Academias recuperam 45% dos clientes em cidades em que houve reabertura
Estudo feito pela startup de gestão de empresas fitness Tecnofit analisou o impacto das medidas relacionadas ao coronavírus no setor
Carolina Ingizza
Publicado em 22 de maio de 2020 às 09h00.
Última atualização em 22 de maio de 2020 às 12h37.
Há muitas dúvidas sobre como será a retomada econômica para os setores mais afetados pela pandemia do novo coronavírus . No setor de academias , a perspectiva é positiva. Pesquisa mostra que em alguns municípios de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, onde já se iniciou uma reabertura econômica, os negócios fitness recuperaram cerca de 45% dos clientes nas duas primeiras semanas, seja com novas vendas ou com a volta de clientes que haviam cancelado planos.
O estudo foi coordenado pela startup de gestão de academias Tecnofit , que ouviu mais de 3.000 estabelecimentos nacionais do setor para entender como a pandemia os afetou e como está sendo a retomada gradativa das atividades. O levantamento foi feito entre os dias 27 de abril e 10 de maio e foi analisado pelos consultores de gestão de academias Luis Amoroso e Herbert Oliveira.
“Consideramos que esse percentual indica um dado bastante positivo para o setor. Claro que haverá perdas, mas é importante estar preparado, porque as pessoas estão dispostas a retornar para suas atividades”, afirma o presidente da Tecnofit, Antonio Maganhotte Junior, em nota.
Estúdios perdem mais clientes
A pesquisa analisou negócios fitness em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. As empresas fitness perderam em média 50% dos alunos após o fechamento das unidades por causa da pandemia. O segmento mais afetado foi o de estúdios de dança, yoga e pilates, com perda de 53,6% dos clientes, seguido pelas academias (-50,4%) e centro de treinamentos (-49,7%).
Os autores da pesquisa acreditam que uma hipótese para a queda menor nos centros de treinamento seja o fato de os alunos terem um vínculo maior com as atividades. “Sabemos que os alunos de crossfit, por exemplo, são muito engajados e os espaços nos quais eles treinam motivam isso. Essa proximidade com certeza faz com que esse aluno pense duas vezes antes de romper o contrato”, diz Maganhotte.
Já no caso dos estúdios, que também costumam ter relacionamento próximo com os alunos, a maior taxa de queda pode ser explicada pelo tíquete médio mais alto e a forma de pagamento mais utilizada ser o dinheiro em espécie. “Acreditamos que a forma de pagamento foi o principal entrave”, afirma o especialista.
Os dados indicam que a forma com que o aluno paga a empresa influenciou na decisão de manutenção do contrato. A maior perda de alunos foi quando os métodos de pagamento são o débito (-74,4%) e o dinheiro (-69,4%). As menores foram com cartão de crédito (-44,6%) e recorrência online (-48,4%). Na retomada das atividades, a tendência é oposta. Quase 73% dos pagamentos depois da reabertura foram feitos em dinheiro e 61,8%, no débito.
Analisando o tempo médio de contrato, a pesquisa constatou que o plano trimestral teve a maior queda de contratos ativos, de 65,4%. Na reabertura, o plano mensal tem a maior aderência dos alunos, com alta de 66,4%. Uma hipótese é que os consumidores não se sintam seguros para fazer investimentos de longo prazo.
Outro fator importante para a retomada foi a comunicação e interação com os clientes durante a quarentena. "Em nosso estudo notamos que os estabelecimentos que proporcionaram neste período de quarentena treinos online exclusivos tiveram perda muito menor (21,6%), do que os que não fizeram isso (30,9%)", afirma o presidente da Tecnofit.
Mercado brasileiro de academias
O mercado brasileiro de saúde e atividade física é gigante. Em 2018, segundo relatório da IHRSA, associação internacional de fomento ao universo de saúde e exercícios, o país movimentou 2,1 bilhões de dólares no segmento nas mais de 34.000 academias existentes. O Brasil só perde para os Estados Unidos em número de clientes no setor, são 9,6 milhões de brasileiros pagam para se exercitar.
Com a pandemia de coronavírus, o segmento foi um dos mais impactos. Pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) entre os dias 30 de abril e 5 de maio mostra que o setor foi o terceiro mais comprometido em termos de faturamento em maio, com queda de 72% na receita, perdendo só para economia criativa (-77%) e turismo (-75%). Em abril, as perdas foram de 87% e, em março, de 68%.
No último dia 11, o presidente Jair Bolsonaro editou um novo decreto que inclui academias — além de salões de beleza, cabeleireiros e barbearias — na lista de serviços essenciais que podem funcionar durante a pandemia do novo coronavírus. Apesar disso, executivos das principais redes ligadas ao setor não têm expectativa de retomar as operações ainda.