Joarez Venço "Nosso negócio é ajudar os clientes a reduzir os custos com os uniformes" (Tamires Kopp/Print Maker)
Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2012 às 06h00.
São Paulo - O gaúcho Joarez Venço, de 46 anos, guarda na memória a primeira vez que esteve na Disney World, em Orlando, nos Estados Unidos. Foi em 1996. Sócio da Renova, lavanderia de Cachoeirinha, na Grande Porto Alegre, ele tinha 30 anos e não estava lá para brincadeira, nem para visitar os brinquedos ou tirar fotos com gente fantasiada de Mickey e Pateta.
Seu objetivo era conhecer como trabalhavam os fornecedores de uniformes para o pessoal encarregado das áreas de manutenção e limpeza do parque. "Na Disney, vi que as lavanderias industriais alugavam os uniformes, em vez de apenas lavá-los", afirma Venço.
De volta ao Brasil, Venço adaptou o modelo a seu negócio. Hoje, a empresa aluga uniformes para os funcionários de 2.000 clientes, entre os quais grandes empresas, como a montadora General Motors e a petroquímica Braskem.
No ano passado, a Renova faturou 33 milhões de reais, quase 10% mais que em 2010. Hoje, a empresa tem lavanderias no Paraná, na Bahia e em Pernambuco, onde atende unidades de empresas que já contratam seus serviços no Rio Grande do Sul — até o ano que vem, Venço planeja abrir filiais em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A trajetória da Renova é um exemplo de como uma pequena ou média empresa pode encontrar sua verdadeira vocação num momento de incerteza. Quando visitou a Disney, Venço andava preocupado com o futuro do negócio, fundado em 1990 em sociedade com seus irmãos Roni, de 43 anos, e José Airton, de 40. Sua primeira especialidade era tingir peças de jeans, como calças e jaquetas.
"Na época, havia uma febre de jeans coloridos", diz Venço. "Ficou claro que, cedo ou tarde, a moda passaria e seria preciso encontrar novos caminhos para a expansão."
A ideia de transformar a empresa numa lavanderia industrial surgiu quando funcionários da siderúrgica Gerdau pediram a Venço um orçamento para lavar os uniformes dos funcionários. "Enxerguei uma oportunidade e fui buscar mais informações sobre esse mercado", diz Venço.
Ele visitou indústrias da região e, durante quase um mês, conversou com operários. Venço descobriu que poucas lavanderias prestavam serviços para indústrias. "Cada empresa se encarregava de lavar os uniformes ou deixava o trabalho a cargo dos funcionários", diz ele.
Nas conversas de porta de fábrica, Venço ouviu uma reclamação frequente entre os operários. "Os uniformes vinham em tamanhos padronizados, e as mangas e as pernas às vezes ficavam curtas ou compridas demais", diz ele. "Isso prejudicava os movimentos e atrapalhava a produtividade."
Venço teve a ideia, então, de oferecer às indústrias um serviço diferente - ele entregaria sempre as mesmas peças a cada funcionário que assim poderia ajustá-las. Além do conforto, esse tipo de medida permitia às empresas administrar melhor os uniformes, identificando em que áreas é preciso renovar as peças mais frequentemente e em quais podem ser usados tecidos menos resistentes e mais baratos.
A proposta de Venço para a Renova é crescer com a oferta de todo tipo de serviço em torno de um ou mais produtos cobrando mais por isso — mas menos do que se o cliente fosse comprar tudo separadamente. Desde 2004, a empresa também confecciona os uniformes que aluga, além de luvas, toalhas e outros itens laváveis de que uma indústria pode necessitar.
"O serviço da Renova nos permite diminuir em até 40% os custos com os itens que precisam ser lavados", afirma Elaine Santana, gerente de serviços para a área de recursos humanos da Braskem.