida e eficiente”, afirma Gustavo Marujo, coordenador de apoio aos empreendedores da Endeavor. “A evolução disso é permitir ao empreendedor ter acesso a esses controles pelo smartphone, de qualquer lugar, a qualquer hora”, diz Marujo. Para Nakagawa, do Insper, acompanhar o negócio utilizando aplicativos e tecnologias de mobilidade deve se tornar obrigatório para todo tipo de empreendedor. “Não tenho dúvidas de que isso será realidade tanto para uma padaria ou uma quitanda quanto para uma fábrica, grande ou pequena.”
Segundo Renato Fonseca, gerente do Sebrae-SP, as tecnologias móveis ajudam os empreendedores a acompanhar o andamento da empresa. Mas, para que esse acompanhamento seja realmente eficiente, ele ressalta a importância de determinar os indicadores de negócio que devem ser acessados por meio de aplicativos móveis, evitando, assim, uma sopa de dados desnecessários. “É preciso determinar quais são os indicadores que definem o bom ou o mau andamento do negócio naquele dia”, afirma Fonseca. “Em uma pequena manufatura, por exemplo, é importante analisar dados de produtos entregues ou despachados, número de pedidos, estoque, produção, notas fiscais emitidas, fluxo e previsão de caixa.” Com os dados certos na hora certa, o empreendedor consegue tomar providências também no tempo certo, mesmo quando está fisicamente distante da operação. “Com esse tipo de informação nas mãos, o dono do negócio pode identificar problemas e ativar pessoas que estão na empresa para entender o que aconteceu e, se for preciso, tomar medidas imediatas”, diz Fonseca.
Gustavo Marujo, da Endeavor, não tem dúvidas de que as decisões baseadas em números e tomadas por empreendedores que acompanham os indicadores da empresa por meio de aplicativos e ferramentas móveis são mais rápidas e eficientes do que aquelas tomadas por gestores que tentam descobrir como vai o negócio telefonando ou mandando e-mails de cobrança para os colaboradores que estão na ponta. “Não adianta sair perguntando para todos como andam as coisas. É preciso estar por dentro dos negócios, ter os dados nas mãos”, afirma Marujo.
Acompanhar os indicadores à distância é mais uma forma de o empreendedor mostrar o quanto está participando do negócio. “Isso faz com que ele continue sendo um líder presente mesmo que esteja fisicamente distante”, afirma Nakagawa. É para manter esse efeito de liderança que o especialista recomenda a interação do empreendedor com a equipe também nos momentos em que tudo corre bem. “Quando os indicadores são bons, é papel do líder elogiar e agradecer as pessoas que trabalharam para isso.”