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A CEO que renovou a calçadista Bibi, de 72 anos e receita de R$ 153 mi

Integrante da 3ª geração da família fundadora, Andrea Kohlrausch investiu em inovação para garantir o sucesso da Bibi na pandemia. Resultado: 40% de crescimento

Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi: 153 milhões de reais em faturamento (Bibi/Divulgação)

Mariana Desidério

Publicado em 14 de janeiro de 2022 às 06h00.

Última atualização em 14 de janeiro de 2022 às 11h32.

Prestes a completar 73 anos, a fabricante de calçados infantis Bibi aposta na inovação para continuar atual. A companhia faturou 153 milhões de reais em 2021, mais 150 milhões de reais de faturamento da rede de franquias da marca, que tem 146 lojas. Os números representam crescimento de 40% em relação a 2020 (ano comprometido pela pandemia) e de dois dígitos em relação a 2019. “Acredito muito na inovação e enfatizamos isso ainda mais com a pandemia. Foi necessário nos reinventarmos”, afirma Andrea Kohlrausch, presidente da empresa.

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Andrea assumiu o negócio em 2019 e é a primeira mulher a comandar a empresa em mais de 70 anos de história. A companhia foi fundada em 1949, em Parobé (RS), pelo avô da empresária, Albino Eloy Schweitzer. Na década de 1980 quem assumiu o negócio foi Marlin Kohlrausch, pai de Andrea e genro do fundador. Na época, a Bibi estava endividada e corria o risco de fechar as portas. Marlin conseguiu reerguer a empresa. Nos anos 1990 começou a exportar os produtos e, no fim dos anos 2000, apostou no modelo de lojas franqueadas para vender — até então os calçados infantis eram encontrados apenas em multimarcas.

Se a primeira transição de comando foi turbulenta, o processo sucessório que levou Andrea à presidência durou sete anos. A companhia criou um conselho consultivo e um conselho de família, além de acordos entre os sócios, com foco em perpetuar a marca. A sucessora foi escolhida pelo conselho consultivo. Menos de um ano após ela assumir o cargo, a pandemia da covid-19 chegou ao Brasil. “Não estava preparada para uma pandemia, mas conseguimos. Tivemos excelentes resultados em 2021”, afirma.

Foco em inovação

Logo no início da pandemia, a Bibi conseguiu se diferenciar com um produto desenvolvido por sua equipe de pesquisa e desenvolvimento. Trata-se do 2Way, uma meia que pode ser acoplada a uma sola para ser usada como sapato, o que permite que seja usada tanto dentro quanto fora de casa. “As crianças ficaram um longo período dentro de casa e isso mudou o consumo. Foi necessário buscar soluções para atender o cliente”, afirma a presidente.

Outro grande foco de inovação durante a pandemia foi a eficiência industrial — a companhia tem duas fábricas, uma em Parobé (RS) e outra em Cruz das Almas (BA). “Aproveitamos 2020 e 2021 para fazer uma revisão de layout em nossas estruturas fabris e ganhar eficiência. Quando houve a retomada, pudemos abastecer as lojas com mais agilidade”, afirma. A revisão do layout das fábricas reduziu o tempo de produção e eliminou retrabalho.  Em outra frente, a Bibi está comprando máquinas mais modernas. Os investimentos em melhorias nas fábricas somam cerca de 4 milhões de reais.

A Bibi também tem buscado inovar em frentes como embalagens e tintas. Uma das soluções desenvolvidas em parceria com um fornecedor permite usar algumas cores de tinta em quantidades pequenas, evitando desperdícios na hora de pintar detalhes coloridos na estampa dos calçados. Já nas embalagens, a companhia passou enviar seus produtos para o lojista em packs de plástico inspirados nas embalagens de bebidas. A novidade substitui as caixas de papelão, que são mais pesadas e caras, e agiliza a gestão de estoque das lojas. “Temos um comitê de inovação que faz a governança de todos os projetos que estão em andamento e ajuda a validar as ideias que chegam. Todos os colaboradores podem encaminhar ideias”, afirma.

Expansão para o exterior

O olhar inovador ajudou a companhia a crescer de forma significativa em condições adversas. A Bibi abriu 21 lojas em 2021 e tem a meta de abrir 37 no ano que vem, sendo 12 no exterior e 25 no Brasil — hoje a Bibi tem 16 unidades fora do país, no Peru, no Chile, no Equador e na Guatemala. A expectativa é crescer 20% no ano em faturamento, tanto no grupo Bibi quanto na rede de franquias, e terminar o ano com 183 unidades.

A internacionalização é um dos grandes objetivos da Bibi para 2022. A marca já exporta para mais de 60 países, nos quais os calçados são vendidos na sua maioria em lojas multimarcas. O foco agora é ampliar a presença das lojas Bibi, em especial na América Latina. “A presença no varejo traz outra experiência. Quando o consumidor entra numa loja Bibi ele tem um contato diferente com a marca”, afirma Kohlrausch. A empresa calcula que seja a 15ª marca de calçados infantis na região, um indicador que mostra que há espaço para crescer.

Sustentabilidade

Um apelo importante da marca para conquistar o consumidor está na sua preocupação com a sustentabilidade. Ainda durante a pandemia, a marca renovou suas certificações sobre o tema. Hoje a Bibi tem o selo de “Nível Diamante” do Programa Origem Sustentável, que atesta o compromisso das empresas com os pilares ambiental, econômico, social e gestão da sustentabilidade.

Dentre as ações mais relevantes da Bibi no assunto está o desenvolvimento de uma cadeia produtiva com fornecedores que trabalham apenas com matéria-prima não tóxica para a confecção dos calçados. A empresa também utiliza energia limpa, de fontes sustentáveis, nas suas duas fábricas, e recicla resíduos industriais. Uma meta para 2025 é reduzir em 20% a geração de resíduos no desenvolvimento de novos produtos e operações industriais. “Já temos um trabalho forte, mas esse é um objetivo desafiador”, diz Kohlrausch.

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