A startup parceira da Pfizer na vacina de covid-19 aprovada em testes
Vacina da alemã BioNTech e da gigante americana Pfizer teve testes promissores. Produção da vacina, se bem-sucedida, pode chegar a 1 bilhão de doses em 2021
Carolina Riveira
Publicado em 1 de julho de 2020 às 16h26.
Última atualização em 1 de julho de 2020 às 17h51.
A startup alemã de biotecnologia BioNTech e a farmacêutica Pfizer anunciaram nesta quarta-feira, 1, que a vacina contra o coronavírus que estão desenvolvendo teve testes bem-sucedidos em humanos.
A BioNTech é uma empresa pequena perto do tamanho de sua parceira no desenvolvimento da vacina . A companhia foi fundada em 2008, com foco em oncologia, o tratamento do câncer, e em desenvolver tecnologias e remédios para o tratamento de outras doenças infecciosas.
No ano passado, a empresa faturou 108,6 milhões de dólares -- muito menos do que a Pfizer, que teve faturamento de 51,7 bilhões de dólares em 2019.
Segundo os resultados divulgados hoje, a vacina desenvolvida por BioNTech e Pfizer estimulou a resposta imune dos pacientes saudáveis, embora também tenha causado efeitos colaterais, como febre, em doses mais altas. Se tudo der certo, a expectativa é produzir até 100 milhões de doses até o final deste ano e mais 1,2 bilhão até o final de 2021.
Com os resultados, a ação da BioNTech subia mais de 7% na tarde desta quarta-feira, 1. Apesar de ainda ser considerada uma startup, a BioNTech abriu capital na Nasdaq, uma das bolsas de Nova York, em janeiro de 2019.
Desde o IPO, mesmo antes dos resultados de hoje, a ação já acumulava alta de quase 100% até o pregão de terça-feira, 30.
A BioNTech tem valor de mercado na casa dos 16 bilhões de dólares na bolsa, com ação negociada a cerca de 71,30 dólares na tarde desta quarta-feira, após as altas.
Com sede na pequena cidade alemã de Mainz, a companhia tem mais de 1.300 funcionários e mais três escritórios na Alemanha. A parceria com a Pfizer (que também foi fundada por alemães, embora nos Estados Unidos) não é a primeira da startup com grandes empresas em segmentos de saúde. A BioNTech já tem acordos de colaboração com sete companhias do setor, como Sanofi, Eli Lilly e Bayer.
Em seu site, a BioNTech afirma que quer se tornar "a líder global em biotecnologia para tratamentos individualizados de câncer".
"Imagine que você possa fazer um tratamento de câncer para cada paciente individualmente, baseado nas características genéticas do tumor, e proporcionar isso de forma reproduzível, rápida e com custo efetivo. Almejamos mudar o paradigma para o tratamento de câncer no mundo", escreve em sua apresentação o presidente da companhia, o médico turco Ugur Sahin, que também é um dos fundadores.
A vez das empresas de biotecnologia
A pesquisa da BioNTech se assemelha à de uma outra vacina promissora contra o coronavírus, da Moderna, uma empresa de biotecnologia americana e também jovem no setor de saúde.
A pesquisa que deu origem aos dois protótipos se baseia nos estudos de RNA (ou ácido ribonucleico), um material presente nas células humanas e nos vírus. Em muitos vírus, como o HIV ou o vírus do novo coronavírus, ele atua como material genético e é parte fundamental para que os vírus se multipliquem e causem infecções nos humanos.
A pesquisa da Moderna e da BioNTech estuda especificamente o chamado RNA mensageiro (ou mRNA), um dos tipos de RNA que atuam no processo de atacar células humanas. O nome da Moderna, inclusive, vem de “ModeRNA” e, na bolsa, a empresa usa o ticker MRNA.
As vacinas pretendem usar um RNA mensageiro modificado para ajudar as células do corpo humano a produzir antígenos, proteínas que, então, fazem o corpo começar a produzir anticorpos -- que combaterão o vírus.
A Moderna ainda não publicou resultados mais avançados sobre sua vacina, que teve testes promissores na primeira fase.